30

546 95 12
                                    

        30

    Wang Yibo

— Está confortável, meu bem? — Isaura questiona enquanto afofa meu travesseiro.

Abro um sorriso imenso.
— Impossível não ficar com seus cuidados.

Ela para o que está fazendo e olha-me com um brilho intenso.
— Que bom, Yibo — profere com a voz cortada e me abraça.

É a quinta vez que faz isso desde o momento que meu marido saiu do quarto levando Alexander. Em todo instante para e observa meu rosto, como se quisesse ter certeza de que estou bem ou que estou, realmente, vivo ao seu lado.
Percebo que essa situação mexeu demais com ela, mais do que o dia que meu pai partiu. Talvez tenha sido o fato de eu não ter estado tanto em perigo como hoje.
Sinto meus olhos marejarem com o amor incondicional que ela tem por mim.

— Isaura, senta aqui. — Bato do meu lado da cama, indicando para ela sentar.
Como já me ajudou a tomar banho, me vestir e ainda trocou a roupa de cama, acredito que seja o momento dela parar um pouco.

— Está tudo bem — afirmo quando se senta ao meu lado.

Isaura apenas balança a cabeça.
— Eu... sei.
Engole em seco e tenta se levantar, porém seguro seu braço para permanecer parada.
— Está tudo bem se parar um pouco e chorar; está tudo bem demonstrar fraqueza...

Antes que termine, ela solta um soluço que me faz chorar. Abraça-me de novo com as mãos ainda trêmulas, pois em todo momento que cuidou de mim hoje suas mãos não pareciam firmes.
— Sinto muito, querido. Mas... a imagem de você... — não termina e me aperta mais em seus braços. Ao continuar sua voz fica assombrada. — E... eu matei... uma pessoa.

— Está tudo bem. Você impediu o pior. — Deslizo minhas mãos em seus cabelos. — Não consigo imaginar como é matar alguém, porém pensa que você só me defendeu.
Ela não diz mais nada e só continua a chorar, enquanto eu a acompanho no pranto sentindo o choque, dor e terror soltar, por fim, do meu peito desde o instante que Alexander entrou por aquela porta.

Após alguns minutos, Isaura me solta, pede desculpas e se levanta ajeitando a roupa.

— Nós vamos ficar bem. — Abre um sorriso fraco, mas seus olhos estão iluminados de afeição.

Xiao Zhan entra, subitamente, no quarto nos assustando, meu coração dispara por alguns momentos antes de notar que não é nenhum invasor.
— Perdoe-me, não quis assustar vocês — fala arrependido.

Ele entra no recinto com um olhar receoso. Meu coração palpita com sua visão e a vontade que tenho é de enchê-lo de beijos. Estou quase pedindo que venha para perto quando Isaura avisa:
— Vou buscar Soraya e o filho onde os deixei e farei com ela um caldo forte para vocês.
Ela sai com um sorriso satisfeito e eu fito meu marido com admiração.

Com seu corpo grande e imponente, ele vem em minha direção cauteloso.

Vislumbro seus ombros largos, seus músculos enormes, suas pernas fortes e suspiro embevecida.
Esse homem irresistível me ama e, mesmo que quase tenha sido violado, saber que ele se preocupou em vir me socorrer primeiro me alegra muito.

Pois a maneira que entrou no quarto foi desesperadora e apaixonante, indicando o ímpeto de vir me salvar.

— Eu... espero... que... me perdoe.

Franzo o cenho sem entender.
— Perdoar o quê?
— Ter... permitido que...

— Zhan! — repreendo-o sem deixar que prossiga. — Vem aqui, por favor.

Ele se aproxima e senta no seu lado da cama, um pouco longe de mim, o que me entristece, pensando que talvez tenha sonhado com aquela declaração de amor que fez antes do senhor Baldrick aparecer.

— Você não tem que me pedir perdão. — Minha voz embarga com o desabafo.
— Você tem que me abraçar e me amar como já deveria ter feito há muito tempo.

Seus olhos arregalam, e eu fico abismado por ter tido coragem de dizer algo desse tipo. No entanto, depois de tudo que passei, acredito que não tenho condições de ser ignorado e tratado assim.

Ele não tem que me pedir desculpas por nada. Será que não entende que o que quero é ele aqui do meu lado? Abraçando-me?

— Claro, mas… depois do que aconteceu... eu imaginei que não quisesse que eu... — Engole em seco e fita as próprias mãos e depois o meu corpo. .

Compreendo sua insegurança e abro um sorriso imenso.
— Ah, Zhan! Suas mãos não vão me lembrar do que houve. Entretanto, continuo a falar aproximando-me do seu corpo forte e minha voz fica rouca. — Na verdade, elas têm a capacidade de me fazer esquecer qualquer... coisa.

Seus olhos esquentam e abruptamente ele me agarra, pega-me no colo e beija-me com sofreguidão. Embora tenha me assustado um pouco, eu não impeço, pois poucos segundos depois eu só sinto arrepios deliciosos perpassarem meu corpo. Apesar de hoje não estar em condições de fazer amor com ele, eu preciso senti-lo perto, preciso sentir suas mãos e lábios até adormecer, o que não está muito longe de acontecer, de modo que a exaustão começa a atingir meu corpo.
— Estava com medo de estar sentindo raiva de mim... de não me perdoar por... — Passa as mãos no meu corpo, mas não com malícia e sim com devoção, saudade e amor. Ele observa meu corpo como se tivesse medo de me machucar ou... não sei.
Só sei que meu marido está diferente hoje, mais romântico, carinhoso e... perfeito.

— Como posso sentir raiva de você depois de saber que sente a mesma coisa que eu? Como posso sentir raiva ao saber que veio à minha procura com rapidez?

— Não fui rápido o suficiente. — Sua voz embarga e sinto minha camisa de dormir molhar, então levanto sua cabeça com delicadeza e vejo que meu guerreiro bárbaro está chorando.

Meu coração aperta e meu amor por ele aumenta ainda mais ao vê-lo vulnerável.
— Zhan, para mim você não ter sido morto é o que importa.
Ele solta um soluço sofrido e me aperta mais em seus braços.

— Mas... ele... — solta um rosnado que me faz tremer contra seu peito e não continua, porém eu entendo.

— Mesmo que tenha me tocado, é só com você que alcanço o paraíso.

Além disso, ele nunca iria conseguir destruir o que tenho por dentro.

Xiao Zhan beija meu pescoço, orelha, queixo e meus lábios, com uma delicadeza que me emociona.
— Mesmo assim, isso não devia ter acontecido e... eu prometo...
Encara-me com intensidade e sinto ondas de calor pelo corpo com a firmeza de suas palavras.

— Não vou deixar mais ninguém... ninguém... encostar em você com violência e brutalidade. E eu vou ser o melhor alfa e marido para você,te amando e respeitando.

Sorrio enlevado e deslizo minhas mãos em seus cabelos.
— Eu sei, querido. — Acaricio seu rosto e o cansaço do dia intensifica em mim.
— Abraça-me até o amanhecer, meu amor, que tudo ficará bem.

Depois de dizer isso, aconchego-me em seus braços, ele deita-me melhor na cama, faz o que peço me apertando em seus braços e eu adormeço com um sorriso satisfeito nos lábios.

(....)

Não escolhi você Onde histórias criam vida. Descubra agora