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Maiara

No sábado a tarde, eu e Marília decidimos que iríamos até a cidade vizinha começar nossa procura por Cida. Embarcamos no carro e depois de uma hora de viagem estávamos percorrendo as ruas onde eu me recordava vagamente de ter brincado quando era criança. A casa da minha avó estava totalmente diferente, depois que ela faleceu foi vendida pelos meus tios e os novos moradores a deixaram quase irreconhecível.

- aqui era onde minha vó morava.- aponto para o local e Marília olha naquela direção a casa de Cida não deve ser muito longe daqui, talvez no final da rua. e então o carro se movimenta mais um pouco até que algo em um dos quintais me faz soltar um grito aquila loira freia bruscamente o carro assustada,

- calma amor! Tem certeza que é aquí?- ela pergunta analisando a local.

- tenho, eu me lembro daquela fontezinha ali no meio do quintal. aponto para a fonte de água entre as flores.

- nos resta saber então se ela ainda mora ai. Vamos lá. ela estaciona o carro e segura na minha mão conforme andamos em direção a porta da casa. Aquilo tudo me remete lembranças de quando eu era criança e meu coração se acelera em expectativa quando tocamos a campainha. Demora um pouco até que escutamos o som das chaves na fechadura.

- tia Cida? - pergunto assim que vejo a semelhança no rosto maduro da mulher que atende a porta.

-maiara? -seu olhar é de puro espanto, ela arregala os olhos e leva a mão até a boca, é você?

-s-sou eu... aperto os dedos de Marília contra os meus e só solto quando a mulher me pega desprevenida me dando um abraço extremamente apertado.

- por Deus, como você cresceu já é uma mulher! E está tão linda! - ela esfrega minhas costas e eu não podia estar mais feliz por ser ela ali e se lembrar de mim.

- faz muitos anos, eu sei... Mas eu precisava vir. - quando nos afastamos ela se permite olhar para Jen e depois para mim de novo.

- é sua irma? - ela pergunta.

- não, não. Essa é Marília, minha namorada, falo um pouco tímida, não sei ao certo qual sería a reação dela, mas para minha total surpresa ela abraça a loira também que retribui seu gesto.

-é um prazer, Marília. Você é linda também, ela sorri para mim e fico um pouco envergonhada, porém cheia de orgulho. Logo ela nos convida para entrar em sua casa e cada comodo me traz uma lembrança diferente. A grande escada onde eu adorava brincar. Os quadros nas paredes que prendiam horas da minha atenção.

- podem se sentar e fiquem a vontade, vou buscar algo para tomarmos. - ela indica o sofá para nós e nos sentamos. Marília passa um de seus braços por meus ombros em um gesto protetor e agradeço que ela esteja ali, sempre sendo
minha rocha quando tudo parece desmoronar.
Vários porta retratos estão espalhados pelas estantes e
mesinha da sala, olho atentamente cada um deles

e em meio a tantas fotos encontro uma que faz meu coração errar uma batida. Minha mãe está nela, tão jovem e sorridente abraçada a Cida na época em que elas ainda estavam no colegial. Me levanto e chego mais perto passando delicadamente um dedo sobre seu rosto eternizado naquela fotografia.

- sinto muita saudade dela. -ouço a voz de Cida de novo e olho para trás vendo que ela estende um copo de suco para Marília que agradece. Logo ela para ao meu lado e alisa suavemente minhas costas enquanto encararmos o porta retrato, -você me lembra muito ela, Maiara. Seu sorriso, seus olhos, não imagina o quanto aqueceu meu coração com sua visita, suas palavras e todo aquele momento fazem meus olhos lacrimejarem.

- eu também sinto muito a falta dela, tia Cida. - escoro minha cabeça em seu ombro até que ela segura minha mão e voltamos a nos sentar no sofá.

- eu soube da noticia... Da morte do seu pai, eu sinto muito. - ela presta suas condoléncias.

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⏰ Última atualização: Jul 10 ⏰

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