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Esse capítulo está meio pesado e contém violência. Caso não se sintam confortáveis, por favor, pulem esse.

Pov Maiara

Minha cabeça gira, dói, meu estômago revira. Abro meus olhos com dificuldade e sinto uma dor tremenda em meu corpo. Tento me mexer, levantar dali mas é em vão, minhas mãos e meus pés estão amarrados a cadeira onde estou sentada.

Então o choro vem, eu grito. Por incrivel que pareça minha boca não está amordaçada e aquilo não podia ser real, era um pesadelo, tinha que ser.

Olho ao redor gritando a plenos pulmões mas agora entendo o motivo dele não se preocupa em me calar, ninguém me ouviria nem se quisesse.

Estou em um casebre no meio do nada, infelizmente reconheço o lugar onde fui trazida ainda criança quando levei minha primeira surra. Afastado de tudo e de todos, aqui era o único lugar longe o suficiente onde minha mãe seria incapaz de me proteger das garras sujas daquele miserável.

Todo aquele filme de terror passando de novo em minha cabeça.

- acho que você se lembra daqui, Maiara. meu corpo todo se tensiona ao ouvir sua voz. Ele surge de um canto escuro e se aproxima de mim. Me debato mesmo sabendo que não adiantará de nada.

-EU TE ODEIO TANTO SEU DESGRAÇADO DE MERDA! - meu choro quase sufoca minhas palavras e então o primeiro tapa vem, forte e pesado em meu rosto. Minha garganta já queima pelo esforço e eu aperto meus dedos uns constra os outros na tentativa de aliviar aquila.

- eu te odeio muito mais, bastarda. E o único motivo de eu te manter viva ainda é que eu preciso de você para vender aquela maldita casa! - ele se afasta um pouco e vejo que pega o cinto de couro pendurado em um prego na parede. Aperto meus olhos com toda força que tenho sabendo o que viria a seguir.

- Marília... o nome dela sai tão baixo da minha boca, quase uma oração, como se ela pudesse me ouvir a tantos quilômetros de distância.

E então ele volta para perto de mim, dobrando a cinto e batendo com ele logo acima da minha cabeça na pilastra de madeira atrás de mim, fazendo o som alto e agoniante soar pelo local vazio e empoeirado. Ouço os grilos ao longe. aquilo era a última coisa que eu iria ouvir?

- me escute com atenção agora - ele segura meu rosto com força apertando minhas bochechas e me fazendo olhar em sua direção - isso aqui é só um lembrente do que eu vou fazer com você caso não saia daqui e deixe tudo pranto para que eu venda a casa e suma do mapa. E é bom que você não ouse cogitar a ideia de ir a polícia. Se eu tiver que cruzar com você de novo Maiara, eu juro que o último encontro que você vai ter com a mulher loira será quando ela for levar flores no seu túmulo. Estamos entendidos?-balanço minha cabeça freneticamente fazendo o que sempre fiz, concordando e me curvando as vontades dele para conseguir sair ilesa, ou quase isso, Viva pelo menos. Ele nunca me deixou sair ilesa.
E então a dor me consome, ele não me poupa. O couro
atinge meu corpo em cheio mesmo por cima das roupas e é
excruciante. Ele parece sentir prazer em me ouvir gritar e

carrega um sorriso sádico nos lábios. Não consigo mais manter meus olhos abertos, em determinado momento nem meus gritos saem mais e eu chego a cogitar a possibilidade que a morte seria melhor. A única coisa que me faz aguentar até o último golpe é Marília. Eu não podia deixa-la, não podia estender a felicidade que eu tanto demorei a encontrar em uma bandeja para aquele infeliz.

A dor é insuportável, eu vou desmaiar a qualquer momento e anseio por isso suplicando por alivio.

- ainda bem que você não é realmente minha filha, sua fracassada de merda! E ainda bem que eu já me livrel da vadia traidora da sua mãe! - ele cospe em minha direção jogando o cinto no chão e respiro aliviada quando aquilo finalmente parece ter acabo. Ele me destruiu, estou acabada e então meu corpo apaga.

Minha Pequena Cor De MelOnde histórias criam vida. Descubra agora