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Xiao Zhan

— Tenho que admitir que estou feliz que esteja tratando sua ômega  melhor — SuShi comenta com um olhar satisfeito.

— É minha obrigação, não acha? — Tento não demonstrar como ele está me afetando.

Ele franze o cenho confuso, pois nunca me importei em agir de acordo com as regras de comportamento que a sociedade impõe.
— Que pergunta sem sentido. — Solta o ar cansado e fita-me enquanto cavalgamos em direção ao meu castelo. — Quero que saiba que me magoou demais ontem. Esse menino está sendo como um filho para mim.

Meu estômago embrulha ao relembrar das palavras ditas ao meu amigo querido. Sei que fui injusto, mas a maneira que ele o trata me incomoda demais.
— Não importa. Estava com muita intimidade com ele. E isso não vou tolerar.
SuShic abre a boca para retrucar com o semblante nervoso quando Kennan aparece no meu outro lado com um sorriso debochado.

— Está com ciúmes do seu ômega ? — Fuzilo-o com meu olhar mortífero. Penso que irá fazer mais brincadeiras jocosas quando fica sério e continua: — Perdoe-me pela brincadeira, milorde, mas e a MianMian ? Irá se desfazer dela?
— Vejo que seus sentimentos perante seu ômega estão mudando, o que não acho ruim. Mesmo que brinque, a verdade é que quero vê-lo feliz e sabe disso. — Seus olhos brilham de sinceridade. — Contudo, se demonstrar que está satisfeito com seu ômega , além de não fazer bem à sua imagem, MianMian  tornará a sua vida um inferno. Ela já pensa que é dona do castelo, ao notar que a sua atenção será dividida com alguém que aprecia, a mesma não irá aceitar bem.

Um arrepio frio perpassa minha espinha ao ser lembrado da minha amante. Ela realmente é uma pessoa difícil de lidar, além de ser possessiva.
Embora pense em me desfazer dela por já não me satisfazer mais há algum tempo e agora pelo meu ômega , sei que se fizer isso será um martírio de duas maneiras: ela não irá aceitar, dando-me dor de cabeça; e meus guerreiros, vizinhos e empregados irão rir de mim pelas costas e isso não vou permitir.

Mesmo que tente controlar, sei que já estão rindo de mim e esse pensamento faz com que meu sangue ferva nas veias de raiva e vergonha.
Infelizmente não posso demonstrar a todos que estou desejando meu ômega. É constrangedor, e não gosto nem de admitir isso para mim mesmo, embora agora seja impossível de negar.

Por esse motivo, viro-me em direção ao Kennan com um sorriso irônico.
— Eu, satisfeito com meu ômega ? — Começo a gargalhar e os dois fitam-me sérios sabendo que estou mentindo, mas meus outros homens não e olham-me orgulhosos, pois falei isso bem alto. — Não delire, homem. Até parece que vou me desfazer da MianMian !

Olho meus guerreiros atrás com uma careta como se Kennan fosse louco, então eles balançam a cabeça concordando, indicando que aprovam eu não desfazer de uma mulher tão linda.
— Que triste, Xiao Zhan . — SuShi parece pesaroso.
— Quando perceber o anjo que é o seu ômega  pode se arrepender de suas atitudes, e ser tarde demais — diz de uma maneira que me dá calafrios, porém eu balanço os ombros como se quisesse me livrar dessa sensação ruim.
Óbvio que não vou me arrepender!  Arrependo-me apenas de ser visto com ele e o desejar como nunca antes desejei um ômega

(....)

    Wang Yibo

Ouço a risada alta dos alfas e suspiro sonhador observando meu marido com seus movimentos másculos e firmes conduzindo o cavalo.
Embora esteja distante deles, eu consigo analisar cada gesto, sorriso e caretas.
— Gosto de te ver assim, menino. — Isaura sorri satisfeita.
— Ter visto ele te tratar com carinho hoje me deu uma felicidade que não imaginei que iria sentir nessa viagem.
Solto o ar encantado relembrando dos seus toques, gentileza e afeição.
— Nossa, eu estou nas nuvens.

Seus olhos brilham de amor ao me fitar.
— Nunca imaginei que um guerreiro como ele pudesse ter uma atitude assim, mas eu só tenho a agradecer por isso.

