Acordei feliz e por poucos segundos tinha esquecido a noite anterior. Espreguicei-me animada antes de sentir uma forte dor nos meus músculos do braço, perna e abdômen, parecia que eu tinha feito uma série de exercícios pesados na academia.
Então as memórias foram inundando minha mente e isso me fez me sentir mal, como pude ser tão imprudente a esse ponto?
Cheirei meu cabelo por impulso e o cheiro que impregnou minhas narinas não era dos melhores, afinal ontem não tive tempo de tomar banho e, bom, depois ocorreram momentos dos quais não gostaria de lembrar, mas sei que irei lembrar até meu último suspiro.
Com bastante insistência e dor consegui me levantar da cama de Erza e para minha surpresa ele não estava nela, enquanto olhava para ao redor vias minhas roupas de trabalho espalhadas pelo chão.Eu não iria vesti-las, pois provavelmente estavam fedorentas, então, decidi recolhe-las e ir para meu apartamento para tomar um banho e usar roupas cheirosas e confortáveis.
Andei até a porta de Erza e tentei abrir a maçaneta, mas foi então que o desespero bateu, a porta estava trancada e eu não sabia se Erza estava em casa ou não, no medo de ficar presa na casa, olhei todos os cômodos, começando primeiro pela sala e, por fim, o banheiro. Nada! Erza não estava lá.
Enquanto voltava para o quarto nervosa olhei o relógio eletrônico que ficava na mesinha ao lado da cama e vi que eram quase três horas da tarde, eu tinha faltado ao meu serviço e ele nem mesmo teve a decência de me acordar para que eu fosse trabalhar. Isso me deixou com uma raiva avassaladora.
Depois de muito pensar abri as gavetas dele e peguei uma cueca preta e uma camisa azul escura longa o bastante para me cobrir e fui até o banheiro, chegando lá, tomei um longo banho, parecia que estava há um mês sem ver água.
Não consegui lavar muito bem meu cabelo porque só tinha shampoo e condicionar masculinos no banheiro, mas não é de me admirar, afinal, Erza é homem, o que eu esperava achar lá?
Quando terminei coloquei a cueca dele e sua camisa numa velocidade surpreendente e enquanto saía do banheiro pensava como iria sair dali, foi então que lembrei que meu celular estava no bolso da minha calça de trabalho, voltando ao quarto comecei a olhar os bolsos da calça e por sorte achei meu celular com apenas trinta por cento da bateria e com algumas mensagens de minha chefa perguntando por que eu não tinha aparecido ao trabalho hoje, fiquei com medo de ser despedida de vez, mas não respondi suas mensagens, tinha medo do que leria, pelo lado bom dava para ligar para alguém e isso já tinha me acalmado de certa forma.
Quando pensava para quem ligar minha barriga roncou e um enjoo muito forte seguido de um mal-estar, corri novamente para o banheiro e vomitei. Poucos segundos que pareceram horas, me levantei com dificuldade devido às dores musculares e com a tontura ainda em vigor.
Eu fiquei em total desespero, eu sei que fizemos ontem sem camisinha, será que eu tinha ficado grávida assim? Mas não faz sentido, não teve nem um dia, foi então que lembrei que fizemos outras vezes sem camisinha há alguns dias atrás e isso me assustou mais ainda, não conseguia ficar em pé então peguei o celular e sentei no sofá ainda com a tontura e mal-estar me deixando fraca.
Eu deveria ligar para o Erza, mas meu ódio dele estava me dizendo o contrário, então liguei para Oliver que atendeu na segunda chamada.
—Oi, Ava, tá tudo bem? — Murmurou de forma feliz.
—Oliver!...Eu estou presa no apartamento do Erza...e não estou muito bem, preciso ir a um hospital ou algo parecido. — Disse de forma calma, porém dolorida.
—O que? Esse canalha te trancou dentro do apartamento dele? Tem certeza que ele não te drogou nem nada? Eu tô indo agora para aí. — Pestanejou enfurecido.
—N-não...ele não está em casa e não sei o que está acontecen... —Falei enquanto escutei a chamada ser encerrada antes que eu pudesse terminar minha frase.
Logo depois do Oliver desligar a chamada me deu outra vontade de vomitar e eu corri para o banheiro novamente, e aparentemente não tinha mais nada para sair, mas mesmo assim a vontade persistia ali.
Com muita força de vontade escovei meus dentes com uma escova que estava a minha frente, provavelmente era do maldito Erza, mas não me importei e escovei os dentes para tirar o mau gosto da minha boca devido ao vômito e voltei até o sofá deitando ali e me sentindo completamente fraca.
Alguns minutos depois escutei batidas na porta e uma voz conhecida estava me chamando, era Oliver.
—Ava, você tá aí? Eu vou arrombar essa merda de porta. — Murmurou enquanto dava várias pancadas na porta a fim de derrubá-la.
—Eu estou... Por favor, seja rápido Oliver. — Respondi com a voz um pouco baixa, mas não tão baixa que ele não conseguisse escutar.
Só escutava o barulho das pancadas na porta até que escutei um som como se a tranca tivesse caído no chão e Oliver entrou às pressas junto de Adriel.
Adriel me pegou em seus braços sem muito esforço e Oliver a todo momento perguntava se eu estava respirando bem, o que respondi que sim, eles me levaram até o hospital mais próximo de minha casa que ficava a vinte minutos dali.
Chegando lá me atenderam às pressas e me deram várias medicações intravenosas as quais eu nem sabia o nome, e enquanto estava deitada na cama de hospital me perguntava se poderia sair no mesmo dia dali.
Algumas horas depois já me sentia melhor e o médico junto de Oliver e Adriel vieram falar comigo.
—Como está se sentindo, Ava? — Disse o médico me encarando com gentileza.
—Melhor que antes, porém, ainda um pouco tonta. — Respondi com um meio sorriso.
—Isso e normal. Você teve algum estresse ou comeu alguma coisa que parecia diferente do normal recentemente? —Perguntou o médico ainda me encarando.
—Não que eu me lembre, isso não é... Não estou grávida, né? — Murmurei com timidez vendo que Adriel e Oliver também estavam ali.
—Oh, não, haha foi apenas um problema no seu aparelho digestivo, você provavelmente comeu algo estragado e não percebeu por isso a pergunta, não precisa se preocupar, daqui duas horas você poderá ir embora. — Disse calmamente enquanto ria da minha pergunta besta.
— É bom saber isso, doutor, obrigado. — Agradeci enquanto o médico ia para a sala do lado.
Nesse meio tempo Oliver e Adriel me encaravam como se quisessem me contar ou perguntar algo, e como nenhum dos dois tinha iniciativa eu mesma tive.
—Vocês dois querem me contar algo? — Gesticulei levando minha visão para os dois.
—Você sempre sabe me ler, estou preocupado, Erza não fez nada indevido, certo? — Oliver disse com certo receio enquanto Adriel ficava calado observando a nós dois como em tom de consentimento.
—Não se preocupe... Ele não fez. — Respondi com um sorriso amarelo que pareceu deixar Oliver com mais de uma pulga atrás da orelha.
Ficamos num silêncio desconfortável que eu quebrei para não ficar mais nervosa do que eu já estava.
—Obrigado por me ajudarem, o Erza... Ele ligou para mim? — Movimentei olhando para o meu celular que estava na mão de Adriel.
—Disponha senhorita Ava— Disse acendendo o celular e continuou —Não vejo nenhuma chamada perdida dele, então provavelmente não. — Gesticulou me devolvendo o telefone com certa irritação e eu o peguei com certa lentidão.
—Tem certeza que está escolhendo bem seu parceiro? Deixar você trancada não me parece uma boa coisa. — Articulou com preocupação evidente.
—Pra ser honesta... Eu não sei... — Respondi virando minha cabeça para a janela do quarto de hospital.
—Bem, pense nisso, eu e Oliver ficaríamos mais calmos se você tomasse a decisão certa, voltaremos para lhe buscar assim que for liberada, com licença. — Disse se dirigindo a saída junto de Oliver que parou para me olhar antes de sair, mas ele percebeu que eu não queria muito conversar e saiu logo depois de Adriel.
Após isso eu chorei silenciosamente enquanto observava as folhas da árvore mexerem ao vento e foi então que escutei um barulho de chamada no meu celular, era Erza.
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O Perigo Do Prazer
RomanceAva e uma jovem mulher de vinte e quatro anos que possui um transtorno ninfomaníaco é acaba se interessando até demais pelo seu sexy e misterioso novo vizinho Erza. Que por sua vez também esconde segredos alarmantes.