CRÔNICA DE AMOR E SANGUE. ATO 30

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A festa no vilarejo de Gars Dilan entrava madrugada a dentro. O cantor Leonardo parecia não cansar sua bela voz, entoando ainda mais baladas românticas, agitadas e entre uma dose ou outra de hidromel, baladas picantes.

O popular e midiático barão Lyvan acompanhou sua bela esposa e seus filhos até sua casa, já passava da segunda badalada do sino da madrugada; era tarde e as crianças caiam de sono. Lyvan retornou após escoltar com segurança sua família até seu lar, voltou a falar com os populares mas seus olhos buscavam algo na multidão já boa parte bêbada. Procurou por barracas, bancos e esquinas, nenhum sinal de Viollet ou Ayskar. Ausências que o deixava claramente incomodado.

O barão cessou sua procura e finalmente juntou-se a multidão que admirava Leonardo e sua performance. Sentou-se num dos muitos banquinhos de pedra em volta do palco na praça e admirou uma outra canção. Uma música que falava de um amor não correspondido em meio um pomar extenso e triste. Leonardo finalmente pedia um tempo para descansar sua voz, logo foi servido com uma caneca de cerveja Aendriniana a qual saboreou de imediato; colocou o alaúde nas costas e começara a caminhar pela multidão. Não demorou para perceber o barão de Gars Dilan sentado num banquinho sozinho também com uma caneca de cerveja o chamando com um gesto da mão.

- Olá senhor Lyvan, - falou Leonardo se aproximando – então, o que achou da festa?

- Estou deveras impressionado, nunca vi alguém preparar uma festa tão bem elaborada assim.

- Claro que essas pessoas maravilhosas ajudaram muito, - sorriu o poeta sentando-se ao lado do barão – mas diga-me, onde está sua família? Ou a bela Viollet?

- Minha família já se recolheu, as crianças já passaram da hora de dormir, e minha esposa também deita cedo. Sobre Viollet, - tomou um ar sério – achei que você conseguiria me responder.

- Eu? – Perguntou confuso – Senhor barão, estou cantando nesse festejo desde seu início, não vi Viollet desde que ela passou algumas horas atrás aqui perto com seus filhos.

- Ela estava conversando com Ayskar um tanto isolados, ali perto daquela mangueira carregada de mangas rosas no começo da rua.

- Hum, - o poeta ficou pensativo – e como eu saberia ainda assim?

- Ayskar também sumiu, achei que sempre soubesse onde ele está.

- Ah, - sorriu Leonardo – pelo contrário, Ayskar é um mestre em desaparecer, raramente o encontro com facilidade. Mas, por que acha que estão juntos?

- Nada demais, só curioso, Ayskar parece diferente do que conheci.

- Ele está diferente mesmo. – Disse Leonardo olhando para o chão pensativo – Ayskar mudou durante os anos, nem parece o cara carrancudo que conheci em Sanlário. Sabe, ele agora se importa mais com as pessoas do que com ele, não qualquer pessoas, não falo de você ou de mim.

- Do que está falando?

- Um mês mais ou menos atrás, ele enfrentou uma criatura muito mais poderosa que ele, sem pensar na própria segurança, para salvar uma garota, ele conseguiu mas pagou um alto preço. – Completou o poeta.

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