C A P Í T U L O 15

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  Minha cabeça dói, assim como todo o meu corpo. Estou descalça e não sei onde está minha bolsa. Dentro de um quarto escuro apenas com um colchão no chão e uma corda com um nó muito forte das minhas mãos. O medo invade cada centímetro do meu corpo. Onde eu estou? A porta se abre, entrando uma claridade absurda e um homem. Bem vestido, alto, moreno. Nunca o vi na minha vida.

— Nunca foi tão fácil sequestrar alguém. Você é muito distraída, princesa. - Ele disse se sentando na cadeira na minha frente -

— Quem é você?

— Não importa.

Uma mulher é quem entra agora. De salto alto e com seus cachos presos em um coque, ela se sentou na cadeira que o homem cedeu a ela, e me olhou com frieza.

— É a cara da mãe dela. - Disse ao homem, que riu - Você sabe quem eu sou, garota?

— Não. - Respondi baixo -

— Eu sou Suelen Proença. - A vagabunda que está processando meu pai - Acho que agora se lembra. Bom, você vai ser a minha moeda de troca, e vai cooperar direitinho com a titia, ok?

— Não vou cooperar com nada!

Ela olhou pro homem, e saiu do quarto trancando a porta. Ele segurou forte os meus cabelos e deu um tapa estalado no meu rosto, depois me soltou no colchão, distribuindo chutes nas minhas costelas e barriga. Quando se cansou, ele saiu. Cuspi o sangue que estava na minha boca e chorei. Pela dor, pelo medo, por tudo. Eu só quero ir embora daqui!
  Algumas horas depois, os dois voltam e novamente ela se senta na minha frente.

— Gostou do incentivo? - Perguntou - Se você não fizer tudo que eu mandar, vai ser três vezes pior.

Ela pegou um celular e colocou no viva voz. Depois de um tempo eu pude ouvir a voz do meu pai.

— Renan, quanto tempo meu bem. - Ela disse - Eu tenho uma surpresa pra você... - Virou o celular pra mim, mas eu fiquei calada. O homem colocou uma arma destravada na minha cabeça e eu gritei - Pai!

— Alice!? - Ele gritou de volta - Se encostar em fio de cabelo dela, eu mato você Suelen!

— Não vamos precisar chegar a esse ponto. É simples, você vai confessar todos os seus crimes em rede nacional, e eu te entrego a sua filha.

— Desgraçada!

— E então, Sr. Albuquerque?

— Eu aceito! Vou me entregar hoje, depois que você devolvê-la.

— Não. Primeiro você faz a sua parte, depois eu a deixo onde peguei. Você tem 24hrs. - E desligou - Reforce a segurança, pode ser mais um dos truques dele. - Ela disse ao homem e saiu -

∆|| HENRIQUE LIMA ||∆

Voltei para o salão apenas para me despedir do Ricardo e ir atrás da Alice. Entrei no meu carro e parei no portão, o segurança liberou minha entrada e eu toquei a campainha na porta.

— Olá Henrique. - Disse Sophia, me dando passagem -

— A Alice já foi dormir? Nós brigamos e eu queria muito falar com ela. - Eu disse depois que parei no meio da sala -

— Mas, a Alice não está aqui. Ela saiu com você e ainda não voltou. - Vi os olhos de Sophia se encherem de preocupação -

— Algum problema? - Renan perguntou descendo as escadas -

— Alice disse ao Henrique que viria pra casa, mas ainda não chegou aqui.

— Como assim? Por que ela estava vindo sozinha? - Ele me perguntou -

— Nós tinhamos brigado.

  Todo o meu corpo ficou tenso. Para onde ela iria? Com raiva e sozinha, ela viria pra casa. Então porque não está aqui!? Com o passar das horas, Renan e Sophia também começaram a se desesperar. Meu sogro reuniu todos os seguranças e os mandou para as ruas.

— Vamos dar uma olhada nas câmeras de segurança da entrada. - Guilherme, que também se juntou a nós, disse -

— Carlos, vai pedir as filmagens dessa madrugada pra mim. Só do portão principal. - Renan mandou, e o segurança foi -

As filmagens chegaram e nós assistimos no notebook. Assim que Alice desceu do táxi, um homem veio por trás e a desmaiou, mas o rosto dele é desconhecido para todos nós.

— Quem a sequestrou vai entrar em contato logo logo. - Disse Renan, abraçando a esposa que só consegue chorar -

  O dia amanheceu e nós ainda estamos aqui. Sem notícias, sem pistas, e eu com uma culpa que não cabe em mim. Eu nunca deveria tê-la deixado vir sozinha, e agora ela pode estar em qualquer lugar. Nunca senti nada parecido com esse medo que estou agora.
  O celular de Renan começa a tocar e ele coloca no viva-voz, foi rápido, mas o suficiente para sabermos que Alice está com a tal Suelen Proença, e que só vai entregá-la se Renan se entregar a polícia. O grito que ela deu chamando pelo pai doeu na minha alma...

— Vou pra delegacia agora, quero fazer um pronunciamento público. - Renan disse -

— Renan, não... Tem que ter outra maneira. - Sophia o segurou chorando -

— Se a Suelen conseguiu pegá-la de baixo do meu nariz sem que eu visse, é por que está com segurança reforçada, e a gangue acabou, Sophia. - Eu sabia da gangue, mas nunca tinha ouvido diretamente da boca de Renan Albuquerque -

— Podemos pedir ajuda, pai. O tio Luan, alguns amigos de vocês e até a polícia. - Guilherme sugeriu -

— Você não pode se entregar, Renan. Essa mulher quer vingança. Quem garante que depois que você estiver lá dentro ela não faça uma coisa pior pra ferir você atravéz deles? - Eu disse a ele - Nós só precisamos saber o local. Temos que entrar lá e pega-la. Se ela está com a segurança dobrada, vamos distraí-los. Um grupo vai pelo caminho principal, quando eles virem a invasão, poucos homens vão ficar cuidando de onde ela estiver, e a Suelen vai estar com ela, provavelmente segura.

— Vou ligar pro tio Luan. - Guilherme disse empolgado -

Renan me olhou estranho por um tempo, mas depois concordou.
P

ouco tempo depois, Luan chegou a mansão dos Albuquerque, trazendo a localização de onde Alice está. Um terreno abandonado no subúrbio da cidade. Luan e Renan reuniram ex membros da gangue para nos ajudar, e quando escureceu o dia, Sophia foi para a casa da cunhada, junto com Miguel.
  Entramos no meu carro, Renan, Luan, Guilherme, Caio e eu. Seguidos por mais dois carros. Eles trouxeram armas que eu não faço idéia de onde vieram, mas também não importa no momento. Tudo que importa agora, é Alice estar salva, segura.

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