Andrômeda também era mágica, então ela não achava que ele era uma aberração, e ela também não tinha gatos. Isso a tornava muito melhor do que a maioria dos adultos, embora Harry não gostasse do jeito que ela brincava. Ela parecia brincar muito, mas ele nunca tinha certeza de quando ela estava fazendo isso, e geralmente quando o fazia, ele tinha certeza de que era dele que ela estava rindo. Harry, que estava muito acostumado a ser provocado de forma cruel, não achou graça. Draco não o provocava muito, mas quando o fazia, Harry sempre entendia a piada.
Ela jogou algumas rodadas de Explosive Snap com ele, o que não foi tão interessante quanto jogar com Draco, embora ela tenha contado a Harry sobre seu neto Teddy. Ele era um metamorfomago, o que significava que ele poderia mudar sua aparência à vontade. Andromeda disse que isso resultou principalmente em ele ter cabelos azuis, escamas e chifres ocasionais, mas que às vezes ele não parecia fisicamente a mesma pessoa de um dia para o outro.
Quando Harry perguntou por que Teddy era seu afilhado, Andrômeda contou a ele sobre Remo Lupin e sua filha, Ninfadora Tonks.
— Ambos morreram na guerra, — disse ela.
— Que guerra? — Harry perguntou.
— Então Draco não contou a você, — Andrômeda disse, jogando uma carta.
— Não contou o quê?
— Havia um homem chamado Voldemort, — Andrômeda disse, colocando suas cartas de lado e bebendo seu chá. — Um indivíduo maligno e arrogante que achava que os trouxas e as pessoas associadas a eles eram inferiores. Ele ganhou poder e seguidores, e começou a matar trouxas.
Ele disse tudo com tanta calma, como um texto de um livro de história. Harry engoliu em seco.
— Ele era o...? Draco disse que um homem mau matou meus pais. Foi ele, Voldemort?
— Sim. Seus pais lutaram com ele bravamente. — Andrômeda continuou a beber seu chá. — Mas isso foi há tanto tempo. Voldemort voltou quando você estava na escola.
— Mas Draco disse que um homem muito corajoso o matou, — Harry disse, franzindo a testa.
— Ah, sim. — Andrômeda tomou um gole de seu chá. — O tal homem muito corajoso era você.
Os olhos de Harry se arregalaram.
— Eu?
— Você é um herói de guerra, Harry.
Harry mais uma vez teve a impressão de que Andrômeda achou algo engraçado na situação.
— Draco esqueceu de mencionar isso? — ela perguntou.
— Talvez... — Harry engoliu em seco novamente. — Talvez ele não soubesse.
— Mas todo mundo sabe disso. Você vai jogar suas cartas?
— Mas eu realmente não- Draco disse que o homem corajoso não- ele realmente não o matou, — disse Harry. — Ele disse, eu não poderia... eu não sou... — um assassino, Harry ia dizer, mas ele não sabia. Ele não sabia quem era quando adulto: um policial que não era amigo de Draco. Pela primeira vez, ocorreu a Harry que ele não sabia do que era capaz.
— Ele merecia morrer. — Andrômeda abaixou sua xícara. — Você sabe quantas pessoas inocentes Voldemort e seus Comensais da Morte assassinaram? Podemos fingir ser bons e afirmar que tudo tem dois lados, que todos merecem misericórdia e perdão, ou podemos enfrentar a realidade de que às vezes decisões difíceis são necessárias para alcançar um mundo melhor.
No momento em que a poção polissuco atingiu seu sistema, a pele de Harry havia se esticado, crescendo em todas as direções para acomodar membros mais longos, um torso maior, uma cabeça maior. Harry se sentia um pouco assim agora, só que desta vez estava acontecendo apenas dentro de sua mente, aquela sensação de alongamento, como se sua mente estivesse separada de seu corpo e da cadeira e de Andrômeda, sentada ali com seu chá.