CAPÍTULO 38

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|| HENRIQUE LIMA ||

(Um mês depois)

A luz que vem das janelas incomoda minhas vistas e faz com que eu me levante do chão da sala, onde dormi ontem, o que na verdade vem acontecendo muito. A garrafa de whisky vazia ao meu lado revela o motivo da minha dor de cabeça, outro fato que acontece muito também.
  Me levanto e caminho até o banheiro. Tomo um banho frio, depois me enrolo na toalha e saio. Antes q eu consiga me vestir, meu celular começa a tocar. É o Guilherme, como todo dia de manhã.

—  Vai chegar atrasado como todos os dias?

Eu tive uma dor de cabeça.

Whisky agora tem outro nome? Tente não chegar atrasado outra vez, meu pai não é tão tolerante como está sendo com você.

Guilherme, seu pai me deu o emprego de volta pra me manter por perto, por medo de que eu vá atrás do Pedro. Eu posso faltar uma semana inteira e ele continuará tolerante.

— Vem logo, não quero ter que fazer seu trabalho outra vez.

...

Desci do carro e na porta da empresa dei de cara com Luan.

— O barbeador quebrou? - Perguntou sendo sarcástico -

— Estou tentando um estilo novo.

  Subimos de elevador juntos e eu desci no meu andar. Entrei na minha sala. Arrumada e limpa, com um copo de café expresso na mesa ao lado de alguns papéis. Me sento e olho fixamente para o porta retrato em minha frente, com uma foto de Alice, me lembro que tirei essa foto no dia da nossa lua de mel, enquanto ela estava dormindo...
  Achei que essa dor diminuiria com o tempo, na verdade só uma parte de mim tentou acreditar nisso. Enquanto a outra parte só conseguiu acumular raiva, uma raiva que cresce cada vez mais.

Sr. Lima, reunião na sala de reuniões do último andar em cinco minutos. - Minha secretária falou pelo telefone -

  Saí da sala e subi até a sala de reuniões. Quando abro a porta, vejo Renan, Luan, Caio, Guilherme e mais algumas outras pessoas. Me sento em um dos lugares vagos e eles começam a falar.

— A inauguração das nossas filiais no Japão e no México foram marcadas para a semana que vem. E como não quero ser o chefe chato que obriga alguém a levar a família embora do país como naqueles filmes de sessão da tarde. - Eles riem da piadinha do Renan - Quero que vocês vejam os prós e contras para cada um de vocês e amanhã me digam quem quer a vice presidência. Agora um outro assunto...

  Ele continuou falando, todos rindo e brincando como se nada tivesse acontecido. Parece que já se passou um ano desde a morte dela. Todos seguiram suas vidas tão rápido e isso me causa uma revolta tão grande porque eu nunca vou conseguir isso. Nunca vou aceitar isso. E vou sentir sim ódio de cada pessoa que tente fingir que nada aconteceu.

Depois da reunião eu fui até a sala de Renan, acabar com isso de uma vez.

— Eu me demito. - Digo assim que entro. -

— Seu pedido de demissão foi negado. - Ele disse enquanto continuou escrevendo algo no computador -

— Não pense que me mantendo aqui você vai me controlar. Não sou um dos seus familiares. Não vou ser conivente com a familiazinha que supera tão fácil uma morte. - Renan me olhou nos olhos. -

PERDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora