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Marília

Quando maraisa finalmente consegue me tirar de dentro da casa dos Pareiras eu volto para dentro do carro, ainda tentando ligar para o celular de Maiara na esperança de que ela vá me atender e dizer que tudo não passou de um mal entendido.

- precisamos ir a polícia, eu preciso registrar o desaparecimento dela. - é tudo que falo enquanto maraisa dirige pelas ruas quase desertas

- em qual delegacia Annie trabalha?

- naquela perto da escola. e então eu me lembro de Annie, uma antiga vizinha do bairro dos meus pais que era minha amiga de infância.

Quando maraisa estaciona no pátio quase vazio eu não tardo a entrar no local, não me importo com meu cabelo bagunçado ou com os olhos inchados, apenas quero que alguém faça alguma coisa e me traga Maiara de volta.

-marilia?-aquela voz que a tempos não ouvia. posso ajudar?

- por favor! Minha namorada desapareceu desespero de novo, a relógio marca quase 22:00 horas.

-se acalme, pode responder algumas perguntas?-ela faz sinal para que eu sente e se senta também em frente ao computador.

-s-sim-maraisa está ao meu lado e segura minha mão o tempo todo.

- quanto tempo desde a última vez que você a viu?

-as 16:00, na escola onde trabalhamos. Eu sai mais cedo e deixei ela lá. Quando cheguei em casa ela não estava e ela não atende o celular. eu não devia ter deixado ela sozinha. Não devia. Culpa me invade nesse momento. Nada teria acontecido se tivessemos mantido nossa rotina.

- casa de algum parente onde ela possa ter ido?

- não, só a casa do pai dela mas eu já fui là, ela não está. Annie, ele é um maluco! Doente! Já agrediu ela várias vezes! Eu tenho certeza que ele fez alguma coisa! - meu choro parece comove-la, ela consegue perceber o quão abalada eu estou.

- tudo bem Marília, eu vou mandar uma equipe de busca pelas redondezas. Preciso que você me responda mais algumas perguntas sobre ele enquanto isso.concordo com a cabeça e ficamos ali mais meia hora apenas preenchendo papéis e respondendo perguntas.

Estou exausta. Annie me orienta a voltar para casa e esperar lá para o caso de Maiara voltar. O caminho até meu apartamento é sufocante, eu olho atentamente a cada esquina a procura de qualquer pessoa parecida com minha ruivinha mas tudo está deserto. Passar pela porta e não tê-la se agarrando em meu corpo é a morte para mim.

-maiara! meu grito sai quase mudo e morre em meio as minhas lágrimas. Me encosto na parede ao lado da porta e deslizo minhas costas até estar sentada no chão, não consigo dar mais um passo sequer.
Maraisa se senta ao meu lado, ela está chorando também e

tenta me consolar como consegue. Abaixo minha cabeça e olho para minha blusa, as pequenas manchas das lágrimas que não param um minuta de rolar estão espalhadas pelo meu peito, mas o que me fere ainda mais são as manchas maiores, leite. Meus seios doloridos estão vazando e isso apenas aumenta ainda mais meu desespero.

Me pergunto onde Maiara está, para onde aquele desgraçado a levou. Faço uma prece silenciosa em meio as lágrimas jurando aos céus que se encontrasse minha pequena ruiva eu jamais deixaria qualquer coisa acontecer com ela de novo. Eu lhe daria uma vida nova, tiraria ela daqui e a levaria para um lugar só nosso onde pudéssemos viver em paz e longe de todo esse inferno.

As horas do relógio se arrastam, o sono e o cansaço tomando conta de mim mas luto bravamente para deixar meus olhos abertos verificando meu celular a cada minuto. Na madrugada chego a delirar com o som da voz de Maiara perto de mim.

Minha Pequena Cor De MelOnde histórias criam vida. Descubra agora