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Wang Yibo

Estou com o coração apertado ao ver o castelo que sempre foi o meu lar diminuindo conforme cavalgamos para longe. Nunca saí de lá, então a sensação que tenho é de terror. Como vou viver afastado de tudo que é conhecido para mim? 

Isaura ficou nervosa quando informei que precisávamos nos ajeitar para ir embora. Apesar de não ter dito nada, ela estava com lágrimas nos olhos quando arrumava nossas coisas. Também não comentou o fato de viajarmos à noite, já que tem ciência de que ficarei pior. 

Minha mãe pareceu aliviada quando nos despedimos dela. Senti, lá no fundo, que ela não irá sentir a minha falta. Imaginei que fosse doer ao notar isso, porém não me atingiu em nada. 

Nesse momento, cavalgo ao lado de Isaura que está muito silenciosa. 

Qualquer barulho diferente das patas dos cavalos esmagando o mato, fazia com que nós dois pulássemos um pouco na sela. 

Ao entrarmos em uma trilha bastante escura, engulo em seco e olho para Isaura antes de tudo ficar sem iluminação. 

— Vai ficar tudo bem. Só seguir a minha voz. — Escuto a voz tranquila de SuShe e relaxo um pouco. 

Sinto-me seguro com ele, e não é só pelo fato de ter o jeito carinhoso do meu pai, mas também por demonstrar que realmente gosta de mim. Por esse motivo, conforme narra uma lenda, para nos distrair, não tenho mais a sensação de que algo ruim irá acontecer. A sua voz melodiosa começa a me acalmar de um jeito que só meu falecido pai conseguia. 

Depois de algumas horas, em que SuShe ficou incansavelmente tentando nos entreter, uma voz forte, que me faz sentir arrepios no corpo de pavor, anuncia:

— Iremos acampar aqui. .

Meu marido é extremamente ríspido. Percebi que é com todos, no entanto comigo essa rispidez aumenta, como se quisesse reafirmar, a todo instante, da sua insatisfação com o casório. 

O que torna tudo pior foi que antes de viajarmos, quando estavam colocando nossas trouxas nos cavalos, eu ouvi um dos guerreiros dele mencionar que uma tal de ManMian iria ficar muito contente ao ver que o esposo que Xiao Zhan adquiriu era um ômega feio que chegava a doer. Sendo assim, ela não precisaria se preocupar que o conde não vai deixar de procurá-la à noite. 

Aquilo doeu demais no peito, contudo, não foi uma surpresa, dado que os alfas costumam ter amantes. Embora Isaura tenha me dito que o marido dela foi fiel e que conhece casamentos que não tenha traições, eu sei que o meu não será assim. 

Ao ver uma luz a alguns metros de mim, saio dos meus devaneios. 

Observo os guerreiros do meu marido ajeitando um espaço entre as árvores para ser nosso acampamento. 

— Quer ajuda, Yibo? — SuShe pergunta solícito embaixo das minhas pernas. 

Estava tão distraído que não o vi desmontar do seu animal e nem quando ajudou minha criada, pois a vejo me olhando perto dele, então eu sorrio agradecido, como sinal de que irei precisar de ajuda. 

Entretanto, tomo um susto quando alguém o empurra com agressividade e depois me pega com violência. 

— O que conversamos? — meu marido questiona SuShe com a voz tensa, enquanto continua segurando minha cintura com força. 

Olho para Isaura assustado, que possui a mesma expressão que eu. 

— Não posso ajudá-lo? 

— Isso é trabalho meu. 

Tremo todo quando ele me puxa contra si. Observo seu rosto amedrontado. Ele retribui meu olhar com fúria e sinto ondas de ódio vindo dele fazendo com que meu corpo todo gele. Permaneço imóvel com medo de fazer algum movimento que pode deixá-lo com mais ira ainda. 

Xiao Zhan fica um tempo me analisando, depois solta um resmungo. Nessa hora, penso que vai me soltar, mas me puxa com força em direção a um espaço afastado dos guerreiros, aonde tem um cobertor grande estendido no chão. Ele me joga ali com brutalidade. 

— Fique aí! — ordena e olha-me com repulsa antes de sair. 

Olho para os lados procurando Isaura e logo a vejo longe com SuShe. 

Noto que ela me procura também. Ele diz algo em seu ouvido, então segundos depois a visualizo virando o rosto em minha direção. Ela se encaminha para onde estou, porém, o guerreiro de Xiao Zhan a segura e fala outra coisa em seu ouvido, que a faz ficar com a expressão chorosa. 

Minha criada acena, fazendo gestos de que tudo ficará bem, portanto eu sinto lá no fundo que nada vai ficar bem e minha garganta aperta causando-me falta de ar. Lágrimas descem do meu rosto com medo do que irá acontecer a seguir. 

O conde é tão violento comigo que a iminência da nossa noite de núpcias me deixa apavorado. Com certeza não será gentil e esse pensamento faz com que eu chore mais. Olho para as estrelas pedindo em silêncio que meu pai me proteja nesse momento terrível que está por vir. 

Toda vez que me sinto angustiado, eu converso com ele sozinho em meus aposentos. Isso tem o costume de me acalmar, visto que muitas vezes parece que ele ainda está ali me ancorando e cuidando de mim. 

Infelizmente, dessa vez eu não consigo me tranquilizar e fico mais tenso ainda, de modo que qualquer som vindo das matas eu dou um pequeno pulo de medo. Estou em estado de alerta, mas sei que isso não vai adiantar nada porque, quando o alfa  vier para me tornar seu, nem os pedidos silenciosos ao meu pai, ou um milagre ou o fato de estar atento irá evitar que isso ocorra.

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