Capitulo 29-Melancolia

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Acordei em desespero e gritei o nome de Erza de modo a encontrá-lo, deveria ter sido só um sonho ruim, certo?

Tentei me levantar com pressa e quem me manteve sob a cama não fora Erza e sim Oliver que pedia a todo o momento que eu me acalmasse e foi nesse momento que percebi que tinha tudo sido real.

Olhei em volta e entendi que estávamos em um dos quartos da boate e isso serviu um pouco para que eu ficasse mais à vontade. O medo de que Erza estivesse morto ainda estava me deixando nervosa.

Voltei meu olhar para minhas mãos e, embora elas estivessem limpas, eu ainda enxergava o sangue de Erza manchando-as, eu as chacoalhei e as esfreguei em minhas roupas com a intenção de limpá-las e afastar aquela visão de minha mente. Voltei a mim quando senti Oliver me abraçar forte e isso fez com que as lagrimas reprimidas viessem à tona. Não sabia o que dizer e apenas fiquei chorando por alguns minutos no ombro de Oliver.

— Ele está no hospital... Estão operando ele. — Disse dando tapinhas em minhas costas.

— Ele vai ficar bem, certo? — perguntei em um pulo enquanto afastava gentilmente Oliver.

— Não sei, o estado dele é grave — Falou com um semblante de tristeza.

Após nossa curta conversa, Oliver pediu para que eu tomasse um banho e me arrumasse que iríamos ao hospital.

Tomei o banho mais rápido que podia lembrar e me vesti com a primeira muda de roupas que vi, um vestido preto bem simples e por fim coloquei um chinelo preto e sai do quarto.

Enquanto andava para fora do lugar vi Adriel desviar o olhar do meu, ele parecia se sentir tão culpado quanto eu, porém, antes que saísse do lugar corri até ele e o abracei. Percebi sua confusão, mas retribuiu meu abraço.

Após esse momento de afinidade segui para o carro de Oliver e fomos até o hospital onde Erza estava. Chegando lá, Oliver teve que falar com a atendente porque eu só conseguia gaguejar e depois de uma pequena conversa, Oliver me levou até o setor em que ele se encontrava.

Como não podíamos entrar, sentei-me na cadeira mais próxima, a ansiedade e o medo foram tão grandes que cheguei a roer todas as minhas unhas.

Depois de duas horas, um médico saiu da sala e conversou com Oliver que estava com o rosto neutro e isso me deu esperanças. Quando eles acabaram de conversar, corri até Oliver com as mãos tremendo, eu queria escutar que tudo estava bem, porém, quando Oliver se virou para mim, percebi que as notícias não seriam tão positivas quanto gostaria que fossem.

— Ava eu sinto muito... O Erza infelizmente não sobreviveu, os médicos tentaram de tudo, mas a bala pegou um de seus pulmões e... — Falou enquanto tentava me acalmar.

Após processar que Erza morreu meu corpo perdeu todo o equilíbrio e função motora era como se eu não conseguisse respirar minha garganta estava se fechando e Oliver tentou me pegar antes que eu caísse, porém, cai no chão, desorientada.

As lagrimas não saiam e quanto mais tentava me levantar, mais via o chão e minhas mãos ficarem novamente vermelhas, como se aquilo fosse um aviso de que a culpa foi minha.

Oliver conseguiu me levantar depois de algum tempo e me arrastou para fora dali, não conseguia ver nada com clareza, minhas mãos tremiam e meu corpo pendia para frente.

Quando Oliver entendeu que eu poderia ficar em pé por alguns segundos, ele abriu a porta do carro e, devido a minha desorientação, andei lentamente para a rodovia que tinha vários carros em alta velocidade, não entendia porque meu corpo fazia aquilo, porém, meu sentimento era me jogar no asfalto e ser atropelada, talvez assim essa dor parasse.

Escutei várias buzinas soarem ao longe e até mesmo tentei sair dali, porém minhas pernas não tinham força alguma para correr. Foi quando senti alguém me empurrar para o gramado do outro lado da estrada, era Oliver que respirava pesadamente.

— Você está louca?! — Gritava enquanto me segura forte sob a grama.

— Sem ele eu prefiro morrer, você nunca entenderia! — Respondi gritando e me debatendo.

— Como pode me dizer isso? Eu sei muito bem o que é perder alguém! — Disse ainda me mantendo firme no chão e continuou — E não é porque essa pessoa morreu que vou me matar, sua anta! — Gesticulou me levantando e me colocando em seu ombro.

Tentei lutar, porém, sabia lá no fundo, que ele tinha razão. Quando percebi isso parei de lutar e o deixei me colocar novamente no automóvel.

— Você pode chorar, gritar, espernear, porém, nunca vou deixar você se matar você entendeu, Ava? — Balbuciou enquanto dirigia me olhando pelo retrovisor do carro.

Não respondi, estava atordoada demais para falar algo, só queria que esse dia infernal acabasse logo.

O Perigo Do PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora