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POV Marília

Um sentimento estranho se apossou do meu peito sem mais nem menos. Por volta das 18:00 horas Maiara ainda não havia chegado e eu já estava ficando preocupada. Tudo de pior possível sendo imaginado a todo vapor pela minha mente, as mensagens que não eram respondidas nem as ligações atendidas.

Estava dentro do apartamento dela, rodeada por aquelas caixas ainda não mexidas. Apenas uma meio aberta, mais pequena que as outras, na qual eu conseguia reparar que alguma coisa estava mal colocada ali dentro.

Me aproximo com receio não querendo ser intrometida e mexer em coisas que não eram minhas, mas não precisei revirar muito para entender que aquilo se tratava de um bichinho de pelúcia. Não contive minha curiosidade em puxa-lo para fora da caixa. Um leãozinho muito simpático que era o tipo de coisa que fazia muito o estilo da ruiva

O segurei entre meus dedos fechando a caixa logo em seguida, um sorriso meio bobo escapando por meus lábios. Não consigo expressar o tamanho do sorriso
meu desespero quando a notícia que mara me deu por telefone aquela noite me deixou atordoada.

Maiara estava no hospital a algumas horas e sem nenhum membro da família là. Maraisa estava fazendo uma pequena viagem com Luisa e não poderia chegar tão rápido, mas é óbvio que eu me prontificaria a ir ao seu encontro mesmo que fosse para ficar na sala de espera no aguardo de alguma notícia de minha pequena. Troquei de roupa em uma velocidade

impressionante e minutos depois estava dentro do carro. Dentro da minha bolsa a pelúcia de Maiara estava escondida. Não tinha certeza se aquela era apenas uma peça de decoração ou realmente tinha algum valor sentimental para Maiara, mas imaginei que isso fosse a confortar de alguma forma se eu tivesse a oportunidade ao menos de vê-la quando chegasse ao hospital e entregar isso a ela sem saber ao menos se ela estava consciente.

Fiz o caminho o mais rápido possível exasperando com a moça da recepção assim que cheguei naquela sala de espera lotada de pessoas, A mulher não me deu muitas informações, apenas me disse que Maiara tinha sofrido uma queda mas que não corria risco de vida o que aliviou boa parte do peso em meus ombros, mas meu peito continuava tão apertado quanto antes. Queria poder ve-la, tomar conhecimento com meus próprios olhos de sua real situação, tentar entender o que aconteceu mas nas horas que se seguiram a única coisa que eu consegui fazer foi encontrar um lugar para sentar e esperar. Falei com maraisa ao telefone a tranquilizando com a certeza de que eu só sairia do hospital com Maiara junto comigo a menos que não tivesse outra escolha.

Em todo tempo que fiquei ali sentada tantos pensamentos invadiram minha mente de uma única vez... Sentimentos estranhos como se eu fosse capaz de morrer caso acontecesse alguma coisa com Maiara. Rezando internamente para que ela ficasse bem enquanto apertava a pelúcia entre meus dedos ainda dentro da bolsa. Por volta das 02:00 da manha uma médica muito simpática me cedeu algumas informações sobre o estado de saúde de Maiara.

- ela sofreu uma queda, os paramédicos informaram que foi de uma escada. Pela altura, Maiara teve muita sorte de não ter outras fraturas, apenas o tornozelo dela está lesionado e isso vai exigir alguns cuidados a mais, - a médica me encara me vendo em total aflição. - Maiara ficará em observação hoje e ela está dormindo devido aos medicamentos, então se quiser ir para casa e voltar amanhã poderá vê-la no horário de visitas. - ela me instrul.

- eu não posso só dar uma olhadinha nela agora? Por favor, Doutora, eu prometo ser rápida... Só preciso ver como ela estava e já saio, eu prometo. - faço minha melhor cada de pidona rogando para que aquela mulher atenda meu pedido. Ela franze a testa e parece pensar por um momento até que me dá uma resposta.

- qual seu nome?

- Marília, me chamo Marília, - meu nervosismo era aparente e ela com certeza notou isso.

- muito bem, Marília. Você parece realmente aflita. Deixarei que entre por 5 minutos e então vou ter que te pedir para sair. Pode fazer isso por mim? - ela fala um pouco baixo.

- claro, posso. Muito obrigada, mesmo! - agradeço The dando um sorriso e sigo ela pelo enorme corredor até que a mesma me indica uma porta fechada. Entro devagar, o quarto está em meia luz e a primeira coisa que ouço são os "bips" dos aparelhos que medem os batimentos cardíacos de Maiara.

Meus olhos se enchem de lágrimas ao mesmo tempo que suspiro aliviada por ter a garota de novo diante dos meus olhos. Me aproximo da cama e ela está dormindo serenamente, embora o pé esteja enfaixado e sua testa com alguns curativos. Tento não fazer muito barulho mesmo sabendo que ela não vai acordar por que provavelmente está dopada pelos remédios.

- oh meu Deus, pequena. - me aproximo da cama segurando sua mão. Acaricio seu rosto com muito cuidado enquanto apenas tenho uma vontade absurda de abraça-la e fazer aquele pesadelo ter um fim. Como se pudesse curar todas as feridas dela com um colo milagroso. Eu saiba que elas não eram apenas externas. - fiquei com medo de que não te veria mais...- lágrimas rolam por meu rosto, minha voz totalmente embargada, eu tomo consciência naquele momento do quanto a mulher deitada a minha frente tinha tomado um espaço maior do que eu imaginava em minha vida.

Ela se remexe um pouco e aperta levemente minha mão, mas não acorda. Sua pele está quentinha e ela suspira baixinho, chupando repetidas vezes o lábio inferior em um gesto inconsciente, aquilo me chama a atenção, solto um sorriso fraco achando a cena extremamente fofa, aquele ar infantil que ela tinha por trás da garota tímida que eu conhecia cada vez melhor com o passar dos dias.

Quando me dou conta de que os 5 minutos provavelmente já estão chegando ao fim me lembro que estou com a pelúcia dela dentro da bolsa e a tiro de lá, torcendo para que ela não me ache intrometida quando acordar e ver que eu trouxe uma de suas coisas para o hospital.

Coloco o bichinho entre seus braços, lhe acariciando os cabelos de novo e deixando um beijo demorado em sua testa não querendo sair do lado dela. Minha vontade era me sentar na poltrona do lado de sua cama e velar seu sono pelo resto da noite, somente para ter certeza de que eu estaria aqui para acalma-la quando a que eu estaria aqui para acalma-la quando a mesma acordasse desnorteada sem saber o que aconteceu. Não queria que ela pensasse por um segundo sequer que estava sozinha ali pois não estava, eu nunca mais a deixaria sozinha. Por Deus, que sentimentos eram esses que ela me despertava de um jeito cada vez mais desenfreado? Um instinto animalesco crescendo dentro de mim para cuidar dela quando a vejo machucada, me tornando quase uma mãe leoa pronta para defender sua cria. O pensamento de que o pai de Maiara causou aquilo me fez ter a sensação de que eu seria capaz de matar alguém pela primeira vez na vida.

- eu prometo voltar amanhã, tudo bem? Fique melhor para mim, pequena, Vou te buscar e logo vamos para casa. - beijo seu rosto dessa vez pouco antes da médica dar suaves batidas na porta me alertando que meu tempo ali acabou.

Solto sua mão e me afasto dela com muito custo mantendo minha promessa. Agradeço mais uma vez a médica por me ceder aquele breves minutos e vou para casa sabendo que não posso ficar ali com ela. Me permito chorar como uma criança dentro do carro de puro medo, ansiedade, frustração. Me sentindo por algum motivo impotente por não poder ter impedido aquilo de acontecer com Maiara

Chego em casa e tomo um banho, deito na cama com as imagens dela adormecida naquela cama e meu peito pesa mais uma vez. Não vejo a hora de buscá-la e traze-la para casa, em segurança, onde vou poder cuidar dela. Sim, por que eu farla isso. Ninguém melhor além de mim para esse trabalho.

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Minha Pequena Cor De MelOnde histórias criam vida. Descubra agora