CAPÍTULO 43

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  Depois que o médico subiu, aguardei alguns minutos e fui atrás. Não tem porteiro, nem segurança alguma, então foi fácil de subir. Bati na primeira porta que vi e perguntei onde ele morava, uma senhora me respondeu e então subi até o último andar e toquei a campainha do apartamento indicado. Depois de alguns segundos, Zack abriu a porta com um bebê em seus braços. Uma linda menina de olhos verdes e cabelos dourados, é tão pequena e tem os olhos tão atentos. Senti meu coração saltar do peito.

— Cara, eu te pedi pra esperar. - Ele falou da porta. - Entra aí. - Entrei sem dizer nenhuma palavra, apenas parado a observando atentamente.

— Essa é a... - Não consegui terminar a frase. Que sentimento esquisito.

— Quer segurar sua filha?

  Peguei a pequena em meus braços, minhas pernas tremem. Ela é tão pequena, tão linda, tão frágil... Minha filha. Achei que nunca sentiria essa sensação. Imaginei tantas vezes como ela seria, e ela não chega nem aos pés de tudo que sonhei.

— Luiza não está aqui. Ela foi trabalhar.

— O nome dela é Alice. E como assim ela foi trabalhar? São sete da noite.

— Ela é garçonete em um bar.

— Quem fica com a bebê durante a noite?

— Eu. - Nos sentamos no sofá. - Você pode ficar e espera lá, se quiser.

— Obrigado.

|| ALICE ALBUQUERQUE LIMA ||

  Depois que Zack chegou, sai de casa direto para a estação de metrô. O bar fica a alguns minutos daqui. Comecei a uma semana, e fora os bêbados que ficam falando gracinha. É um bom emprego, trabalho com mais duas meninas, mas quase não somos próximas, já que não entendo nada do que elas falam.
  Cheguei, troquei minha roupa e já fui atender as primeiras mesas. A parte mais difícil é lutar contra o sono, já que Cecília quase não dorme durante o dia, é difícil conseguir descansar, mas já estou me acostumando.

   Já passa das três da manhã e a chuva forte que cai lá fora não foi nenhum problema para que o bar continuasse cheio. A maioria dos clientes já está bem bêbado, o que acontece quase toda noite.
  
— Mais um drink? - Perguntei a um dos clientes. Que me responde em português, já que esse é um bar muito frequentado por turistas.

— Se eu comprar um pra você, você se senta comigo um pouco? - Falou me olhando de cima até em baixo.

— Não posso, estou no meu horário de trabalho. O senhor vai querer mais um? - Ele fez sinal negativo com a cabeça e eu saí de perto.

Fui atender outras mesas e quando estava passando com uma bandeja cheia de drinks, senti alguém puxar meus cabelo, me fazendo desequilibrar e derrubar tudo. Quando olho, é o tal cliente brasileiro. Mal se aguenta em pé.

— Você vai sentar ali comigo agora! - Gritou jogando algumas notas de dinheiro em mim. - Eu sou cliente, você tem que fazer o que eu quiser.

O ignorei e me virei para limpar a bagunça, uma das meninas veio me ajudar enquanto alguns clientes olham de longe. Quando achei que o babaca tinha saído de perto, senti sua mão no meu braço, me puxando de novo. Tentei me soltar e quando ouvi a voz do gerente do bar, ele me deu um empurrão, me fazendo cair com a cabeça na quina de uma das mesas, senti algo quente na minha cabeça, e minha visão escureceu...

" Não importa quanto tempo passe, as pessoas mais importantes do mundo estão aqui nesta sala."

" Eu te amo Alice, desde quando te vi naquela boate. Te amo desde o primeiro beijo. "

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