Naquela noite, Harry aparatou em uma rua normal, com calçada regular e arbustos mal cuidados ao lado de um meio-fio cheio de lixo de um lado e um estacionamento do outro. Ao lado dos arbustos havia um grande prédio municipal, cheio de concreto e janelas. Subiu dois lances de escada de cimento adjacentes à casa, depois desceu um corredor coberto até chegar a uma porta de número 127, onde parou e bateu.
A porta se abriu e Harry descobriu que não conseguia dizer nada.
— Potter? — Imediatamente parecendo alarmado, Duda olhou por cima do ombro para o chão e depois para Harry. — Está tudo bem?
— Sim, — disse Harry, mas descobriu que não conseguia dizer mais nada.
— Você... quer entrar? — Duda abriu mais a porta.
— Estou bem onde estou, obrigado.
Duda estava parado na porta, a mão ainda na maçaneta.
— Escuta aqui. Um cara apareceu há algumas semanas, um dos seus... quero dizer... quero dizer... ele era... — Harry não o ajudou, e Duda engoliu em seco, — mágico, e havia uma coruja, só que ele disse que não tinha nada haver com você... só... você está bem?
— Eu conversei com a tia Petúnia, — Harry se ouviu dizer.
A boca de Duda caiu aberta.
— Eu... — Ele engoliu em seco. — Desculpe.
— Ela sente sua falta, — disse Harry.
— Ela pode seguir com sua vida, — disse Duda.
— Você não precisa perdoá-la, — disse Harry. — Seja o que for que ela... você não precisa fazer isso. E você não precisa vê-la ou falar com ela novamente. Eu só acho que ela te ama. Ela ainda te ama e achei que você deveria saber disso. Caso você não saiba.
— Eu me casei com Júlia, — Duda retrucou.
— Sim, eu soube, — disse Harry. — Meus parabéns.
— Você veio aqui só para dizer isso sobre a mamãe?
Harry hesitou.
— Sim! Não... — ele não sabia o que ele tinha vindo dizer. — Eu vim te dizer que... que eu te perdôo. Não porque você merece. Não sei, talvez sim, mas não é por isso. Eu te perdôo, porque a vida é muito curta e não quero ser uma pessoa que guarda rancor, e não quero ser definida como... Não quero que ninguém além de mim me defina. Então eu te perdoo. Foi isso que vim te dizer.
Duda olhou para ele. Então ele disse:
— Jantar conosco. Quero dizer, algum dia. Júlia iria, quero dizer, eu gostaria muito disso. Se você vier jantar conosco. Algum dia.
— Sim, — Harry colocou as mãos nos bolsos e se virou. — Algum dia.
— Potter! — Duda gritou e Harry se virou. — Obrigado. Por... por tudo. Pela minha vida, e pela Júlia, e pela... pela minha mãe e pelo meu pai. Você não precisava fazer isso.
— Sim, eu precisava fazer isso, — Harry se afastou.