C A P Í T U L O 5

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Hoje é terça feira e eu estou mais que atrasada pra escola, como de costume. Desço do carro correndo e entro na escola. Por sorte o professor não está na sala.
...

Assim que coloco meus pés do lado de fora da escola, meu celular vibra com uma mensagem.

Henrique: Estou do outro lado da rua, dentro do meu carro.

Alice: É um convite?

Henrique: Vem logo.

Sem que Cynthia e Hugo escutem, eu digo ao motorista que vou de carro com o Hugo, e ele vai embora.

— Não vai de carro? - Cynthia perguntou parando ao meu lado -

— Não, eu fiquei de esperar a minha mãe.

— Nós já vamos então amiga, tenho que devolver o carro pra minha mãe. - Hugo disse me dando um beijo no rosto -

— Depois me manda mensagem. - Cynthia disse e eu sorri -

Assim que o carro deles virou a esquina, a BMW parada do outro lado da rua abaixou o vidro preto, mostrando o "senhor convite inesperado" me olhando. Atravesso a rua e entro no carro.

— Como sabe que eu estudo aqui?

— Vi no seu Instagram. - Ele disse sorrindo e se aproximando de mim -

— Então eu tenho um stalker? - Ele sorriu, olhou pra minha boca e me beijou -

  Henrique me levou a um parque do outro lado da cidade... Nos sentamos em uma mesinha perto de uma árvore. Ele está diferente dos outros dias que eu o vi, está vestindo uma calça jeans escura, um tênis esportivo e uma camisa branca lisa...

— Falou pra alguém sobre ontem? - Ele perguntou -

— Não.

— Bom... Vamos deixar entre nós, por enquanto...

— Me trouxe aqui pra que? - Perguntei depois de um tempo calados -

— Pra conversar, não quero que pense que não gostei do beijo ou algo assim, patricinhas surtam com isso. - Ele riu e eu revirei os olhos -

— Já te disse que não sou patricinha.

— É? Bom... Quantas vezes já foi a Disney?

— Acho que três... Mas eu era criança, não conta!

— Teve baile de debutante? Aquela típica festa pra deixar seu pai vinte mil reais mais pobre?

— Tive.

— Já teve namorado?

— Por essa você não esperava. Não, eu nunca tive um namorado senhor espertão.

— Imaginei. - Ele sorriu - Mas, qual é o nome dele?

— Dele quem?

— Do príncipe encantado que tirou sua virgindade e fez você não querer relacionamento sério? - Como ele sabe disso? -

— Ninguém.

— Se não quer falar, tudo bem...

— Beleza, é Lucas. Mais alguma pergunta?

— Está brava? - Ele perguntou sorrindo e eu desvio o olhar para o outro lado - Ei patricinha... - Ele saiu do seu lugar e se sentou ao meu lado, grudado em mim - Vamos a uma festa comigo amanhã?

— É melhor não... Alguém pode nos ver juntos.

— É longe daqui. Fica tranquila... Diz que vai dormir na sua amiga e eu busco você.

— Não está rápido demais?

— Pra mim está no tempo certo... - Ele me beijou - Vou te levar pra casa, antes que seu pai bote a polícia atrás de você.

  Henrique me deixou em casa e foi embora. 
Passei o resto do dia em casa e resolvi aceitar ir a festa com o Henrique amanhã.

E olha, eu não estou me sentindo nem um pouco culpada ou indo muito rápido... A minha vida inteira foi de baixo das asas dos meus pais, sempre sendo a sombra do exemplo de mulher que a minha mãe é. E isso não é ruim, eu amo a minha família e se um dia eu for metade do que a minha mãe é já está ótimo pra mim, mas, é difícil. A única coisa inconsequente que eu fiz foi um dos maiores erros da minha vida, que foi perder a minha virgindade com o meu primo! Eu nunca tive um namorado, nunca fui em uma festa acompanhada de um rapaz, no máximo já dei uns beijos em alguns meninos da escola, mas nunca passei disso a não ser com o Lucas. Não estou criando expectativas com o Henrique ainda, estou curtindo esse comecinho, mas, aquele medo sempre vem quando eu começo a me envolver com alguém. Eu nunca tive alguém que realmente queira ficar... Parece ser palhaçada minha, mas o nome Albuquerque assusta muito as pessoas que se aproximam de mim.

Miguel entra no meu quarto correndo com o celular dele na mão.

— Um site tá publicando umas coisas horríveis do papai. - Ele diz -

— Que site? Deixa eu ver.

Ele se sentou do meu lado e me deu o celular.

" A empresária Suelen Proença procurou um de nossos jornalistas na manhã de ontem, alegando ter provas de crimes cometidos pelo milionário Renan Albuquerque. Entre os crimes, ela citou assassinato, tráfico de drogas e até prostituição de mulheres. " - A esposa dele era uma das mulheres que ele prostituia" disse ela. O que será que o empresário tem a dizer? "

— Cadê a nossa mãe? - Perguntei -

— Foi ao mercado.

— Ela foi sozinha?

— Eu acho que sim, os seguranças dela estão no jardim.

— Os repórteres vão atacar ela na rua.

  Sai do quarto correndo. Quando cheguei no jardim, vi o carro do tio Luan parado no portão, e Lucas entrando pelo gramado.

— Meu pai pediu pra eu pegar a pasta dele que ficou no escritório do tio Renan... - Ele disse -

— Lucas, você precisa me levar no mercado pra buscar a minha mãe, no caminho eu te explico.

Entramos no carro dele e fomos enquanto Miguel mandou os seguranças nos seguirem. Parece exagerado? Mas não é. Da última vez que o nome do meu pai saiu em um desses sites, eu e minha mãe tivemos que ficar escondidas dentro de uma loja no shopping esperando o meu pai. Por que eles nos enchem de perguntas e nós temos que tomar cuidado com as respostas, mesmo sabendo que o papai é inocente.

Expliquei tudo pro Lucas durante o caminho, e quando paramos no mercado que minha mãe sempre vai, uma aglomeração de repórteres estavam na porta do mercado, como eu já previa.
Desci do carro junto de Lucas, e dos seguranças que já estavam abrindo espaço. Passamos pela multidão e entramos no mercado.

— Mãe! - Chamei assim que a vi junto dos funcionários do mercado -

— Alice, o que está fazendo aqui? - Ela me abraçou - Achei que a casa já estivesse cheia de repórteres a essa hora.

— Ainda não. Vem, os seguranças estão lá fora.

Passamos novamente por todos eles, ignorando todas as perguntas, entramos no carro do Lucas e fomos todos pra casa, onde estava toda a família. Sempre que sai uma notícia dessas nós nos reunimos, bom, eles. Nós, os filhos nunca escutamos essas conversas.

— Amor. - Meu pai abraçou a minha mãe e depois a mim - Desculpa ter feito vocês passarem por isso.

— Não precisa se desculpar, pai. Você é inocente. - Eu disse e todos se calaram e me olharam - Vocês tem alguma coisa pra me contar?

— Está na hora de você, seus irmãos e seus primos subirem, e nós vamos pro escritório. - Disse a minha mãe -

PERDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora