CRÔNICA DE AMOR E SANGUE. ATO 31

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Passaram dois dias desde o incidente no fim do festival. A vila de Gars Dilan parecia de luto. As pessoas não falavam, apenas sussurravam, "mais um vampiro", "o senhor Derek foi encontrado na clareira sem uma gota de sangue", "cadê o Sorinter?", "onde está a caçadora do barão?", "o que aconteceu com o barão?".

Durante os dois dias que se passaram, constantemente Lyvan era procurado em sua casa, mas não recebia uma vivalma. Agricultores, lenhadores e caçadores temiam sair novamente, questionavam se estariam vivos ao amanhecer de um novo dia. Logo os murmurinhos de que o barão escondia uma vampira surgiram, pois alguns dos bêbados fazendeiros viram a confusão com o Sorinter no final da festa. Em completo estado de temor e insegurança, os moradores começaram se reunir na praça, planejavam fazer um apelo coletivo e questionamentos ao barão pelo seu silêncio, tentavam uma solução.

- E agora? A dois dias foi Derek, hoje foi a filha do taverneiro, até quando o barão vai se esconder em seu casarão enquanto somos devorados? – Questionou um fazendeiro de gorro vermelho para a multidão.

- Isso nunca aconteceu antes, precisamos fazer algo, o que há? – Perguntou uma mulher de bochechas cheias e cabelos cacheados – O barão se cansou da vila?

- Acho que algo muito sério aconteceu com alguém próximo a ele, - disse um rapazote com o rosto cheio de sardas tentando manter um ar maduro – Talvez com sua esposa, filhos ou até a senhorita Viollet.

- Cala a boca moleque! – Berrou um senhor com chapéu de palha com um forcado na mão – Eu estava lá, bebíamos com o poeta quando o Sorinter enfiou algo na boca daquela potranca de olhos verdes e ela enfumaçava como um demônio! Ela é o vampiro, por mil caralhos!

- Chega disso! – Exclamou uma mulher alta de cabelos loiros e beleza estonteante carregando um bebe no colo – O Sorinter e o poeta sumiram também, fiquei sabendo que o barão os expulsou de Gars Dilan. Estamos condenados, precisamos encontrar o Sorinter ou qualquer outro caçador nas redondezas e juntarmos nossas economias para pagar um assassino e dar cabo do vampiro.

- Há! – gargalhou o de gorro vermelho – Sabe quanto um Sorinter cobra para matar um vampiro? Eu sei, cobra muito!

- Mesmo que junte nossas e coloquemos ai um ou dois barris de cerveja, ainda assim não vai dar o suficiente. – Falou o taverneiro com voz rouca e olhos vermelhos.

- O que mais os Sorinters gostam além de dinheiro e coisas mágicas? – Perguntou o chapéu de palha.

- Mulheres! – Bradou o gorro vermelho – Se arrumarmos uma bela e formosa... – Olhou para a linda mulher de cabelos loiros e beleza destacada.

- Se for necessário, - disse a mulher linda com firmeza e seriedade na voz – Só não quero que minha filha ou eu sejamos as próximas vítimas.

- Então está decidido! – Sorriu o chapéu de palha – Todas nossas economias, dois barris de cerveja e uma bela moça para o Sorinter dar uma trepada. Acho que ele seria um filho da puta se recusasse isso!

A mulher linda de cabelos loiros olhou para o velho com desprezo e nojo.

A manhã estava estranhamente quente, um clima diferente naquela época do ano. Sentado sob uma bétula a beira de um riacho cristalino, estava Leonardo com um caderninho anotando alguns versos. Olhava para Ayskar com impaciência e ansiedade, o Sorinter estava dentro do riacho, somente com a parte de baixo da armadura e vestindo sua camisa preta, ele segurava uma lança improvisada de madeira de salgueiro. Estático como um predador cauteloso, observava o fluxo da água como um falcão.

- Anda Ayskar! – Apressou-o Leonardo – Faz meia hora que está parado ai.

- Cala a boca Leonardo, desse jeito com você fazendo tanto barulho eu não vou achar nada.

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