Harry decidiu entrar pela porta principal do Elixires Especializados em vez de aparatar como de costume. Ele deveria ter feito isso desde o início, é claro. Só que ele sempre quis resolver seus problemas imediatamente quando precisava da identificação de uma poção. Draco estava certo, Harry realmente tratou Draco como se Draco estivesse sempre à disposição de Harry. Isso poderia mudar, exceto que agora que Harry estava entrando em Elixires Especializados, ele não viu Draco em lugar nenhum e também não respondeu ao seu chamado.
Harry verificou o quarto, mas não parecia que alguém estava dormindo na cama, então Harry subiu rapidamente as escadas, com o coração batendo forte no peito.
— Você não bate? Draco disse, enquanto Harry entrava na sala de estar, e o sotaque soava tão parecido com o do Draco adulto que o coração de Harry parou por um momento. Enrolado em sua cadeira com estampa floral e um livro no colo, Draco também não parecia tão diferente de seu eu adulto. Draco marcou a página que estava lendo e fechou o livro lentamente. — Você parece uma merda, — ele observou.
— Você está bem? Como está se sentindo?
— Acalme-se, Potter.
Os lábios de Draco ficaram mais finos. Seu cabelo tinha um pouco menos de brilho.
— Tudo bem, — disse Harry, depois de um longo momento. — Eu me acalmei. Você está bem?
— Meu pai e minha mãe estão presos e eu não posso fazer mágica. Você acha que estou bem?
— O que eu posso fazer?
Draco desviou o olhar. Harry notou que seu queixo também havia ficado mais afiado.
— Você já fez o suficiente, obrigado.
— Você precisa de algo para comer? Seus suprimentos estão esgotados. Posso ir às compras para você. Posso comprar peixe com batatas fritas.
— Potter, — Draco disse calmamente. — Eu quis dizer isso. Deixe-me fazer algo sozinho pelo menos uma vez.
Essas palavras lembraram tanto a Harry o que Draco disse uma vez quando Harry tentou protegê-lo de Alby que Harry estremeceu.
Lentamente, Draco se levantou. Ele ficou ainda mais alto.
— Você testemunhou em meu favor no julgamento. Porque você fez isso?
— Porque foi a coisa certa a se fazer. E sua mãe salvou minha vida.
— Mas por que você testemunhou em meu favor?
— Eu te disse, — disse Harry. — Essa foi a coisa certa a se fazer. Além disso, você não me identificou quando me levaram para a mansão, e sei que sabia que era eu.
— Como?
Harry encolheu os ombros.
— Você sempre sabe que sou eu.
— Então não foi porque... — Draco evitou o olhar dele novamente. — Você não fez isso porque... porque...?
— Por que?
— Nada, — Draco disse, mas depois continuou. — Seu testemunho. Não foi porque...? Não foi por isso?
— Draco, — Harry disse lentamente. — Eu não sabia que era gay até os vinte anos.
Draco franziu a testa.
— Mas você disse...
— Eu disse que sou gay.
— Mas, como você não poderia...? — O rosto de Draco estava vermelho. — Quero dizer. Você não...? E... e Oliver Wood... Você disse isso, e ele estava, pensei que você quisesse dizer...