Junho de 2005
Harry Potter: 24 anos
Draco Malfoy: 25 anosNos seis meses seguintes, o apartamento de Malfoy ficou cada vez mais cheio de ingredientes e equipamentos para fazer poções, substituindo qualquer outro móvel confortável, exceto uma cadeira com estampa floral que Malfoy havia deixado no canto e na qual parecia nunca se sentar. No início, apenas os tampos das mesas pareciam desordenados, mas aos poucos os espaços sob as mesas começaram a ficar cheios de caixas, sacos e pilhas de potes. Enquanto isso, as prateleiras ao redor do perímetro da sala estavam cheias de livros, e todas essas coisas pareciam estar aumentando na sala mais rápido do que a quantidade de carne nos ossos de Malfoy ou a qualidade das roupas de Malfoy.
— Você vai dar aula de poções? — Harry perguntou, apontando para o estoque de suprimentos embaixo das mesas.
— É um inventário, — disse Malfoy, sua voz condescendente.
— Um inventário para um apocalipse de poções?
— Nunca se sabe, — Malfoy ergueu seu nariz estupidamente reto no ar.
— Sério, Malfoy. O que você está fazendo? Além de preparar curas para o vampirismo?
— Isso foi no ano passado.
— Malfoy.
O nariz de Malfoy baixou e sua voz zombeteira voltou.
— Ninguém se torna proficiente em poções sem prática, Potter. Você achou que eu nasci um gênio nisso?
— Algo como isso.
Malfoy começou a sorrir e Harry percebeu seu erro tarde demais.
— Quero dizer, — Harry começou.
— Você acha que sou um gênio.
— Não. Claro que não.
— Você disse que eu era o melhor em poções.
— Eu nunca disse isso.
— Você disse sim, — Malfoy disse, ainda sorrindo. — Eu me lembro.
— Então me diga o que é isso, — disse Harry, tirando o pó azul que trouxera para Malfoy identificar. — Afinal, essa era a razão pela qual ele estava aqui, e não... o que quer que você estiver fazendo.
— Admita, — disse Malfoy, — você quer que eu identifique porque sou o melhor em poções.
— Se você não quiser, — disse Harry, começando a colocar o pó no bolso.
Malfoy murchou.
— Oh, me dê isso, — ele disse impacientemente, arrancando a garrafa das mãos de Harry.
Harry teve que esconder seu próprio sorriso. Ele havia aprendido há muito tempo que Malfoy se distraía facilmente com poções. Como um corvo com coisas brilhantes, Malfoy simplesmente não conseguia ficar longe.
— Eles chamam isso de Sleep Strike, — disse Harry, observando enquanto Malfoy carregava o frasco de pó até uma mesa e colocava um pouco em um prato de vidro. — Isso faz você se sentir cada vez mais sonolento, mas estamos tentando descobrir qual é o objetivo. Quer dizer, posso imaginar que poderia ser usado para fazer alguém se sentir exausto, para que possa ser roubado com mais facilidade, mas não é assim que parece ser usado.
Malfoy colocou a placa sob o que parecia ser um microscópio.
— Então, como está sendo usado?
— Como eu disse, não tenho certeza ainda, — disse Harry, — mas as pessoas têm feito coisas estranhas.
Enquanto Malfoy se inclinava sobre o microscópio, Harry perambulou, olhando as coisas de Malfoy. Tinha uma Penseira, cérebros em potes, caixas de besouros, potes de olhos, algo que parecia Wheatabix cuidadosamente dissecado em uma frigideira. Prática, Malfoy dissera, e Harry de repente percebeu que Malfoy provavelmente não tinha conseguido ir para a universidade. A fortuna de seus pais foi confiscada e não havia como uma universidade bruxa admitir um ex-Comensal da Morte com uma bolsa de estudos.
Harry se esforçou para lembrar se Malfoy alguma vez havia falado sobre o que ele queria ser quando crescesse, mas não conseguia se lembrar. Em Hogwarts, Malfoy sempre falava. Ele havia dito muitas coisas, mas Harry aprendeu desde cedo a não ouvir.
— Isso deixa você aberto a várias possibilidades, — disse Malfoy, levantando-se do microscópio e devolvendo a Harry o frasco de pó. — Possui escopolamina.
— O que é isso? — Harry perguntou, colocando a garrafa no bolso.
Uma droga da flor de uma árvore da América Central, — disse Malfoy.
— Então preciso descobrir quem tem acesso a essas árvores, — disse Harry.
— Isso não é tudo. Esse pó foi moído na mesma Penseira em que foi preparada a primeira poção que você me trouxe, aquela que influenciou os sonhos das pessoas.
— O Filtro dos Sonhos. — Devido ao comportamento anterior de Malfoy, Harry realmente gostaria de esconder o fato de que estava impressionado, mas estava achando difícil. — Como você pode ter certeza?
Distraído pela poeira, Malfoy não pareceu notar.
— O líquido na Penseira deixa resíduos e é exclusivo para cada indivíduo. Se você está lidando com magia mental, que é... — ele apontou para a garrafa no bolso de Harry, — você provavelmente vai querer prepará-la em uma Penseira, e se você for cuidadoso o suficiente, o que eu sou, você pode começar. identificar diferentes Penseiras.
— Eu prendi o pocionista do Filtro dos Sonhos, — Harry apontou.
— Ou foi mais de um, ou você só prendeu o traficante.
Harry, ainda chocado e um tanto impressionado com o enorme buraco em sua maleta devido a essa nova informação, acidentalmente deixou escapar:
— Você realmente é o melhor em poções.
— O quê? — Malfoy disse, o que significava que ele estava realmente surpreso. Malfoy quase sempre dizia "com licença".
A surpresa nua em seu rosto era embaraçosa. Malfoy deveria considerar isso uma piada. Eles já estavam brincando antes, não é?
— O que você queria ser quando crescesse? — Harry disse em vez disso.
Malfoy parecia confuso.
— O que você disse antes?
— Quando éramos crianças, — disse Harry, — antes de você se tornar um Comensal da Morte e tudo mais. O que você queria ser? Quero dizer, você definitivamente não queria ser balconista de um boticário.
A expressão de Malfoy endureceu, como se a água derretida tivesse congelado instantaneamente.
— É a ambição da minha vida. Trabalhar em uma loja.
— Eu não quis dizer... — Harry soltou um suspiro e desistiu. Malfoy sempre foi impossível. — Quer saber? Não importa.
— Você precisa de mais alguma coisa? —Malfoy perguntou naquele tom ártico.
— Não, — disse Harry. — Eu acho que não.