CRÔNICA DE AMOR E SANGUE. ATO 29

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O céu escuro e enevoado mantinha-se passivo, as arvores no entanto balançavam com a ventania agressiva. Um bando de morcegos voaram desenfreados pela campina espalhando-se num coral fúnebre e irritante. Logo outro grito agudo foi ouvido, e mesmo com sua percepção apurada, Ayskar não teve reação pois seu corpo não obedeceu o comando a tempo.

Da caverna, uma criatura semelhante a um morcego mutante gigante apareceu numa carreira desenfreada e extremamente veloz. Braços longos e musculosos, orelhas grossas e pontudas, dentes caninos longos e afiados, garras como tesouras e uma coloração cinza escuro, um Krotrorah.

A criatura avançou contra Ayskar com um impulso impressionante, agarrou-o e o jogou contra um dos carvalhos gigantes. Ayskar chocou-se contra a arvore mas rapidamente recuperou a postura, a criatura gritou novamente com saliva escorrendo pelos lábios finos. Ayskar já estava com a espada em mãos e preparado. A fera lançou-se contra ele num ataque feroz, balançava suas afiadas garras tentando acertar o caçador que esquivava com destreza impecável, o Krotrorah saltou sobre Ayskar e subiu no carvalho, misturando-se as folhas escuras e altas da arvore. Os sentidos de Ayskar estavam apurados e extremamente sensíveis, por mais que o vampiro usasse aquela estratégia para enganar suas vítimas, com um Sorinter tão bem treinado era inútil. Ayskar conseguia ouvir os batimentos cardíacos do vampiro que se movia na copa das gigantescas arvores.

Após uns segundos se misturando na noite, a criatura apareceu descendo com extrema velocidade por cima de Ayskar com suas garras apontadas para frente. O Sorinter girou rapidamente e com a mão esquerda fez o característico sinal com os dedos, e atingiu o vampiro com seu encantamento Trovodarian fazendo a criatura cair eletrocutada debatendo-se no chão. Ayskar preparou um ataque e fez um corte rápido no peito da fera que se levantava, o monstro grunhiu de dor com o corte da lâmina de aço que queimava o peito da fera devido a verbena; mas o vampiro manteve-se de pé, tentou atacar Ayskar com as garras, mas antes que fizesse, uma flecha vinda do matagal muito precisa e potente atravessou sua mandíbula de um lado a outro, a pasta da verbena queimou a boca da criatura que ficara ainda mais irada, lançando-se contra Ayskar.

O Sorinter era ágil e esquivava-se das garras da fera como podia, entre um golpe e outro, ele revidava com a espada fazendo cortes precisos que eram intensificados pela verbena queimando o vampiro. Junto aos golpes, flechas ocultas acertavam o monstro com precisão surpreendente. No entanto, o Krotrorah era muito resistente e mantinha-se de pé apesar dos ferimentos.

A criatura tentou novamente acertar a jugular de Ayskar com suas afiadas garras que faziam um silvo cortando o vento ao passar próximas ao caçador, Ayskar rodopiou no ar com uma pirueta e pousou com os pés firmes, girou sobre os calcanhares e preparou um golpe novamente, esse tentando a garganta da fera, entretanto, com o movimento a dor na coxa intensificou-se de maneira abrupta e repentina, fez o caçador parar seu movimento e gemer de dor. Era a oportunidade que o Krotrorah procurava, ele acertou o ombro de Ayskar com suas enormes garras, cravou-as profundamente e arremessou o Sorinter numa arvore retorcida. Ayskar não conseguiu se reerguer a tempo e o vampiro já se aproximará, o Sorinter tentou acertá-lo com um corte sem muita técnica com a dor que o incomodava, antes que a lâmina o acertasse, o vampiro se desfez em névoa num piscar de olhos e voltou a materializar-se como uma aparição ao lado de Ayskar. Agarrou-o pelas costas e sem perder muito tempo, cravou suas presas no ombro ferido do homem que sentia uma dor aguda e intensa acima do braço.

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