O mundo lá fora

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Ramiro se encontrava assustado enquanto Kelvin corria em desespero pra lavar sua mão.

Ele não entendia como alguém conseguia fazer aquilo consigo mesmo, ou o porquê de ele ter feito aquilo.

Kelvin por outro lado se xingava mentalmente por não ter conseguido medir a força com a qual mordeu a própria mão, mas ele sabia que não era sua culpa, afinal se Ramiro não queria  que alguém os ouvisse, se ele se permitisse gritar como queria o bar inteiro acordaria e seria um constrangimento para o outro no dia seguinte.

- Kevin deixa que eu faço um curativo nocê.- Ramiro fala baixo tentando ser carinhoso pois se sentia culpado.

Kelvin apenas concorda balançando a cabeça pois ele não conseguiria fazer sozinho se não teria que pedir ajuda a alguém do bar e isso incluiria dar uma desculpa para o porquê tinham marcas de dente bem desenhadas em sua mão.

- Kevin por que ocê fez isso? Num doeu não?- Ele limpa o machucado do outro com soro gentilmente.

- Na hora não, na verdade eu nem senti, não achei que tava mordendo tão forte.

- Mai por que ocê mordeu? Ocê sabe que podia machucar.- No fundo Kelvin tinha razão, Ramiro era mesmo uma manteiga derretida.

- Ramiro...você sabe muito bem por que eu fiz isso, você só quer fingir que não sabe pra não se sentir culpado.- O loiro puxa sua mão assim que Ramiro termina de enrolar uma faixa e prender com esparadrapo.

- Eu pedi procê fazê silêncio não procê se machuca...

- E você acha que é fácil? - Kelvin levanta e joga seus cabelos pra trás.- Olha Ramiro eu sinceramente não sei o que você quer que eu faça.

- Kevin, ocê sabe que é difícil pra mim.- O moreno clama com seus olhos para que o outro entenda.

Kelvin suspira, ele entendia.

Entendia muito bem, e nunca foi de cobrar tanto de seus ex parceiros, mas pra ele aquilo também era novo, ter que ser o que Ramiro precisava que ele fosse naquele momento, era difícil.

O loiro volta a sentar na cama, e tenta conversar direito, sempre foi uma pessoa que verbalizava tudo até os mínimos detalhes, ele nem sequer se importava em falar com Ramiro sobre suas antigas relações sexuais, mas por que aquele assunto de repente se tornará sensível? A resposta não veio.

- Ramis... Eu entendo que seja difícil pra você, você foi muito paciente comigo quando eu deixei aquelas pessoas mexerem com a minha cabeça...- Ele pega as mãos do outro nas suas.- Você me ensinou naquele dia no rio que eu posso ser eu mesmo, e é por isso que eu acho que a gente não devia mais fazer sexo por enquanto.

Ramiro não entende as variáveis que levaram Kelvin a chegar naquela conclusão, afinal aquele pedido que ele havia feito era tão absurdo assim? Ele apenas não queria que as pessoas de fora soubessem das relações que ambos mantinham.

- Kevin isso foi só por aquilo que eu falei quando a gente tava...

- Não Ramis, não foi, eu acho que por eu sempre ter sido tão como dizem os mais velhos "libertino"- Ele faz aspas com as mãos.- Eu nunca me senti...frustrado sexualmente, eu sempre fui acostumado a ter alguém na minha mão quando eu queria ser dominador e sempre tive alguém pra tomar o controle quando eu queria só sentir prazer sem me esforçar sabe?

- Eu num sô bom fazeno isso né?

- Claro que é Ramis, não é disso que eu tô falando, eu acho que eu preciso ser mais claro mas não quero que você me leve a mal, eu não quero ficar brigado com você.- Ele deita na cama enquanto Ramiro continua sentado de costas pra ele.

- Num me assusta não Kevin, depois de tudo que nois passô ocê nem pense em me largar.

- Que te largar oque maluco, eu prefiro morrer.

Ramiro sorri com a declaração do outro, e se joga deitando ao seu lado sendo automaticamente abraçado pelos braços curtos de Kelvin.

- Mas Ramis é sério...eu queria te perguntar se você já pensou em mim quando a gente tá fazendo sexo...

- Que tipo pergunta é essa Kevin? Claro que eu penso nocê em quem mais eu ia pensar?

- Não nesse sentido Ramiro, eu tô perguntando se eu estar ou não sentindo prazer é importante pra você.

O peão com sua cabeça ainda deitada sobre o peito do outro reflete, e chega a conclusão de que nunca sequer pensou nisso, além de confusão a culpa vem em sua mente, ele sempre sentiu Kelvin tão dominador e confiante que nunca parou pra pensar se o outro estava ou não gostando daquilo.

- Kevin mas ocê num tá gostano do que a gente faz?

- Num é isso...é que mesmo que eu goste e inclusive goste muito, bastante mesmo, eu não tô me sentindo validado

- Mai oque que isso quer dizê?

- Quer dizer... que tá na hora de você admitir que quando a gente tá transando é tudo sempre sobre o seu prazer e o que o mundo lá fora acha disso, nunca é sobre uma troca de carinho, desejo e prazer entre nós dois, o mundo lá fora nunca fica fora desse quarto por que você não deixa.

- Mai é isso que eu quero, que ninguém lá fora saiba.

E é nessa hora que Kelvin se cansa de ter paciência e de agir como um professor do prezinho ensinando uma criança.

Ele empurra Ramiro na cama e sai de perto dele.

- Mas é você não consegue esquecer eles Ramiro, você se enfia nessa caixa, e me poda pra eu caber nela junto com você, eu não sei ser assim que nem você, Eu quero que você comece a me querer de verdade que você esteja disposto a me dar prazer sem eu pedir, eu gosto de ter toda a experiência, eu gosto de te dar prazer sem receber nada em troca por que o seu prazer também é o meu, e é essa sensação que você não entende. - Kelvin anda até a porta e a abre.- Deu sua hora Ramiro, se veste e vai embora antes que alguém te veja sair, e se você ainda quer ter alguma coisa comigo é bom você vir me dar um oi a tarde.

Ramiro faz o que lhe é mandado sem nem titubear, ele pegou suas roupas espalhadas e as vestiu com pressa enquanto Kelvin permanecia parado ao lado da porta.

Quando o peão estava saindo pela porta ouve seu nome ser chamado.

- Ramiro volta aqui e me dá um beijo de despedida, a gente ainda tá junto e eu não quero voltar a dormir brigado com você.

Então ele o faz, é um beijo delicado e carinhoso, e quando acaba ele deposita um beijinho na testa do outro, tentando se desculpar minimamente por dar a entender ao outro que ele não se importa.

- Até mais tarde... meu loirin. - Ele sai deixando um Kelvin sorridente para trás.

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Hi, a moral da história de hj é, conversem pessoal, um bom diálogo as vezes resolve as coisas 🙃

Como eu sou boazinha daqui a pouco tem mais um capítulo só pq tô com saudade dos kelmiro.

Our Feelings-KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora