Maiara
Perco a noção de tempo e espaço quando finalmente estou
nos braços de Marília de novo. Minha última lembrança é de estar aconchegada ao meu tetë favorito, deitada confortavelmente no colo dela antes de pegar no sono. Quando acordo consigo me esticar e sinto que estou na cama mas não tenho sinal algum de lila ao meu lado. Em um ato quase que inconciente começo a chorar, minha mente está tão turbulenta que tenho medo de estar sozinha ali e o desespero toma conta de mim tamanha minha vulnerabilidade.- calma, meu amor. Estou aqui, estou aqui... e então a voz serena da loira já está perto o suficiente de mim e sinto as mãos dela em meu corpo. Quando abro os olhos consigo ver a sombra dela pela luz que sai da porta do banheiro. Está enrolada em uma toalha de banho e o cheiro de sabonete denuncia que ela só estava no chuveiro, não tinha me abandonado, porém meu choro é sentido de qualquer maneira.
- que tal tomar um banho para relaxar, hum? - ela pergunta e se deita ao meu lado me fazendo imediatamente grudar meu corpo no seu. Eu tenho tudo que preciso quando ela está perto, seu calor, seu cheirinho e agradeço pela facilidade que aquela toalha me trás quando basta que eu estique a mão e desfaça o nó para deixar sua pele exposta e achar seu peito. Tanto leitinho sai dali agora, posso me esbaldar completamente a qualquer hora, baby...ela tenta chamar minha atenção de novo mas teimosamente eu ignoro. Não queria sair dali.
Tenho vontade de chorar mais ainda quando sinto ela puxando o seio da minha boca desfazendo nosso contato e me fazendo finalmente olhar para ela.
- você não escuta mais a mommy? Precisa tomar um banho, está meio quentinha e acho que é febre. - ela repousa a mão por alguns momentos em minha testa e eu resmungo insatisfeita. seja uma boa garota para mim, tá bom? - ela acaricia meu rosto e paro de lutar contra quando sinto meu corpo realmente quente e aquilo começa a me incomodar.
Me levanto com muito custo seguindo Marília até o banheiro e fico parada na frente do box enquanto ela enche a banheira. Nada faço, apenas fico parada ali esperando que ela faça o que sempre fez, cuide de nim quando de repente estou exausta demais para fazer qualquer coisa.
Sinto ela pentear e amarrar meus cabelos para em seguida cuidadosamente tirar minhas roupas. Encaro meu reflexo no espelho por breves momentos já que olhar para cada hematoma que cobre minha pele me faz sentir uma angústia sem fim. Me escoro em seu corpo vez ou outra sentindo as lágrimas se formando de novo.
Cada pedacinho de mim dói, por dentro e por fora. Tudo em mim está estilhaçado e eu sou apenas um amontoado de cacos naquele momento. Quão imensa é minha sorte por ter Marília ali me juntando e colando cada parte de mim de novo com tamanha devoção e paciência?
Ela me puxa para dentro da banheira quando estou devidamente despida e o contato com a água morna faz meu corpo arrepiar. Ela apaga a luz central do banheiro e deixa apenas as luzes do balcão da pia acesas fazendo o ambiente ficar muito mais aconchegante. Espero que ela se sente atrás de mim antes de recostar meu corpo no seu e finalmente relaxar quando a água me cobre e seus braços estão ao meu redor.
-Eu te amo, sua voz não passa de um sussurro bem perto ao meu ouvido.
- eu te amo muito mais. - as palavras são meio engasgadas mas não por não seren verdadeiras e sim pelo fato do quanto elas se tornaram ainda mais importantes agora. Eu as falaria para Marília a cada minuto que eu pudesse dali em diante para nunca deixá-la esquecer da importância que tinha em minha vida
- eu sei que tudo é muito recente ainda, mas podemos conversar sobre isso? as mãos dela estão fazendo uma massagem leve e cuidadosa em meus ombros que ficam tensos com sua pergunta. Eu queria fugir, simplesmente esquecer de tudo que havia acontecido mas eu sabia que em algum momento eu teria que encarar aquilo, não existia um botão mágico que apagasse toda aquela porcaria.
- não sei se quero. - não sei se consigo na verdade. Estou viva, estou em casa de novo mas Sam ainda está por aí e parece que a qualquer momento o pesadelo vai recomeçar.
- eu preciso que confie em mim, Maiara. Que me diga o que aconteceu lá, eu preciso da sua ajuda, não vou deixar o seu pai se safar dessa vez de novo. fecho meus olhos. Busco suas mãos para entrelaçar seus dedos nos meus e sentir um pouco de segurança.
- ele não é meu pai. - o silêncio reina por um minuto.
- como assim?
- foi o que ele me disse depois de me bater. Que ele não era meu pai. - repito as palavras que lembro ter ouvido da boca daquele verme maldito, e eu não sei nada sobre isso. minha mãe nunca me contou absolutamente nada... Mas
eu preciso saber, Marília. Eu nunca sentiria tanto alivio
na vida se soubesse que o sangue daquele desgraçado não
corre nas minhas veias, aperto seus dedos entre os meus e
ela me segura com cuidado entre seus braços.- acho que temos como descobrir isso de qualquer forma. Um teste de DNA talvez. Algum familiar seu com queria pudéssemos conversar?
- não sel, minha mãe sempre foi próxima dos irmãos dela mas eu não sei se eles sabem alguma coisa sobre isso. - depois de sua morte poucas vezes tive contato com minha familia materna, todos tinham uma repulsa gigantesca por Sam e ele me proibia de falar com eles de qualquer forma.
-nós vamos a fundo nisso e vamos descobrir, eu prometo. - ela beija minha nuca
-ele quer que eu assine os papéis para venderem a casa da minha mãe, abro a boca quando tenho coragem o suficiente para isso. - eu não vou me desfazer dela, não quero. Mas... Ele me ameaçou caso eu não deixasse tudo pronto para que ele pudesse vender e sumir no mapa. Disse que a surra foi apenas um aviso do que viria a seguir e eu só quero paz, mesmo que isso me custe a única coisa que ela me deixou-sinto Marília ficar tensa atrás de mim.
- Aquele filho da puta! - sua voz carregada de ódio.
-marilia, por favor! me viro para encontrar o rosto dela e olhar em seus olhos, outro motivo pelo qual eu não queria tocar no assunto era saber o quanto isso deixaria a loira ainda mais possessa eu estou confiando em você para te falar essas coisas mas tem que me prometer que não vai fazer nada, absolutamente nada com as suas próprias mãos, não vai procura-lo. Eu não posso nem imaginar que ele te machuque e esse desgraçado é capaz de qualquer coisa. Você precisa manter a calma, por favor, por mim... o brilho raivoso em seu olhar se desfaz quase instantaneamente e ela me olha em um misto de
sentimentos que não sei decifrar. Eu sei que ela sente meu
medo, minha angústia. Sei que no fundo atrás de toda raiva
ela entende meus motivos.- me desculpa, eu não quero assustar você, me perdoa. -
ela beija minha testa mas é tão difícil saber que ele te machucou tantas vezes e agora te ameaçou que eu só penso em acabar com a vida dele logo. Mas eu dei queixa contra ele na delegacia, tenho uma amiga que trabalha lá e ela está me ajudando nisso e não vamos descansar até pegar ele, eu prometo a você, não terá que se desfazer da casa da sua mãe. Não deixaremos nada para ele além de uma cela minúscula.- eu só não quero que ele faça nada com você, lila... eu aguentaria mil surras mas não suportaria perder você então me prometa eu não vai se envolver nisso mais do que já está envolvidal-suplico com as lágrimas descendo por meu rosto. Eu nunca quis colocar ela nisso tudo, nunca quis que as coisas chegassem no ponto em que estão.
- eu prometo, amor. Não vou fazer nada além de cuidar você, eu juro.me ajeito de lado entre suas pernas e descanso meu rosto em seu peito quando toda a situação fica pesada demais para mim. Ela acaricia minhas costas e beija meus cabelos, seu coração está tão acelerado que eu o sinto bater contra meu rosto.
- E se não pegarem ele, lila? - eu tinha medo de ter que passar o resto da vida me escondendo.
- vão pegar, amor. Ele vai pagar por tudo que te fez e nós
vamos finalmente poder viver em paz. sinto a confiança
em sua voz e torço para que cada uma daquelas palavras se
concretize em um futuro mais breve possível.
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Desculpa qualquer erro, bjs 💋
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Minha Pequena Cor De Mel
FanficMaiara tem um segredo como qualquer outra pessoa, mas o acontece quando Marília descobre acidentalmente um deles?