98

36 6 1
                                    

Draco não estava na sala nem na cozinha. Heloise voou pela janela, enquanto Harry aparatava no laboratório. Draco também não estava lá, o que significava que ele estava no quarto. Por mais que Harry quisesse, ele hesitou se seria certo entrar, então bateu na porta.

Draco abriu, parecendo lindo e infeliz ao mesmo tempo. Sua pele estava pálida, os lábios rachados e os olhos vermelhos, como se ele tivesse chorado, mas ele parecia muito melhor. Ele não parecia mais tão magro como antes e definitivamente havia ganhado mais peso, parecendo mais com o Draco que Harry lembrava, só que não era. Harry sabia quantos anos ele tinha.

— Sua mãe, — ele disse.

Os olhos de Draco se afastaram dos de Harry, e Harry se lembrou do que havia acontecido, de como Draco estava chorando e Harry simplesmente ficou ali parado. Obviamente, Draco se lembrava disso também, porque esse momento era quase uma imagem espelhada daquilo, os dois estavam ali, Draco começando a se abraçar.

Harry deu um passo à frente, alcançando a cintura de Draco, passando o braço em volta dela, puxando Draco em sua direção.

— Draco, — Harry sussurrou, sua outra mão na nuca de Draco para que ele pudesse enfiar a cabeça de Draco na curva de seu próprio pescoço, para que pudesse sentir a testa de Draco contra o lado de sua garganta. Draco estremeceu, pressionando-se contra ele, e Harry deslizou a mão pelo pescoço de Draco, alisou seu cabelo, puxando-o para mais perto, abraçou-o pela cintura e então acariciou suas costas. Harry se afastou para beijar a testa de Draco.

A respiração de Draco fez um som irregular.

— Porra.

Harry acariciou as costas de Draco um pouco mais, passando a outra mão pelo cabelo de Draco repetidas vezes.

— Eu não... — Draco estremeceu. — Eu não quero viver isso de novo.

Narcisa morreu em março. A morte de Narcissa teria ocorrido há dois meses e meio para Draco, a menos que o "evento traumático" tivesse feito a cura falhar novamente e tirado Draco da inconsciência. Harry desejou estar lá quando Draco acordou. Draco não teria que escrever um bilhete e enviá-lo por Heloise. Ele entendia porque Draco não o queria ali, mas mesmo assim.

— Estou aqui, — Harry passou os lábios pelos cabelos de Draco. — Desta vez, estou aqui.

— Por que? Da última vez, você não... — Draco se afastou e engoliu em seco. — Você não fez isso, — ele engasgou.

— Sinto muito, — Harry puxou Draco para mais perto dele, sua mão no cabelo de Draco deixando Draco saber que ele poderia colocar sua cabeça contra o peito de Harry, seu rosto contra o pescoço de Harry, se quisesse. — Sinto muito, — disse Harry novamente. — É estúpido. Vai parecer tão estúpido para você.

— O quê — Draco se afastou para olhar para ele.

— Eu não sabia o que fazer, — disse Harry. — Eu queria te ajudar, mas não sabia como. Eu não sabia o que você queria.

— Eu queria você, —  Draco disse, puxando as vestes de Harry.

— Bom, — disse Harry, embora seu coração inchasse com as palavras. Ele esfregou as costas de Draco. — Certo, mas eu não sabia disso.

Draco estremeceu novamente, mas ainda não chorou, pelo menos não de verdade. De alguma forma, era pior o modo como ele tremia.

— Vou lhe dizer o que fazer, — disse ele. — Eu vou te dizer o que fazer, se você é tão ignorante. — Seu tom era quase selvagem, mas ele ainda segurava Harry com tanta força que Harry não tinha certeza se poderia ter escapado mesmo se quisesse.

AWAY CHILDISH THINGSOnde histórias criam vida. Descubra agora