Draco não estava na sala nem na cozinha. Heloise voou pela janela, enquanto Harry aparatava no laboratório. Draco também não estava lá, o que significava que ele estava no quarto. Por mais que Harry quisesse, ele hesitou se seria certo entrar, então bateu na porta.
Draco abriu, parecendo lindo e infeliz ao mesmo tempo. Sua pele estava pálida, os lábios rachados e os olhos vermelhos, como se ele tivesse chorado, mas ele parecia muito melhor. Ele não parecia mais tão magro como antes e definitivamente havia ganhado mais peso, parecendo mais com o Draco que Harry lembrava, só que não era. Harry sabia quantos anos ele tinha.
— Sua mãe, — ele disse.
Os olhos de Draco se afastaram dos de Harry, e Harry se lembrou do que havia acontecido, de como Draco estava chorando e Harry simplesmente ficou ali parado. Obviamente, Draco se lembrava disso também, porque esse momento era quase uma imagem espelhada daquilo, os dois estavam ali, Draco começando a se abraçar.
Harry deu um passo à frente, alcançando a cintura de Draco, passando o braço em volta dela, puxando Draco em sua direção.
— Draco, — Harry sussurrou, sua outra mão na nuca de Draco para que ele pudesse enfiar a cabeça de Draco na curva de seu próprio pescoço, para que pudesse sentir a testa de Draco contra o lado de sua garganta. Draco estremeceu, pressionando-se contra ele, e Harry deslizou a mão pelo pescoço de Draco, alisou seu cabelo, puxando-o para mais perto, abraçou-o pela cintura e então acariciou suas costas. Harry se afastou para beijar a testa de Draco.
A respiração de Draco fez um som irregular.
— Porra.
Harry acariciou as costas de Draco um pouco mais, passando a outra mão pelo cabelo de Draco repetidas vezes.
— Eu não... — Draco estremeceu. — Eu não quero viver isso de novo.
Narcisa morreu em março. A morte de Narcissa teria ocorrido há dois meses e meio para Draco, a menos que o "evento traumático" tivesse feito a cura falhar novamente e tirado Draco da inconsciência. Harry desejou estar lá quando Draco acordou. Draco não teria que escrever um bilhete e enviá-lo por Heloise. Ele entendia porque Draco não o queria ali, mas mesmo assim.
— Estou aqui, — Harry passou os lábios pelos cabelos de Draco. — Desta vez, estou aqui.
— Por que? Da última vez, você não... — Draco se afastou e engoliu em seco. — Você não fez isso, — ele engasgou.
— Sinto muito, — Harry puxou Draco para mais perto dele, sua mão no cabelo de Draco deixando Draco saber que ele poderia colocar sua cabeça contra o peito de Harry, seu rosto contra o pescoço de Harry, se quisesse. — Sinto muito, — disse Harry novamente. — É estúpido. Vai parecer tão estúpido para você.
— O quê — Draco se afastou para olhar para ele.
— Eu não sabia o que fazer, — disse Harry. — Eu queria te ajudar, mas não sabia como. Eu não sabia o que você queria.
— Eu queria você, — Draco disse, puxando as vestes de Harry.
— Bom, — disse Harry, embora seu coração inchasse com as palavras. Ele esfregou as costas de Draco. — Certo, mas eu não sabia disso.
Draco estremeceu novamente, mas ainda não chorou, pelo menos não de verdade. De alguma forma, era pior o modo como ele tremia.
— Vou lhe dizer o que fazer, — disse ele. — Eu vou te dizer o que fazer, se você é tão ignorante. — Seu tom era quase selvagem, mas ele ainda segurava Harry com tanta força que Harry não tinha certeza se poderia ter escapado mesmo se quisesse.