Capitulo 7- Suspeitas

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Nem eram onze da manhã e eu já estava parecendo um zumbi. Naquele momento eu me arrependi momentaneamente por não ter me forçado a dormir nem que fossem ao menos uma hora.

Por sorte o movimento na loja estava parado e eu sempre tinha permissão para tomar um café, não que desgoste de café, mas é algo que só tomo quando acho necessário. E hoje acabou se tornando mais do que necessário.

Quando deu meio dia a loja ficou bem cheia, várias crianças acompanhadas de seus pais comprando bolos e doces me fizeram perder o tédio, mas admito que uma delas em especial me fez querer rir até morrer.

—Mãe, mãe, mãe!— Disse a menina com um longo cabelo loiro usando um uniforme escolar—Eu quero aquele bolo de chocobati!— Continuou a menina dando um sorriso colgate.

—Filha... Aquele é caro... Que tal esse?— Murmurou a jovem mulher de cabelo escuro pegando uma fatia simples de bolo de chocolate embalado na prateleira.

— Não... Eu quero o outro de chocobatiiiiii!— Pestanejou fazendo a mãe perder a paciência.

Naquele momento eu me segurei para não rir, não pelo fato da menina ser mimada, mas por ela falar errado a palavra ''chocolate'', admito que aquilo alegrou meu dia, após muita insistência da menina que parecia ter uns seis anos, a mãe acabou por vencida e comprou a fatia de torta da qual a menina queria.

Após isso fui almoçar no restaurante de sempre e tive certa surpresa, Oliver não estava lá, a dona do restaurante estava colocando um grande cartaz de ''precisa-se de ajudante de cozinha'' aquilo fez meu coração pesar, algo não estava certo, e eu precisava saber o que era. Parei antes que ela terminasse de colar totalmente o papel na porta do estabelecimento.

—Oliver não está mais trabalhando aqui?— Gesticulei de forma educada.

—Ele pediu demissão ontem à tarde, você o conhece?— Disse desconfiada.

—Ah sim, a gente conversava bastante no seu restaurante— Murmurei sorrindo

—Desculpe não poder ajudar, ele não me deu detalhes— Falou voltando ao que estava fazendo.

Sai de lá pensativa, Oliver apareceu ontem no meu apartamento de tarde, será que não foi somente os agiotas? E será que ele pegou o dinheiro que dei para ele para fugir? Algo não estava certo.

Voltei ao meu trabalho com esses pensamentos martelando em minha cabeça e decidi que quando saísse do trabalho ligaria para ele. Fiquei a tarde inteira quase sem clientes e quando ia fechar uma pessoa conhecida entrou com passos lentos, Era novamente Erza.

—Que sorte, achei que já estava fechando— Gesticulou tirando seu sobretudo bege.

—Para sua sorte, não— Sorri tentando não soltar um suspiro.

Dessa vez ele não parecia indeciso, pelo contrário, ficava me encarando como se quisesse dizer algo, se eu não estivesse com tantos problemas em minha cabeça e com sono, com certeza iria achá-lo mais atraente do que o normal.

—Na verdade... Eu apenas queria te ver... Hoje mais cedo não tivemos tempo de conversar— Balbuciou sorrindo.

—Poderia ter esperado eu chegar em casa, mas agradeço sua preocupação — sorri levemente.

Não tinha cabeça para seja lá o que ele precisasse, eu só queria saber se Oliver estava bem.

—Que tal irmos num encontro amanhã? Pigarreou se sentando numa mesa a minha frente.

—Hã? O quê? Disse me desequilibrando e quase caindo sobre o balcão.

Erza por sua vez apenas deu uma risada se divertindo com minha reação, naquele momento parecia que toda preocupação com Oliver e toda desconfiança sobre Erza tivessem se evaporado. Eu fiquei envergonhada e completamente surpresa e claro animada também, o que só piorou minha vergonha.

—Está tão surpresa assim? Perdeu até a fala? Gesticulou se levantando e se debruçando no balcão enquanto me encarava.

—Tá bom...— Falei me afastando para a porta dos funcionários tentando segurar minha felicidade.

—Acho que posso às dezenove horas amanhã... E espero que me surpreenda— Continuei sorrindo e o olhando de soslaio.

—Fechado então... Até amanhã Ava— Disse com uma piscadela e se levantou para ir embora.

Após esse momento totalmente improvável eu fechei a loja e liguei para Oliver, que demorou alguns minutos para atender minha chamada.

—Oi Ava... Algum problema? Atendeu com certa surpresa.

—Problema? Porque não me falou que iria sair do emprego? Disse um pouco irritada e só escutei um suspiro vindo do outro lado da linha.

—Desculpe... Depois de tudo que aconteceu, acabei esquecendo, mas achei um emprego melhor, te juro — Murmurou com a voz calma.

—E posso saber onde é? E o que você vai fazer nele? Pronunciei com uma voz séria.

—Então... Sobre isso... É um pouco diferente do que você está acostumada— Comentou com certo receio.

Apenas fiquei calada na linha esperando ele continuar, e ele sabia muito bem quando eu ficava irritada.

— Tá bom, tá bom. Eu consegui um emprego numa boate como segurança— Falou pacientemente.

—E essa boate não é a dos agiotas, né?— Murmurei o repreendendo.

—Eu juro que não. Eu já os paguei, agradeço demais pela sua ajuda, assim que conseguir a quantia eu te devolvo. Eu vou precisar desligar, estão me chamando— Disse sendo interrompido por uma voz feminina que dizia algo que não consegui entender.

E então ele desligou e eu fiquei a ver navios. Provavelmente ele deve ter achado que isso me deixou mais calma, mas pelo contrário, eu o conheço bem demais para saber quando ele mente, e esse era um desses casos e aparentemente estava lidando com duas pessoas que estavam escondendo coisas de mim. Primeiro Erza e agora Oliver, onde vou parar?

O Perigo Do PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora