Capitulo 6- Desentendimentos

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Acordei no meio da madrugada com Oliver ao meu lado gritando, levantei num pulo e me virei para ele que, para meu alivio, apenas estava tendo um pesadelo.

Peguei meu celular e acendi a tela vendo que eram ainda três e meia da manhã. Bufei pensando se eu deveria acordá-lo ou voltar a dormir, no fim acabei por acordá-lo, afinal, eu só iria trabalhar a partir das dez horas da manhã, teria bastante tempo para por o sono em dia.

—Oliver, ei!—balbuciei o balançando de forma gentil.

—Hã? Que... Quem?— Murmurou levando seus olhos ao encontro dos meus.

—Você teve um pesadelo... Quer um chá? Ou eu devo acender um incenso de lavanda?— Falei de forma calma afim de não deixá-lo mais confuso e nervoso do que já estava.

—Eu agradeceria se você tivesse chá de camomila— disse me encarando com um rosto ainda perturbado.

Apenas acenei com a cabeça e sorri me levantando da cama, mas antes que eu conseguisse me levantar por completo, senti mãos grandes e tremulas segurarem em meu braço.

—Pensando bem... Eu deveria ir embora... Não quero te dar trabalho, e também o primeiro ônibus sai às cinco horas. — Balbuciou com um rosto decidido.

—Nem pensar, você não vai sair esse horário, ainda mais em seu estado atual, e não vou aceitar reclamações.— Articulei me afastando dele e indo até a cozinha.

Enquanto caminhava o escutava suspirar, mas ele logo aceitou que eu não o deixaria sair daquele jeito. Esquentei a água e peguei uma caneca preta e o saquinho com o chá e após a água ferver coloquei a água na caneca junto do chá.

Voltei alguns minutos depois com a caneca em mãos e ofereci ao Oliver, que bebeu de forma lenta e não falou muito sobre o pesadelo dele, e eu por minha vez não quis perguntar, deveria ser algo íntimo dele.

Depois do ocorrido, escovamos os dentes. Eu tinha uma escova reserva que dei a ele, e o ajudei a ajeitar seu cabelo e arrumei meu cabelo logo depois e ambos sentamos no sofá enquanto víamos a hora passar, e no fim eu não acabei dormindo como queria, mas ao menos Oliver estava melhor.

Em meio à espera de dar o horário do ônibus dele, eu perguntei a ele de forma curiosa e protetora sobre os tais agiotas que o atormentavam tem um tempo.

—Você ainda deve muito a eles?— proferi me espreguiçando e bocejando no sofá.

—Não muito... Apenas quinhentos reais... Mas como só poderei pagar semana que vem o valor ira se tornar setecentos reais.—Expressou de forma derrotada.

—Espera, acho que posso te ajudar com isso— Me levantei e fui até meu quarto e Oliver por sua vez, ficou sem entender.

Abri uma caixinha de jóias, que na verdade era de dinheiro, sempre tive a mania de guardar dinheiro para algo imprevisto.

Comecei a contar as notas de cinco, dez e vinte. E pro meu espanto e até mesmo sorte tinha quase oitocentos reais ali, eu também trabalhei demais esse mês, não me admira. Voltei até o sofá com as notas em mãos e as ofereci a Oliver sorrindo.

—Espero que isso te ajude, tem seiscentos reais aí, acho que é o suficiente pra você conseguir pagar eles o quanto antes.— Estendi a mão com as notas para ele, que pegou sem entender muito bem.

—Ava... Eu não tenho como aceitar isso...— Gesticulou empurrando gentilmente minha mão.

—Ah, mas você vai... Depois você me paga, relaxa.— Empurrei minha mão novamente com um rosto decidido.

Após pensar muito Oliver acabou aceitando, eu me sentia na obrigação de ajudá-lo, afinal, ele fez isso tudo para ajudar com o tratamento da mãe dele, que infelizmente morreu não muito tempo depois dele conseguir o dinheiro, porém, ele já tinha pagado todo o tratamento e o hospital não quis devolver o dinheiro porque alegava que chegaram a gastar recursos com ela, uma verdadeira injustiça. E ele tentou colocar na justiça, sem sucesso, o pedido foi recusado.

Depois de ficar remoendo o passado dolorido de Oliver olhei para o relógio da parede e vi que eram quase cinco horas da manhã. Então avisei Oliver e apenas pedi para ele esperar eu me arrumar, o que não demorou nem mais do que dez minutos, coloquei um vestido de pano por conta do frio matinal e um chinelo bege da mesma cor do vestido e peguei a chave para abrir a porta do apartamento.

Porém, quando estava prestes a abrí-la, vi Erza pronto para bater nela, o que fez com que o impulso da porta o fizesse cambalear para trás, eu apenas tive tempo de vê-lo arregalar os olhos quando viu Oliver, e sua surpresa logo deu lugar ao semblante de irritação.

—Erza... Bom dia... Precisa de alguma coisa?— Disse deixando a porta aberta o suficiente para que ele pudesse me ver.

—Oh não, não. Apenas queria ver como você estava—Erza sorriu, mas eu pude sentir seu olhar ir direto para Oliver.

—E quem é ele?— Gesticulou sorrindo na direção de Oliver, que sorriu de volta de forma constrangida.

Demorei a responder de certa forma na minha cabeça a pergunta era muito invasiva e ousada da parte dele, mas antes que tivesse a chance de responder Oliver levantou e se pôs a minha frente.

—Sou amigo dela... E você quem seria?— Disse com uma voz grave.

Assustei-me com aquilo, Oliver não era assim, mas imaginei que foi uma forma de me proteger e achei legal da parte dele.

—Oh... Perdão sou Erza. Apenas um vizinho de sua... Amiga. Murmurou debochando e com certa raiva que era bem palpável.

Antes que ambos discutissem por algum motivo que eu não entendera, eu desconversei e me meti no meio dos dois.

—Oliver, seu ônibus vai sair a quinze minutos, precisamos ir— Pigarreei o puxando pela mão e deixando Erza de lado, apenas parei para me despedir dele.

Enquanto andava até as escadas com Oliver, tive uma leve sensação de ver o rosto de Erza ficar sombrio, mas quando olhei novamente o vi entrando em seu apartamento, talvez fosse somente impressão minha.

Conseguimos chegar com cinco minutos de antecedência ao ponto de ônibus e logo depois Oliver embarcou e seguiu viagem e eu voltei para meu apartamento para me preparar e sair para o trabalho.

O Perigo Do PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora