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POV : Maiara

Subimos de elevador até o sétimo andar e olho tudo ao redor admirada. Marília desfaz o rabo de cavalo em seus cabelos e os deixa cair livres sobre seus ombros. O cheiro de shampoo tomando conta daquele pequeno cubiculo que me deixava tão próxima a ela.

É um pouco diferente para mim vê-la fora do local de trabalho, diferente mas muito bom. Quando a porta do elevador se abre no local indicado, mari sai primeiro do que eu e me chama logo em seguida quando percebe que eu demoro um pouco mais para dar um passo a frente.

- não posso te deixar ali dentro muito tempo senão a porta fecha e você volta lá para baixo.. ela solta uma risada enquanto abre a porta do que julgo ser seu apartamento.

- essa porta ao lado é a sua. - ela indica com a mão e encaro a porta de madeira escura tentando imaginar o que tem através dela. - e esse é meu pequeno lar. - ela adentra o apartamento e um cheirinho peculiar de lavanda e móveis de madeira se apossa de mim. Caminho timidamente para dentro quando ela me da permissão para fazer isso e observo como ela joga sua bolsa sob o sofá e se aproxima da geladeira logo em seguida.

- você quer beber algo? - ela pergunta enquanto tira de lá uma garrafa com o que presumo ser chá verde.

- estou bem, obrigada. Seu apartamento é lindo. - elogio olhando ao redor com as mãos entrelaçadas em frente ao meu corpo.

- eu sou mais minimalista, mas maraisa gosta de um pouco mais de cor e decorações então deixo que ela se divirta. - ela me responde assim que acaba de beber o conteúdo que tinha colocado no copo. - vou pegar as chaves e podemos ir, tudo bem? - ela me pergunta.

- claro. - respondo e dou um sorriso enquanto vejo ela se afastar pelo pequeno corredor e sumir em uma das portas.

Passo meus olhos rapidamente pela sala, o sofá cheio de almofadas, a tv grudada na parede e uma estante lotada de porta retratos. Alguns deles da maraisa, a maioria era da Marília

Me aproximo para poder ver mais de perto, em uma das fotos ela está com outras duas crianças que não sei quem são, talvez primos, talvez irmãos. São parecidos com ela então julgo serem da família. Em outra foto ela está entre um casal, então observo as feições tanto do homem quanto da mulher de meia idade e fico impressionada com a mescla perfeita dos traços de ambos se juntando no rosto belo de Marília

- são meus pais. - a voz súbita dela atrás de mim me faz dar um pulinho e levar minha mão até meu peito em susto. - me desculpe, não quis te assustar. - ela esfrega levemente minhas costas por um minuto.

- é uma bela família, você se parece muito com eles. - elogio, eles eram realmente todos muito bonitos.

- essa é minha mãe Ruth, meu padrasto David. - ela aponta respectivamente para cada rosto na foto. - meu irmão Gustavo .- ela da um sorriso orgulhoso. O restante das fotos são apenas ela quando criança, adolescente e com outros membros da família.

Meu peito aperta ao lembrar da minha mãe, lembrar de como eu tinha conseguido salvar apenas uma foto ou outra com ela e o restante todo tinha sido jogado fora assim que  rose foi morar conosco. Marília parecia vir de uma família amorosa diferente de mim.

- podemos ir? - ela pergunta me tirando dos meus devaneios.

- vamos. - me viro e sigo em sua direção reparando que ela chacoalha algumas chaves na mão enquanto caminhamos para a porta vizinha.

O apartamento tem a mesma estrutura do de Marília, porém a decoração totalmente diferente. Quase não há móveis, apenas os maiores e o restante está embalado em caixas de papelão.

- ela está preparando a mudança ainda, vai desocupar essa semana. - Marília fala enquanto me mostra cada cómodo da casa. Não é grande e nem precisa ser, vou morar sozinha e aquilo é mais do que eu imaginava conseguir. É aconchegante e o que mais importa: exala paz.

Minha Pequena Cor De MelOnde histórias criam vida. Descubra agora