O bolo de Harry não estava tão bom quanto o de Draco, mas estava bom o suficiente. Draco disse que não era tão bom quanto os bolos feitos pelos elfos domésticos da Mansão, mas ele pegou duas fatias, então Harry considerou isso uma vitória. Ele conversou intensamente durante a hora da sobremesa e, quando voltaram para a sala, ele continuou conversando em frente ao fogo por mais uma hora.
— Acho que é hora de ir para a cama, — disse Harry, depois que uma hora passou.
— Não preciso dormir. Tenho trinta e dois anos.
Isso estava se tornando uma desculpa comum.
— Tudo bem, — Harry concordou, levantando-se, — mas estou exausto e vou para a cama. Começaremos sua cura assim que as doze horas terminarem, então você pode querer descansar um pouco antes de fazermos isso.
— Eu vou ficar acordado, — disse Draco. — Onde você está dormindo?
— Há beliches.
— Beliches? — Parecendo interessado, Draco se levantou do sofá.
— Elas estão lá embaixo, — disse Harry, indo até a estante. Ele começou a procurar por aquele livro de contos de fadas, aquele com capa de couro e trepadeiras por toda parte, aquele que Draco havia lido para ele. — Achei que você gostaria de ler um livro.
— Ok, — Draco disse, parecendo confuso, — mas eu tenho três aí. E seis ali. — Ele apontou para as pilhas perto da cadeira florida.
— Claro. — Finalmente, Harry encontrou o livro e tirou-o da prateleira. — Mas pensei que talvez pudéssemos ler juntos. Que tal este?
Draco fez uma careta para ele.
— Por que você tem esse livro? É para bebês.
Harry olhou para o livro, tentando esconder sua decepção.
— E como leríamos juntos? — Draco continuou. — E se um de nós tiver que virar as páginas em um ritmo diferente? Parece desconfortável.
— Quero dizer, — disse Harry, também tentando não parecer desamparado ou desapontado ou o que quer que estivesse sentindo, — eu poderia ler para você.
— Oh, meu Deus — Colocando as mãos nos quadris, Draco olhou para ele com total desgosto. — Isso é porque você não tem pais, certo? Os pais fazem isso quando você tem sete anos, Harry. Quando você tem onze anos, você é mais velho e ninguém lê para você, a menos que você seja patético. Sempre tenho que te ensinar coisas, não é?
— Sim. — Virando-se para a estante, Harry guardou o livro. — Acho que sim. — Ele começou a descer as escadas.
Draco o seguiu, anunciando: "Não vou dormir." "Quero ver os beliches", como se Harry tivesse mudado de ideia sobre isso.
Eles caminharam pelo laboratório até o quarto, onde Harry reforçou a cama flácida com novos encantamentos para transformá-la em um beliche. Ele também reduziu o pijama para Draco, tomando cuidado para evitar fazer referência ao fato de que o pijama na verdade pertencia ao eu mais velho de Draco. O Draco mais novo já havia zombado do tamanho e da mobília do quarto, e Harry não queria que Draco passasse por outra crise quando descobrisse o quão profundamente decepcionou Lucius por morar atrás de uma loja.
Draco fez Harry sair para que pudesse vestir seu pijama, parecendo ter esquecido que havia dito que não iria dormir ainda. Harry transfigurou suas vestes de Auror em pijamas para si mesmo, e quando voltou para dentro, Draco já havia reivindicado o beliche de cima.
— Achei que você não fosse dormir, — Harry apontou.
— Eu não vou, — Draco disse. — Vou ler. Accio Marés do Atlântico! — Descontroladamente, Draco acenou com a varinha do beliche de cima. — Accio Marés do Atlântico! Accio Marés do Atlântico!