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POV :Maiara

Suspirei apertando minhas unhas contra as palmas das mãos, assim que maraisa voltara do almoço eu saí em disparada para dentro do banheiro. Aquela velha sensação me tomando de novo. A ansiedade, a vontade de simplesmente me prender em meu mundinho e esquecer que o mundo de verdade, assustador e de verdade, existia.

Agradeço ao entrar no banheiro e vê-lo completamente vazio. Molho minhas mãos e meu rosto com um pouco de água suspirando firme. Eu amava meu trabalho, ficar ao redor de todas aquelas pequenas crianças era o que me fazia feliz. Eu me sentia mais próxima
eu desejava que fosse a minha também.

Entrei dentro de uma daquelas cabines e me permiti chorar sentando na tampa fechada do vaso sanitário. As vezes o tumulto, todas aquelas pessoas e falação me deixavam nervosa. Eu não gostava muito de compartilhar a hora das refeições com os outros funcionários, na maioria das vezes preferia me isolar em um canto sozinha ou ficar na presença de maraisa ou Luisa apenas. Sem contar todos os problemas que já me tiravam a paz dentro do meu próprio lar.

As lágrimas descem uma de cada vez por meu rosto, caindo sobre meu uniforme que com certeza ficaria manchado depois. Tateio meu bolso com as pontas dos dedos sentindo aquele objeto que eu havia comprado e guardado comigo para uma extrema necessidade. Alguém acharia estranho me ver com uma chupeta no bolso por aí? Claro que não, ninguém desconfiaria de uma das professoras do jardim de infância, afinal, todas andávamos com chupetas e mamadeiras para lá e para ca o tempo todo. Esse era nosso trabalho.

Brinco com o objeto de cor amarelo claro em minhas mãos. O bico macio me fazendo ter vontade de levá-lo aos meus lábios, mas o medo de escorregar dali para o meu pequeno espaço era ainda maior. Eu conseguia controlar bem isso, no entanto nos últimos dias a ansiedade acometida sobre mim era tanta que eu simplesmente tinha
medo de não conseguir me conter.

Minha boca e meu cérebro gritando por qualquer
contato que eu pudesse ter naquele momento que pudesse me trazer um pouco de conforto. Então lentamente, direcionei a chupeta até a boca
e me deixei respirar em completo alívio ao ter o
objeto entre meus lábios.
Fechel os olhos, sentindo a sensação familiar de conforto tomando todo o meu ser mesmo que por apenas alguns minutos.
O quão estranho os outros olhariam para mim se soubessem disso? Questionamento esse que sempre me perturbava um pouco. Mas naquele momento nada mais me importava. Me permiti escorar meu corpo na parede e esticar um pouco as pernas, um soluço escapando da minha boca, tensionado meu corpo de novo segundos depois quando ouvi a porta sendo aberta de novo.

- Maiara? - a voz dela inundou todo o ambiente. Marília, a professora das crianças de 3 a 5 anos que era minha colega de trabalho. Tão doce, tão meiga, tão atenciosa. Marília era tão dedicada quanto eu a profissão, fazia aquilo com tremendo amor e isso era visível. Não sei dizer quantas vezes me perdi em devaneios a observando brincar no parque com os pequenos que ela cuidava.
Ou como eu achava simplesmente gracioso quando algum deles estava calmamente deitado
em seu colo, enquanto ela gentilmente os embalava e dava uma mamadeira, quase como se fossem seus próprios filhos. O olhar sempre amoroso, mesmo quando tendo de dar alguma punição. A paciência que ela tinha com cada criança, arrisco dizer que eu quase invejava. Quase invejava não, eu invejava. Além de uma excelente profissional, Marília era o ser humano mais lindo que eu já tinha tido o prazer de ter diante dos meus olhos.

Os cabelos sempre sedosos e ondulados presos em um rabo de cavalo, esporadicamente soltos. A pele levemente bronzeada a essa época do ano por conta das várias vezes que ela pegava sol com as crianças.

O corpo perfeitamente moldado dentro daquele uniforme e que me chamava atenção de tantas formas.

Eu poderia me perder all de tantos jeitos, incontáveis vezes imaginando o quão confortável, aconchegante e gostoso não deveria ser estar entre os braços dela.

Minha Pequena Cor De MelOnde histórias criam vida. Descubra agora