Eu também nunca teria adivinhado que ele pudesse ser delicado comigo, porém se Xiao Zhan  consegue agir dessa forma, agora, talvez... talvez... ele esteja apreciando ter um ômega  como eu.

Passei a viagem de hoje sonhando acordado, imaginando como seria a nossa vida de agora em diante. Imagino-o me deixando tocá-lo com paixão e gostando; nos jantares só com sorrisos no rosto, pois estará satisfeito com a refeição que escolhi e de elogiar em como estou sendo um bom ômega  e castelão.

Expiro o ar sentindo meu peito transbordar de alegria.
Ao ver o castelo surgindo à minha frente, meu sorriso aumenta e meu coração bate mais forte. Nem acredito que aqui será meu novo lar.
Quando nos aproximamos mais, eu noto que precisa de reformas, mas mesmo assim é bem bonito.

A sensação de felicidade some como um soco na boca do estômago no instante que eu vejo uma morena estonteante chegar perto do cavalo do meu marido, que chegou ao pátio antes de mim e Isaura.

Seus cabelos  parecem que flutuam com o vento, dando mais brilho a essa cor vibrante. Conforme me aproximo mais sinto vontade de sumir. Ela fica mais bonita de acordo com a minha aproximação.

Meu coração afunda no peito ao notar que essa é a MianMian . Minha garganta fecha ao perceber que é impossível competir com ela.
Quando ela estende os braços em sua direção, eu fico tensa. Eles não vão se beijar!

Meu pedido interno não é atendido, pois assim que ele desce do cavalo segura a cintura dela com vontade e os dois se beijam, escandalosamente, como se estivessem sentindo uma saudade enorme um do outro. E essa cena atinge-me com uma intensidade tão grande que parece que ele perfura meu coração com sua espada.

Uma lágrima desce do meu rosto, mas eu logo limpo porque não quero que ninguém veja o quanto essa demonstração de afeto me dilacerou.

Depois de ter parecido uma eternidade, ele a solta e gira o rosto em minha direção. Sinto um frio na barriga com seu olhar, pois parece que, por um segundo, está preocupado comigo. Contudo, é óbvio que não está.
— Esse é seu ômega ? — a mulher questiona distendendo seus lábios inchados pela demonstração acalorada de poucos instantes, em um sorriso debochado.

— Sim, MianMian . Esse é o Yibo. — Meu marido aponta-me com uma careta, demonstrando, claramente, o seu constrangimento.

Engulo em seco esperando ela dizer alguma coisa, já que me olha atentamente enquanto saio do cavalo, quase caindo.
De repente ouço uma gargalhada, então levanto a cabeça e meu estômago queima de humilhação ao observar o semblante de escárnio da MianMian .
— E eu aqui preocupada de que pudesse não me querer mais em sua cama, mas olhando essa aberração eu vejo que me preocupei à toa.

Xiao Zhan  fita-me envergonhado, porém quando ela o encara o mesmo sorri.
— Realmente, não tem motivos para pensar isso. Ele é... — Olha-me de novo de um jeito que me destrói mais. — Hor... roro... so.

Meus olhos ficam marejados e desvio meu olhar. Deparo-me com Isaura fitando-os com ódio.
— Você não precisa da aprovação deles. Se eles te acham horroroso, o problema é deles — sussurra em meu ouvido, depois de se virar para mim, deslizando uma mão em meu braço.

— Eu te amo do jeitinho que é, e para mim tem uma beleza sem igual.
Meu coração se aquece com suas palavras e por um segundo a humilhação é esquecida; no entanto, quando SuShe manifesta-se, eu assusto-me recordando de tudo e sentindo um gosto amargo na boca.
— Que maneira é essa de tratar seu ômega ? O fato de não estar satisfeito com ele, não lhe dá o direito de desrespeitá-lo.

Meu marido aproxima-se beligerante dando-me arrepios de medo.
— Eu trato esse magrelo do jeito que eu quiser.
— Na minha frente não! — SuShe o enfrenta sem medo nenhum e pega na minha mão.
— Venha, que irei mostrar-lhe seus aposentos.

— Quem tem que mostrar sou eu! — Xiao Zhan  berra pegando meu braço com agressividade.

Desvencilho-me com força e saio correndo dali sem saber para onde ir, mas antes eu escuto Isaura informar que nós iremos encontrar o meu quarto sozinhos.

(.....)

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