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POV Maiara

Papéis assinados, eu estava tão radiante com a notícia de que poderia me mudar que quando cheguei em casa na sexta-feira a noite já estava ansiosa para arrumar minhas coisas. Se tudo desse certo eu me mudaria no domingo. Alcanço algumas caixas e arrumo tudo que é possível dentro delas, não vou levar muitas coisas daqui.

Já aproveito para rever as roupas que ainda me servem e coisas que não quero mais. Embrulho tudo que quebra com muito cuidado e no sábado a tarde meu quarto está lotado de caixas. Meu pai e rose não estão em casa, agradeço por isso, assim não houve nenhum escândalo quando os funcionários da empresa de mudança vieram buscar minhas coisas, eu nem sequer toquei no assunto com eles querendo ao máximo evitar qualquer discussão até que eu estivesse definitivamente livre daqui.

Peço que Marília fique encarregada de abrir meu novo apartamento para eles já que vou passar o resto da tarde deixando o quarto limpo, não quero que meu pai tenha nenhum tipo de reclamação quanto a isso.

Começo a organização mas logo sinto meu celular vibrar, uma mensagem de Marília

Mari: hey vizinha, sua mudança acabou de chegar. Estão descarregando as caixas.

Dou um sorriso imediato.

M: Muito, muito obrigada, Marília. Assim que eu acabar aqui vou para casa. Minha casa agora, finalmente. Nos falamos depois.

Bloqueio o celular e volto a guarda-lo no bolso Quando estou terminando de aspirar o chão, ouço o barulho da porta abrindo e me viro para trás rapidamente.

- mas que porra é essa, Maiara? Cadê suas coisas? - meu pai bate a porta do quarto e fala em um tom de voz alto, o que atrai a atenção de rose que aparece atrás dele em seguida olhando curiosa para o cômodo que agora está praticamente vazio.

- eu vou me mudar. - digo apertando meus dedos um no outro em completo nervoso.

- como assim se mudar? Está ficando louca? Você não vai sair daqui! - ele esbraveja enquanto vem em minha direção, mas para a poucos centímetros de mim. Meu coração acelerado, quero correr dali e nunca mais ter que olhar para ele.

- eu vou, já sou adulta e não preciso mais ficar aquí. Já tenho outro lugar para morar. - solto tudo de uma vez temendo que não consiga mais falar nada e realmente não consigo, no momento seguinte uma de suas mãos está ao redor do meu pescoço e ele aperta com força.

- eu deveria acabar com a sua raça miserável, Maiara! - sinto a dor no meu pescoço e tento segurar as mãos dele mas é inútil, meu pai é muito mais forte que eu.

- Sam, solte a bastarda. - rose incrivelmente se intromete entre mim e ele e sinto seus dedos se afrouxarem ao redor de mim. - isso é uma notícia ótima, finalmente vamos nos livrar desse atraso, por que está furioso, querido? - ela consegue passar as mãos pelos braços dele fazendo com que o aperto diminua ainda mais e ele milagrosamente me solte.

Sua expressão é pensativa e ele realmente parece ponderar o que  rose falou. Quais eram os motivos para ele não querer me deixar sair de casa? Talvez a falta de controle sobre mim e nunca mais saber da minha existência, não ter alguém em quem descontar sua raiva. Mas ele não se importava de fato. Eu sentia as lágrimas tomando meu rosto enquanto acariciava com minha mão o local onde antes ele me apertava sufocantemente.
Estou tonta, minha visão està um pouco escura e minha garganta dói. O ar parece pesar uma tonelada. Cambaleio para fora do quarto em direção a escada, deixo meu pai e rose para trás. Me escoro no corrimão segurando firme quando não tenho certeza se consigo enxergar bem os degraus. Os sons estão embaralhados na minha cabeça assim como minha visão e antes que eu pudesse descer as escadas sinto dedos apertando o meu braço com força.

- escute bem, Maiara, não quero nunca mais você pisando os pes aqui, entendeu? - ele segura meu braço e meu rosto, com certeza deixaria marcas vermelhas - e espero que nunca mais precise de mim, pois irá morar embaixo da ponte.

Meus olhos ardem em lágrimas, queria soca-lo, gritar na cara dele e sumir dali o mais rápido possível.

- eu quero que você vá para o inferno, Sam. - cuspo as palavras em um tom baixo mas suficiente para que ele ouça. Uma risada sarcástica escapa dos meus lábios e sei que desafia-lo nunca foi uma decisão sábia, mas meu juízo não estava nas melhores condições e temo pela vida quando vejo ódio puro em seus olhos.

No momento seguinte tudo acontece muito rápido, ele me chacoalha forte com suas mãos mas em algum momento perde o controle sobre meu corpo quando tropeço em um degrau. Estou na ponta da escada e sinto o exato momento em que a dor me atinge em cheio e me consome. Escuridão completa, um zumbido horrível nos ouvidos e de repente não lembro de mais nada. Estou desmaiada, ou morta? Não sei dizer. Antes de apagar completamente ouço os gritos desesperados de rose e é a última coisa da qual me lembro.

- VOCÊ MATOU ELA, SAM? - suas mãos me sacodem em vão enquanto a consciência deixa meu corpo aos poucos.

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Minha Pequena Cor De MelOnde histórias criam vida. Descubra agora