CAMINHO NEBULOSO. ATO 10

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 O silêncio após a revelação sobre a natureza da menina dos cabelos dourados, se tornou agoniante. A garota se encolheu cobrindo as orelhas com as longas madeixas cor de ouro claro e abraçou os joelhos. Os mercenários a olhavam curiosos, trocavam opiniões e cochichavam a respeito dos elfos dourados. Ayskar percebeu os olhares, inclusive de Leonardo e logo o repreendeu com um olhar sério e ameaçador.


- Calma, está tudo bem, ninguém aqui tem nada contra os elfos, mesmo os dourados, está tudo bem. – Falou Ayskar se agachando em frente a menina.


A garota o fintou nos olhos, e os dourados sois que eram seus olhos faiscavam em dúvida e medo, tentava cobrir as orelhas, que caracteristicamente, as dos elfos dourados eram mais pontudas e longas que dos elfos comuns.


- Vamos, levante-se, - Ayskar a estendeu a mão - não podemos ficar mais aqui.


A garota aceitou o gesto gentil e segurou a mão do caçador, levantou e olhou em volta, ainda tentando cobrir as orelhas.


Zoran deu uma cusparada no chão, caminhou a passo rápido e subiu em sua carroça, olhou sobre o ombro e viu a menina sendo conduzida por Ayskar até sua carruagem. O anão começou a remexer dentro de um saco de couro enorme que levava no carro de viagem, após alguns segundos, enquanto Ayskar ajudava a menina a subir no carro, ele a chamou.


- Eiiiii! – Berrou o anão – Garota, use isso. – Zoran estendeu um gorro feito de pele de raposa de cor avermelhada.


A menina observou surpresa o gesto amigável do anão, olhou para Ayskar, ele a respondeu com um sorriso, sincero e que lhe passava muita confiança. Ela sorriu, e aceitou o gorro, esse encaixou perfeitamente em sua cabeça, acomodou as orelhas para o lado de dentro se encolheu no cantinho da carroça, respondendo com um tímido e quase inaudível "obrigada".


A mulher que a acompanhava, com vestido e joias elegantes não trocou uma só palavra com a menina, sentou ao seu lado e ficou observando o cavaleiro pranteando o pajem morto. Ayskar percebeu a indiferença da mulher sobre a menina, franziu o cenho e voltou seu olhar para Zoran, sorriu para o anão pelo gesto gentil, mas seu olhar foi atraído para os curiosos mercenários que ainda cochichavam sobre a menina. O Sorinter caminhou até o cavaleiro cabisbaixo no canto da estrada.


- Precisamos ir, aqui não é seguro.


- Como vou explicar a sua mãe? – chorava o cavaleiro com sua capa suja de barro. – Como vou explicar a sua noiva? Eu prometi o levar em segurança, o que devo fazer?


- Enterre-o aqui. – falou de forma fria o Sorinter – Não levaremos seu corpo a família a tempo, vamos enterra-lo e seguir a jornada.


O cavaleiro enxugou as lagrimas, ficou de pé, e concordou. Zoran e os demais anões foram ajudar no enterro.


Não conseguiram avançar tanto como esperavam no início da manhã, a batalha contra os wendigos e o enterro do pajem tomaram bastante tempo. Logo escureceu e resolveram acampar. Dessa vez, ficaram mais alertas, os anões Eskiau e Yarkon ficaram montando guarda em volta do perímetro, observando cada movimento na escuridão da floresta.

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