ENLACE DO DESTINO. ATO 42

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A água era calma e cristalina, o fundo era totalmente visível lapidado em pedras de ônix e pequenas fendas a qual pareciam sair algum tipo de vapor que deixava a água aquecida. Ayskar mantinha o olhar pelas calmas ondinhas da lagoa termal com pensamentos distantes. Yanna observava as costas do caçador, principalmente a cicatriz no meio da coluna. Era um dia calmo.

Como a transparência das águas, eram os olhos do Sorinter. Toda sua jornada durante sua vida foi resumida a caçar monstros durante todo o ano e voltar para Montecorvo quando o inverno chegasse. Mas agora, justo agora quando encontrou proposito, pessoas, um verdadeiro enlace no seu destino, ele ficará numa situação tão complicada; por mais que aquele momentos nas aguas o fizesse esquecer muito dos problemas que rondavam seus pensamentos, as dores, e a maldição que minava sua vida, ele sabia que era momentâneo, sabia que não estava salvo. Assim como seus pensamentos cristalinos foram obscurecidos, a agua também se enegreceu.

Ayskar se debatia e gritava dentro do lago, rangia os dentes e apertava o ombro onde a fumaça negra tornara a emanar agora manchando as aguas primordiais. Yanna afastou-se levantando voo, tinha um olhar assustado e incrédulo, não acreditava em um poder tão corrupto e maligno a ponto que as águas primordiais não conseguissem purificar. "Ele está perdido" pensou Yanna, estendeu suas mãos e da ponta de seus dedos pequenos feixes brilhantes saltaram e se agarraram em Ayskar, prendendo-o e tentando conter a maldição. Não conseguiu.

Os respingos da agua negra pulavam por toda a caverna e Yanna precisou mover-se com agilidade para que não fosse afetada, desviava enquanto seus laços de luz amarela tentavam conter o Sorinter, mas não era possível. Ela sentia a corrupção e toda aura maligna exalando pelo local, o medo começava a tomar conta da fada, ela desfez o encanto e voou para fora da caverna.

Passou-se alguns minutos, Yanna estava flutuando na entrada da gruta tentando enxergar o lado de dentro, mas estava totalmente escuro, os cristais de luz se apagaram e o Sorinter parou de gritar e gemer, um total silencio reinou. Os olhos azuis da fada brilharam, aguçaram e finalmente enxergou a figura de preto saindo cambaleando, encostou o braço esquerdo na lateral da gruta de pedras e mantinha um olhar fadigado para a pequena fada.

- Não é possível, - falava tremula a fada – nunca alguém pereceu amaldiçoado após banhar-se nas aguas primordiais, nem com maldições de bruxas, de demônios ou de sangue, sempre as aguas purificam os males, o que houve com você Ayskar?

- Talvez por eu ser um mutante mágico. – Forçou um sorriso recheado de sarcasmo.

- Pare Ayskar, não é hora para brincadeiras!

- Não estou brincando, eu tenho que sair daqui. Preciso me afastar dessas terras, vou acabar espalhando isso para todos aqui.

- Pelo jeito não funcionou. – Kevin apareceu de repente saindo do seu portal cilíndrico.

- Kevin! – Yanna voou até o meio elfo - Eu sinto muito, mas as aguas não foram o suficiente.

Kevin olhava com um misto de tristeza e curiosidade.

- O que vai fazer Ayskar?

- Ir embora, - falou friamente – eu agradeço pelos esforços, dos dois, mas não temos mais o que fazer.

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