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Julho de 2012
Harry Potter: 31 anos
Draco Malfoy: 30 anos

Harry estava preparando o jantar quando Draco acordou com trinta anos. Harry ouviu um gemido vindo da sala e correu para dentro, tentando não parecer muito preocupado. Draco havia acordado dez vezes com um ano a mais de vida sem ele ali, ele poderia lidar muito bem com isso.

— Merda, — Draco cobriu o rosto.

— Está tudo bem? — Harry percebeu que não havia enxugado as mãos ao sair correndo da cozinha. — Accio toalha... — Ele enxugou as mãos enquanto Draco se sentava.

— Isso é tão confuso.

Pensando que sabia do que Draco estava se lembrando, Harry mandou a toalha para a cozinha.

— O beijo? — Ele perguntou.

— Sim, aquele maldito beijo... — Draco afundou no sofá.

— Fez parte de um dos seus propósitos? — Harry perguntou. — Fingir que você não se importou?

— Você fingiu que não se importava.

— Eu não deveria ter feito isso. Eu estava confuso.

— Você está confuso, — Draco disse com desdém. — Quando você começa a me amar? Depois daquela poção que te transformou em um garoto de onze anos?

— Eu já te amava quando você me beijou, — disse Harry. — Eu tive alguns problemas para processar meus sentimentos. Eu pensei... pensei que a poeira tivesse me afetado.

— Eu lhe disse que o pó não tinha efeito em quem o usa.

— Sim, — disse Harry. — Mas quando percebi o que meus sentimentos significavam, você já estava falando sobre seus lábios de Comensal da Morte e minha horrível pele de Grifinória.

— Eu nunca disse que era horrível, — Draco disse mal-humorado, sem olhar para ele.

— Seja lá que você tenha dito.

Draco fez uma careta para ele.

— Eu disse que era perfeito. Você é sempre perfeito. Tudo em você é... porra. — Pulando do sofá, Draco começou a andar. — Como é que isto funciona? Ainda nem somos amigos.

— Eu não sou perfeito.

— Como se eu não soubesse! — Draco agitou os braços, sem se importar muito com o fato de estar se contradizendo. — Como é que isso funciona? — Draco se aproximou de Harry, despiu seu pulso e apontou sua varinha para ele. Antes que Harry pudesse fazer qualquer coisa, o botão da camisa de Draco se desfez e toda a manga se arregaçou como se tivesse sido apanhada por um vento forte. Draco colocou a Marca Negra na frente do rosto de Harry. — Como é que isso funciona? — Draco rosnou.

Harry olhou para ela e depois para Draco. Olhando para a Marca Negra novamente, Harry se lembrou de como foi quando Draco a recebeu pela segunda vez, o grito de dor que escapou de seus lábios enquanto Harry segurava sua mão. Então ele se lembrou do Sectumsempra, da segunda vez que isso aconteceu, mas também se lembrou da primeira, e da Torre de Astronomia, e de Snape, e de tudo mais.

— É assim que funciona, — disse Harry, envolvendo a mão firmemente no pulso de Draco. Harry puxou o braço de Draco para mais perto, inclinou-se e beijou a Marca.

Draco puxou o braço, tropeçando para trás, o braço cruzado sobre o peito, como se Harry o tivesse queimado. Ele olhou para o braço e depois para Harry, horrorizado.

— Como você pode?

— Porque faz parte de você.

— Eu não quero que você toque nela. — Draco parecia devastado. — Não quero que você nunca mais tenha que tocá-la.

— Está tudo bem, — disse Harry, porque se isso fizesse Draco se sentir tão mal, então ele não faria isso.

— Você não entende. — A devastação de Draco quase soou como pânico. — Você não entende. Eu vou profanar você.

Os ombros de Harry caíram. Ele não tinha certeza se conseguiria continuar fazendo isso. Ele não tinha certeza se conseguiria lidar com tudo que Draco pensava sobre si mesmo.

— Draco, — ele disse calmamente. — Eu já fui contaminado.

— Você não entende, — Draco disse. — Você é perfeito. Tudo em você é perfeito, certo, justo e bom, e eu-

— Eu não sou perfeito! — Harry gritou, finalmente perdendo a paciência. — Eu estou ferido! Eles me machucaram! Você não me profana, Draco. Você me ajuda a curar.

— Mas,  como? Você disse que eu era um Comensal da Morte quando te beijei. Isso é o que você pensou! Você disse isso, Potter!

Harry desviou o olhar.

— Eu vou embora, — disse ele, com mais calma agora. — Volte para mim quando você se lembrar.

Os olhos de Draco brilharam.

— Não entendo como as coisas podem mudar.

— Então não volte para mim, — Harry aparatou.

AWAY CHILDISH THINGSOnde histórias criam vida. Descubra agora