Capitulo 5- Dúvidas

40 4 0
                                    

É terça-feira e estou novamente sentada na sala de espera do consultório da Dra Ana, para minha sorte eu sempre folgo o trabalho às terças, o que me livrava de uma grande dor de cabeça de pedir atestado médico para ela. Em meio à espera peguei uma das revistas de moda que estava em cima de uma pequena mesinha de madeira com tampo de vidro. Comecei a virar as páginas sem muito interesse, até que parei na seção de moda masculina. E devo admitir que era um homem mais lindo que o outro, e eles estarem sempre sem camisa me deixava de certa forma animada.

Esquecendo onde eu estava simplesmente soltei um gemidinho baixo de animação o que fez com que os outros dois pacientes e a secretária olhassem para mim com um rosto de reprovação.

Não tinha um espelho na minha frente, mas com certeza meu rosto tinha ficado vermelho e sorri para eles envergonhada tentando ajeitar minha postura.

Após esse breve momento de vergonha logo a Dra. me chamou e eu entrei no consultório dela de forma lenta e nervosa como sempre. Não sei o porquê, mas ir a médicos sempre me deixa nervosa, ainda mais uma que me conhece tão bem quanto eu mesma.

—Boa tarde Ava. — Disse enquanto eu me sentava e continuou—Espero que tenhamos tido alguma melhora significativa— Sorriu para mim e deu uma rápida olhada em alguns papéis que estavam em sua mesa.

—Não muitas....Na verdade, me sinto cada vez mais suscetível aos meus desejos.— Murmurei encarando sua face de meia idade pensando em como ela conseguia ter um cabelo loiro e liso tão natural.

—Ava...você fez o que combinamos?— Suspirou me encarando com seu olhar verde claro em tom de advertência.

—Eu bem que tentei Doutora...Mas não consigo me concentrar com vários homens gostosos andando por aí. Brinquei a fim de deixar o ambiente um pouco mais leve.

—Lembro-me de dizer para você me chamar somente de Ana, não?— Deu um sorriso animado.

—Ah sim...Desculpe Ana, são os homens gostosos.— Dei uma piscadela a fim de fazê-la rir.

—Meu deus. E cada paciente que me aparece, mas voltando ao assunto em questão...Você tentou pensar em outras coisas e focar em atividades diversas como ao ar livre?— Balbuciou calmamente.

—Fica meio difícil fazer isso morando num apartamento, mas sim, eu tentei ver TV e cozinhar... Essas coisas.— Disse com um sorriso torto.

—Entendo. Isso não diminuiu nem um pouco seu desejo sexual?—Se gesticulou ajeitando a postura na cadeira confortável preta de seu consultório.

—Um pouco sim, mas acho que teremos que ir para remédios, talvez algo para diminuir a libido?— Disse cruzando os dedos na esperança dela me passar algum medicamento.

—Eu não posso prescrever medicamentos, mas talvez possa te encaminhar para um psiquiatra, porém, você sabe bem que isso depende mais de você do que de medicamentos, certo?— Disse me encarando tão profundamente que cheguei a ficar um pouco desconfortável.

—Sim... Eu sei... Vou tentar novamente— Falei engolindo seco, ela sempre sabia me ler.

Ficamos mais trinta minutos conversando e nesse meio tempo ela me passou alguns exercícios para fazer, lista de livros e música relaxantes, tudo que podia para que eu tentasse não pensar em sexo ou algo parecido.

Eu bem quis conversar sobre o Erza com ela, mas por algum motivo não sentia que isso seria necessário, ao menos não agora.

Voltando para casa me assustei com o Oliver parado na porta do meu apartamento, ele estava encharcado de suor e suas mãos estavam tremendo bastante, corri até ele preocupada.

—Oliver? Tá tudo bem?— gesticulei abrindo a porta e o colocando para dentro.

—Eu....estou, eu só tive uma pequena discussão com algumas pessoas.—murmurou sentando no meu sofá e levantando a cabeça para manter contato visual comigo.

—Que pessoas? Não me diga que eram eles de novo?—Falei me sentando ao lado dele e o abraçando.

Oliver tinha pedido dinheiro emprestado a alguns agiotas de nossa redondeza, mas ele não conseguiu pagar toda a quantia, e isso fez com que eles o sufocassem a ponto de deixá-lo com vários problemas psicológicos, como síndrome pânico e ansiedade.

Ele por sua vez não me respondeu apenas tremendo sem parar, isso me deixou totalmente em desespero e o levei para o banheiro tirando a roupa dele.

—Toma um banho...vai ajudar, vi na internet que banho gelado ajuda a acalmar a mente e corpo.—Disse o colocando em baixo do chuveiro somente de cueca, eu não me atreveria a deixá-lo pelado ali, ainda mais na minha condição.

Ele novamente não me respondeu, e com medo dele fazer alguma loucura eu fiquei virada de costas o olhando de soslaio por alguns minutos até ver que seu rosto não estava tão pálido quanto antes, aos poucos ele parecia estar voltando ao normal e isso me acalmava.

Ele saiu do Box e se secou, sai dali e fui pra sala um pouco nervosa, mas por algum motivo estava animada também.

—Acho que vou ter que me vestir sem cueca... Ela está encharcada— disse com um sorriso envergonhado e com uma de minhas toalhas rosas pendurada em seu quadril.

—Ah...é...acho que sim— desviei o olhar do dele sentindo meu corpo esquentar e minha respiração ficar pesada.

Para minha sorte ele logo percebeu que estava praticamente me provocando e foi até o banheiro se vestir, e quando voltou andava como alguém que estava com dores musculares, acho que era estranho para ele andar sem cueca, o que me fez rir.

—Obrigado por isso...não sei o que seria de mim sem você, Ava— Se sentou no sofá novamente.

—De nada... Amigas servem pra isso— dei uma piscadela olhando o longo cabelo dele encharcado.

—Porque vocês, homens não sabem se cuidar? Deixe-me secar seu cabelo— Disse sorrindo e pegando uma toalha e pente no meu banheiro.

Voltei em tempo recorde, sempre gostei de cuidar de cabelos e afins, sequei e penteei até que seu lindo cabelo estivesse em ordem e quando vi, já eram quase vinte horas da noite, como já era tarde e eu também tinha medo de algum agiota querer matá-lo ou machucá-lo, sugeri que ele dormisse em meu apartamento, o que ele aceitou sem pestanejar.

Logo nos deitamos na cama de casal e ficamos conversando por algumas horas antes de ambos caírem no sono.

O Perigo Do PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora