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     Wang Yibo

— Está melhor? — Isaura indaga quando levanto da cama um pouco desnorteado.

— Não sei. — Passo a mão na minha testa tentando entender o que aconteceu.

— Quer comer alguma coisa? Já passou do horário do almoço.
Apenas aceno positivamente, pois minha cabeça está rodando.
Encosto a cabeça no travesseiro, como se fosse difícil ficar com o corpo erguido. Aos poucos, começo a recordar-me de tudo e o mal-estar me consome por inteiro.
Fico remoendo tudo que tem me acontecido até agora, sentindo que as forças e animação que sempre tive sumiram, ficando, apenas, um estado letárgico e reflito se vale a pena continuar acreditando que minha situação vai melhorar um dia.
Penso sobre a minha vida infeliz até minha criada chegar com a comida.
Apesar de não sentir fome, eu não reclamo e como, porque se eu não fizer isso posso preocupar em demasia a Isaura, e não quero que sofra mais do que já está com a nossa condição.

Ela não diz nada, permanece ao meu lado a todo momento, como sempre faz, no entanto, dessa vez, noto em seu semblante que está arrasada por me ver assim, mas tenta mostrar que está bem. E essa constatação me corta o coração. Isaura constantemente mostra-se firme para que eu não acabe decaindo mais. Ela fez a mesma coisa quando o meu pai faleceu.
Tentava me animar sempre que podia para não cair numa depressão profunda.

Quando termino de me alimentar, ela apenas sai, voltando em seguida com um sorriso. Tento retribuir, porém não consigo. É difícil até fazer isso.
E assim passo o meu dia e noite, em um estado apático, sem vontade de fazer nada. Na hora do jantar, Jamile outra empregada da cozinha avisa que é hora de descer, mas informo que não estou disposto. Imaginei que meu marido viria me obrigar a comer com todos, contudo, não o fez e alimentei-me com Isaura e fui dormir cedo.

Algumas horas mais tarde, eu sinto Xiao Zhan deitando atrás de mim, já que meu sono está leve e agitado; ao sentir seu corpo forte fico rígida, de modo que tenho receio dele querer que lhe dê atenção.

— Não vou obrigá-lo a nada, eu só quero dormir com você nos braços
— sussurra em meu ouvido causando-me arrepios.

Como estou me sentindo fraco, não retruco, porém fico tenso ao senti-lo colocar um braço embaixo da minha cabeça e o outro na minha barriga puxando-me para mais perto dele.
Queria muito pedir para ficar longe, mas não consigo e acredito que seja medo. Tenho medo dele me machucar de novo, como fez mais cedo. Meu coração bate tão forte que chega a doer.
Ele beija a minha cabeça fazendo-me respirar com dificuldade, receoso do que possa fazer. Acredito que percebe porque seu corpo fica todo retesado, penso até que vai me soltar, entretanto ele só tira meu cabelo da nuca e beija carinhosamente, causando-me tremores intensos no corpo, e não sei se é de excitação ou de pavor.

— Me perdoa, Yibo, por favor. — Seu hálito quente bate em minha pele e ondas de calor passam desse contato até meu peito. Como sua voz está embargada, sinto o meu coração amolecer um pouco.
Não obstante, logo lembro de tudo que me fez e como me tratou hoje, dessa forma meu coração enrijece novamente e prometo a mim mesmo que, de agora em diante, não vou mais deixá-lo me humilhar e me atingir, mesmo que diga coisas horríveis sobre mim, não vou permitir que suas palavras me atinjam outra vez. Permanecerei quieto, farei tudo como um castelão e esposo devem fazer, mas sem ter ilusões de que um dia terei seu coração. Serei frio e distante, não deixando que saiba o que se passa em meu íntimo.

Não digo nada, só fico esperando o que vai fazer com a respiração presa na garganta, após alguns segundos noto que não fará nada, pois, para a minha felicidade, ele fica em silêncio e eu suspiro de alívio, sem soltar o ar sonoramente, na medida em que tenho medo de fazer qualquer movimento que o estresse. Após alguns minutos que parecem horas, eu escuto sua respiração constante indicando que dormiu, por esse motivo eu me acalmo e em poucos instantes adormeço sentindo uma depressão profunda, sem ânimo para o futuro que está por vir.

(....)

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