CAPÍTULO 35

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  Hoje já é a véspera do natal. Henrique e eu nos falamos por telefone durante esses três dias e já está tudo combinado. Depois da ceia de natal, quando todos já estiverem dormindo, eu vou fugir. Mudamos nosso destino, ao invés da Inglaterra iremos para a Rússia. Precisamos de um lugar que ninguém nos ache, principalmente o Pedro. Henrique tem um casal de amigos lá, e quando as coisas com meus pais estiverem mais tranquilas, contaremos sobre a gravidez e sobre o Pedro. Meu pai saberá o que fazer para se proteger aqui no Brasil, e Henrique e eu estaremos seguros em um lugar novo.

  Minha mãe, tia Duda, tia Elen, Cynthia, Melissa e eu estamos na cozinha preparando a ceia. É uma tradição de todos os anos prepararmos o jantar de natal.

— Mãe, a Júlia vem? - Perguntei enquanto bato a massa do bolo -

— Parece que a mãe dela está namorando um cara francês, eles vão passar o fim de ano lá. - Ela respondeu. -

— Milena arrumou um namorado? Achei que ela ia esperar a Sophia morrer pra ver se conseguia o Renan de volta. - Tia Elen brincou e nós rimos. -

— De volta não, porque o meu marido nunca foi dela! - Minha mãe respondeu jogando os cabelos para trás, se gabando. -

— O Renan nunca foi de ninguém, na verdade. Até a Sophia aparecer. - Tia Duda falou e nós concordamos. - E a cada dia que passa eu percebo que o Guilherme é igualzinho à ele.

— Achei que ele daria certo com a sebosa da Renata, mas graças a Deus não deu! - Cynthia falou -

— Eu sempre soube que daria errado. Renata é muito grudenta, Guilherme é bicho solto, igual o papai. - Falei. -

— Bicho solto uma ova! - Minha mãe me deu um tapa no braço - Renan tem dona e meu filho é pra casar! Bicho solto é o Lucas, a cara do menino já diz que ele não é de compromisso.

— Não fala do meu filho não hein Sophia! - Tia Duda disse rindo. -

É sempre essa bagunça na manhã de natal. Todos nós juntos. Vou sentir saudades de momentos assim.
  Guilherme, Bryan, Lucas e Miguel chegam com os vinhos e os guarda no armário.

— Tá um trânsito infernal. - Guilherme falou se sentando -

— E seu pai? - Minha mãe perguntou -

— Tá na empresa com o tio Caio e o tio Luan. - Respondeu. -

— Eles não param nem no Natal? - Bryan perguntou. -

— Parece que aconteceu alguma coisa lá. - Lucas falou. -

— Eu ouvi o meu pai no celular, dizendo alguma coisa sobre terem atravessado a fronteira. - Miguel disse e todos nós ficamos em silêncio. -

— Você deve ter entendido mal meu amor... - Minha mãe tentou disfarçar, mas é evidente sua tensão. -

Aguardo mais alguns minutos e saio da cozinha para a área da piscina. É obvio que se trata do Pedro! E se meu irmão caçula ouviu bem, ele está no Brasil. Eu preciso avisar o Henrique. Ele volta hoje pro Rio e tá sozinho, sem proteção...
  Chamou várias vezes até que a ligação caiu. Meu coração ficou apertado. Preciso saber dele.

— Alice? Vem desenformar seu bolo! - Ouvi minha mãe gritando. -

Guardei o celular no meu bolso e voltei pra cozinha. Tento me concentrar no que estou fazendo, mas é impossível! Queimei a calda do pudim e quebrei um copo lavando a louça.

— Cuidado meu bem. - Tia Elen disse tirando os cacos de vidro da pia. -

— Alice, tudo bem? - Bryan perguntou. -

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