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Xiao Zhan

— Não sabia que o SuShe gostava de ômegas assim — Kennan, meu guerreiro mais jovem, fala com tom de riso, tirando-me dos pensamentos sombrios.
Estou sentado refletindo sobre esse casamento horrível, sem prestar atenção na festa à minha frente.

Olho para ele sem entender. Então, Kennan aponta para o local que SuShe está.
Franzo o cenho ao notar que ele está conversando com muita intimidade com... espera aí? Aquele ali não é meu esposo?
Sinto uma queimação no estômago que nunca senti antes. Ele não teria coragem. Ou teria?

— Ele gosta mesmo de você. Fará com que o seu ômega grandão  fique feliz sem te incomodar, pedindo atenções — Kennan continua, sem perceber que meu humor mudou..
— Já que você tem MianMian para
satisfazer seus desejos, o ômega também terá — termina rindo muito.

Olho com ódio para ele.
— SuShe deveria ter mais respeito! — profiro raivoso. .

Kennan me olha sem entender.
— Você só precisa produzir um herdeiro com ele e nada mais.
Tenho vontade de dar um murro nesse guerreiro idiota. Como se fosse deixar meu esposo nas mãos de outro. Ele pode não ser o que queria, mas agora é meu ômega.

Não falo mais nada e me encaminho em direção aos dois traidores.
Sinto meu sangue ferver de ódio ao ver a maneira como ele fica à vontade com SuShe.
Assim que chego perto, Yibo está sorrindo para o meu amigo com adoração. E SuShe enlevado por Yibo. Que raiva! Eles não têm respeito por mim?

Acabamos de nos casar e ele já está de charme para outro alfa?

Deveria estar dessa forma comigo e não com ele.
Ao notar minha aproximação, o ômega fecha o semblante e o meu amigo sorri amplamente.
— Oi, amigo. Estou aqui conversando com seu  encantador esposo — comenta o óbvio parecendo até que está debochando de mim.
Nesse sentido, minha fúria aumenta tanto que me aproximo dele muito sério. Quando percebe minha expressão de insatisfação, seu sorriso se desfaz e franze o cenho sem entender. .

Yibo abaixa a cabeça, dando a impressão de que sente remorso.
Deve ser mesmo. Não tem nem um dia que estamos casados e ele já está dando intimidades para outro alfa.
— Melhor irmos daqui a pouco! — aviso com a voz tensa.

Ele me olha sobressaltado.
— Posso saber a razão? — pergunta-me confuso com sua voz doce, que faz ondas de calor passarem em meu peito.

— Porque eu quero — respondo duramente, pois não gostei do efeito que sua voz causou em mim.

Penso que vai abaixar a cabeça de novo, porém me encara desafiante.
— Podemos ir amanhã. Agora está ficando tarde — ele argumenta com a voz trêmula, mas mantém sua cabeça erguida.

Corajoso. Vejo que me dará trabalho. Suspiro insatisfeito.
— Sendo meu esposo tem que fazer o que mando. Entendeu? — Aproximo-me dele ameaçadoramente.

Yibo estremece, no entanto não se move fazendo-me ficar cada vez mais irritado.
— Não vou, não. — O  novo conde Xiao Wang continua me encarando sério. Sua voz sai baixa, contudo não mais trêmula como antes.
Percebo um brilho de ódio em seu olhar, como se estivesse se rebelando. Não sei se gosto disso. Mas me causa um calor diferente no corpo. Fazendo a irritação ir embora e vir outro sentimento que não sei identificar qual é. Olho os lábios rosados dele e... Não! Obviamente que não estou sentindo desejo por ele.

Entretanto, por um instante, lembro-me dos poucos segundos que pressionei meus lábios aos dele e senti arrepios excitantes passarem pelo meu corpo. Infelizmente, tenho que admitir que não senti asco, na verdade me peguei querendo que o beijo durasse mais. Porém, só notei isso quando me afastei com rapidez e foi tarde demais para fazer o contato durar por mais tempo.

SuShe pigarreia.
— Zhan, vamos amanhã. Vai fazer o menino viajar à noite?
Giro minha cabeça em sua direção, sentindo uma ira que nunca senti por ele.
— Quem manda aqui sou eu! — rosno.
Seus olhos arregalam, pois nunca falei assim com ele.

— Posso saber o que houve? — questiona-me magoado.
Bufo de descontentamento.

— Já que milorde está irredutível quanto a isso, vou ajeitar minhas coisas — meu esposo fala com ressentimento e sai. Entretanto, antes de sair dá um sorriso gentil ao SuShe, fazendo-me sentir um desconforto no estômago.

— Poderia me informar o que está acontecendo com você? — SuShe indaga assim que Yibo está longe o suficiente para não ouvir.

Encaro-o com ódio.
— O que pensa que está fazendo? O fato de não querer meu ômega, não quer dizer que deixei o caminho livre para você.

Ele me olha sem entender.
— Não entendi.

Chego bem perto dele, beligerante.
— Ele é meu ômega. Entendeu?

SuShe franze o cenho.
— Eu sei.

— O que vi aqui não pareceu que sabe. Esse tipo de intimidade não pode ter com ele.

— Que intimidade? — Ele solta o ar como se estivesse ficando sem paciência. — Todos o ignoravam. Reparei como estava triste — acusa-me com um olhar duro.
— Ele está morrendo de medo de você!

Essa frase causa-me remorso porque não queria que ele sentisse isso.

— Então, eu vim acalmá-lo.

— Entendi. Nesse sentido, se achou no direito de encostar a mão nele?!

SuShe revira os olhos.
— Está parecendo um marido com ciúmes! — retruca com ironia.

— Não estou com ciúmes. Porém, sendo meu esposo não pode ter esse tipo de intimidade com ele! — profiro quase rosnando.

Ele dá uma risada leve.
— Você sabe que “distraindo-o” faria com que ele não te incomodasse, nem se importasse com MianMian.

Meu sangue ferve de raiva e seguro a roupa dele puxando-o para bem perto.

— Nem sonhe com isso. Yibo é meu! — declaro furioso.

SuShe só ri divertido.
— Está bem — ele pronuncia risonho. Mas noto que falou sério.

Solto a roupa dele desgostoso. Quem ele pensa que é? Yibo é meu, mesmo eu não estando satisfeito com o casamento! SuShe deveria saber que não deveria desejá-lo.

Sempre foi como um pai para mim. Estou me sentindo traído. Olho-o ressentido e ele muda o semblante.
— Para de pensar besteira. Nunca iria tocar nele, Zhan. Além do fato dele ter a idade que meu filho teria se... estivesse... entre nós. — Como sempre, quando fala dele sua voz embarga um pouco.

— Como se idade te preocupasse para aliviar seus desejos carnais — comento de forma cruel, arrependendo-me rapidamente pela maldade em minhas palavras. No entanto, não posso evitar porque me sinto magoado com suas atitudes.

— Nunca gostei de me deitar com ômegas  muito novos. — Fita-me ofendido.

Ao notar que o magoei ao falar dessa maneira, eu esqueço meus sentimentos de raiva. Muita perversidade fazer brincadeiras sobre isso sabendo como o afeta. Perder o filho quase o matou, entretanto, ao me conhecer, ele esqueceu dos problemas e cuidou de mim, além de ter sido o melhor guerreiro que tive até hoje lutando ao meu lado.

— Perdoe-me, mas não quero você tendo esse tipo de intimidade com Yibo.
SuShe encara-me determinado.
— Não irei me afastar dele. Você já está tornando tudo muito difícil para ele. Pode ter certeza de que irei protegê-lo do milorde se for necessário.

Quase avanço para cima dele, contudo ele sai sem se importar com a minha ira e minha respiração fica alterada de raiva. Fico um tempo pensando se vale a pena ir atrás dele e fazê-lo se arrepender do que disse,
mas tento me acalmar respirando fundo e penso que é melhor mandar meus guerreiros se ajeitarem para irmos embora. Não aguento mais ficar nesse lugar.

(....)

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