C A P Í T U L O 25

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  Henrique e eu dormimos na casa dos meus pais... Bom, eu nem sei se ele dormiu aqui. Assim que chegamos, eu tomei dois dos meus antidepressivos e apaguei.
  Assim que acordo, tomo um banho e me deito na cama, aproveitando para responder algumas mensagens.

Cynthia: O que você aprontou ontem? (10:14 AM)

Alice: Nada que você duvide que eu faria... (10:47 AM)

Cynthia: Tô na área da piscina tomando café com a tia Sophia e com a minha mãe, vem pra cá. (10:49 AM)

Alice: Viu Henrique por aí? (10:49 AM)

Cynthia: Na sala com o tio Renan, tio Luan, Lucas, Guilherme e uns quatro caras da empresa. (10:51 AM)

Alice: Já desço. (10:51 AM)

Como eu nunca fui de cumprir bem o meu papel de "boa menina", hoje não poderia ser diferente!
  Substituo meu pijama de bichinhos por uma lingerie preta com um robe também preto, mas transparente por cima. Calço minhas pantufas, faço um coque no meu cabelo, pego meu celular e saio do quarto.
  O primeiro que encontra meus olhos, é meu pai, que tem um olhar perplexo... Quando chego no fim da escada, todos já me viram, e todos estão sem reação, exceto Henrique, que transpira raiva.

— Bom dia. - Cumprimentei todos e caminhei até onde Henrique está sentado - Bom dia meu bem. - Dei um selinho em seus lábios -

Saí andando lentamente da sala, ouvindo somente o silêncio que causei.
  Passo pela cozinha até chegar na área da piscina, onde encontro mais olhares surpresos.

— Meu Deus, você enlouqueceu? - Minha mãe perguntou assim que me sentei -

— Sabe que vai precisar de mais do que uma vida, não é? Porque, o Henrique vai te matar, depois o tio Renan vai te matar, e o Guilherme vai ajudar a sumir com o seu corpo! - Cynthia disse rindo. Exagerada como sempre! -

— Você está precisando de roupas? O que aconteceu sua louca? - Tia Elen perguntou -

— Envergonhando quem me envergonhou.

Todas ficaram em silêncio, meu corpo todo se arrepiou, indicando o motivo do silêncio. Henrique parou ao meu lado.

— Precisamos conversar. - Ele disse -

— Certo. No meu quarto? - Perguntei o fazendo revirar os olhos -

— Na cozinha!

Ele saiu andando e eu fui atrás. Me encosto no balcão em sua frente, enquanto ele me analisa dos pés a cabeça.

— Está gostando de brincar comigo? - Perguntou -

— Devo estar. Afinal, eu sou uma criança, não é? E é isso que as crianças fazem. Brincam.

— Para de testar a minha paciência! - Ele alterou a voz, grudou seu corpo no meu e segurou no meu cabelo - Vai se vestir, vamos embora. Sem gracinhas.

— Não vou à lugar nenhum com você.

Como a minha opinião não vale de nada! Fui arrastada pelos braços até o lado de fora da casa, e jogada dentro do carro.
  Foi inútil lutar ou até gritar. Ele só parou de dirigir, quando parou no estacionamento do nosso prédio.
Quando vi que destravou o carro e começou a tirar seu paletó, obviamente pra me cobrir, eu saí do carro sozinha, tendo uma vantagem de alguns passos à frente dele, mas fui alcançada e jogada por cima de seu ombro como um saco de batatas. Fecho meus olhos e paro de gritar. Já é humilhante o suficiente...

  Só sou posta no chão quando chegamos dentro do quarto. Henrique me coloca no chão e me joga na cama com brutalidade.

— Insiste em me desafiar... - Ele disse baixo, subindo na cama -

— Não chega perto de mim!

— Eu faço o que eu quiser! - Aproximou seu rosto do meu -

  Dei um tapa em seu rosto e ele segurou meu cabelo com força, me puxando para um beijo. É intenso, forte, com paixão, e molhado pelas minhas lágrimas. Eu odeio esse sentimento, o amor. Me obriga a deixar de sentir toda a raiva que eu sinto. Nunca amei ninguém, nunca dependi do amor de ninguém pra me sentir bem comigo mesma! Só com ele... É só ele. O meu lado racional, que me obriga a pensar e entender, é  ele.

  Henrique me beija com agilidade, rasgando o fino tecido que cobre meu corpo, levou seus lábios até o meio das minhas pernas e beijou com delicadeza. Sua lingua me leva ao céu, explorando cada parte minha. Nosso sexo foi intenso, com urgência e muita saudade...

  A primeira coisa que faço quando acordo é olhar o meu celular, são quase três da tarde e Henrique não está no quarto. Me levanto, tomo um banho rápido, visto um roupão e saio do quarto, o encontro deitado no sofá.

— Porque não me acordou? - Deitei por cima dele -

— Tava olhando uns papéis da empresa. - Respirou fundo -

— Aconteceu alguma coisa? - Nos sentamos um de frente para o outro -

— Seu pai e eu conversamos e... - Me olhou nos olhos - Você vai pra Oxford...

— Como é?

— Nós achamos que, é melhor pra você, ir para a Europa.

— Como assim vocês acham que é melhor? - Me levantei - Semana passada eu disse que queria estudar fora do país e você surtou. Porque isso agora?

— Por nada, eu só acho que não tenho que pensar só no nosso relacionamento. E o seu pai conhece os diretores de lá. Vai ser bom pra você. - Saiu andando para a cozinha -

— Henrique... Você tem certeza? - Fui atrás -

— Vem cá. - Se sentou na cadeira e bateu na sua perna, me chamando -

Fui até ele e me sentei no seu colo. Ele colocou uma mecha do meu cabelo pra trás e me olhou nos olhos.

— Acho que nós dois percebemos que o nosso relacionamento não vai ser fácil. Mas eu quero e vou fazer dar certo! E não posso começar te impedindo de realizar um sonho.

— Eu amo você. - Ele sorriu e me beijou -

Os dias que se passaram foram tranquilos. Henrique e eu estamos bem, e a minha relação com a minha família voltou ao normal. Estou estudando como uma louca, agora nessa reta final não quero perder nada, afinal, Oxford não é pra qualquer um, e ainda mais o curso que quero fazer, medicina. Com tudo isso, não ando tendo tempo pra quase nada, já faz duas semanas que não vejo Ana. Thiago não responde e fiquei sabendo que na semana passada teve uma invasão na comunidade, espero que todos estejam bem.

Estamos no começo de novembro, hoje eu termino as minhas provas finais e eu tô uma pilha de nervo e de cansaço. Quando termino de me arrumar, faço um coque no cabelo, pego a mochila e saio de casa, Henrique ficou de vir me buscar.

— Bom dia estudante. - Me deu um beijo assim que entrei no carro -

— Bom dia. Foi aonde?

— Levar o carro na oficina. Tomou café?

— Nem tive tempo. Acordei tarde...

PERDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora