Capítulo 35

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Lorena

Tínhamos falado com Fabrizio, ele está muito ferido, mas vai sobreviver, o deixamos descansar, entramos no carro e estamos a caminho de um tal "galpão", Darlan disse que foi para lá que levaram Marcelo.

—Amor, precisamos conversar antes de chegar lá, olha, você vai ver meu pior lado agora, pode ser assustador, e perturbador, sabe o que fizeram com o Fabrizio, eu faço aquele tipo de coisa, só que pior. -Ele pareceu um pouco inseguro. —Talvez seja melhor você ficar esperando e entrar só na hora de dar o tiro.

—Não, Darlan, eu quero te conhecer por inteiro, se esse lado faz parte de você, então eu também quero o conhecer.

—Ok, você que sabe, mas se quiser sair de lá a qualquer momento, é só falar com o Vincenzo que ele te tira, e sobre você dar o último tiro, matar alguém não é fácil, vai te perturbar para o resto da sua vida, mesmo sendo esse cara, quer mesmo fazer isso?

—Quero.

Chegamos ao lugar e entramos, confesso que estava um pouco nervosa, Darlan notou isso e segurou minha mão, o lugar tinha muitas manchas e cheiro de sangue, vi Marcelo amarrado em uma cadeira mais a frente, nos aproximamos ficando em sua frente, Darlan soltou minha mão e ficou mais perto dele.

—Eu te admirava, desde criança te admirava, como pôde fazer isso com a gente?

Marcelo apenas estava de cabeça baixa sem responder nada, o senhor Afonse se aproximou.

—Esteve ao meu lado por tanto tempo, e me enganou esses anos todos, por que?

—Eu só pensei, que o que ele estava fazendo iria crescer e dar muito futuro, então resolvi apostar, mas apostei errado.

—Nos trocou por uma aposta? -Afonse falou desacreditado.

—É, eu não deveria ter feito isso, foi muita burrice, sei bem como as coisas funcionam, façam o que vão fazer logo.

—Sério?! Inacreditável, vai falar só isso? -Darlan disse incrédulo. —Marcelo, você não tem noção do que fez? O tamanho do estrago que causou na família, você matou o Leo, tentou matar o Dimitri, facilitou o ataque deles a mim, e nós três admirávamos você desde criança, você nos viu crescer. -Darlan se levantou andando de um lado para o outro com um semblante que oscilava entre raiva e decepção. —Ficou ao lado do louco do Jefferson, sabendo que estávamos o caçando, matou o Leo, outros soldados, tentou matar o Dimitri, por sua causa eu quase morri, o Fab quase morreu, o Enrico morreu no ataque ao galpão, o Pietro, O PIETRO, ATÉ O DON DE OUTRA MÁFIA acabou envolvido nisso, e o Ravi que nem sequer era envolvido com esse mundo, apesar do pai dele ser, Ravi não era.

Marcelo permaneceu calado em silêncio.

—Nós, desde os treinamentos, ensinamentos, iniciação, somos moldados dentro dos moldes, leis, filosofias, códigos e valores da máfia, você passou por isso, sabe que não somos apenas uma organização criminosa qualquer, não usamos o termo família porque é bonitinho, "Ai porque parece legal", lembra o que falamos? "Todos os homens feitos são irmãos, as esposas uns dos outros são nossas cunhadas e nossas crianças são nossos sobrinhos e sobrinhas" Nós cuidamos uns do outros, esse foi um dos pilares quando a família foi criada a muitos anos atrás, apesar de sermos sim um grupo de criminosos e não sermos pessoas boas, não somos um bando de bandidos sem códigos ou valores, você sabe muito bem, então como nos troca assim? Nos trai dessa maneira? Fala que apostou errado e agora fica aí em silêncio.

—O que você quer que eu fale Darlan? -Marcelo disse finalmente levantando a cabeça. —Hein? "Desculpa?" Isso não vai trazer quem morreu de volta, não vai desfazer tudo o que causei a família, e muito menos vai me salvar, eu estou bem ciente de tudo o que fiz, não precisa ficar jogando na minha cara, eu sei o quanto prejudiquei a família, e até quem nem estava envolvido nessa confusão, eu estou ciente de tudo o que quebrei, de tudo o que eu aprendi e acreditei mas que por pura burrice e ganância joguei no lixo, sei muito bem o que causei, e não importa quanto arrependimento eu possa sentir, nada mudará, e também sei como é a punição para quem faz as coisas que eu fiz, para quem trai, já assisti muitas vezes, as coisas que fiz causaram danos, muitos deles irreversíveis, então o que quer que eu diga? Nenhuma palavra de perdão que eu pronunciar desfará o que foi causado, então aqui estou eu, pronto para receber meu castigo, vocês sabem como funciona e eu também sei, então quanto antes começar antes terminará. -Ele respirou fundo. —Apenas vamos logo acabar com isso.

Don Darlan - Máfia, família, negócios e sangue #1Onde histórias criam vida. Descubra agora