ENTRE A MORAL E A RAZÃO. ATO 13

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Keadrina, 03 de março de 1264.



O reino de Keadrina era cercado por inúmeras montanhas e colinas por toda sua extensão. Montes de variados tamanhos cercados por florestas vastas normalmente com predominância de pinheiros colossais. Dentre tantas cordilheiras, montanhas, colinas e florestas densas se espalhavam muitos vilarejos e pequenos povoados que viviam em paz na maior parte do ano. Keadrina era o reino mais frio do continente junto as ilhas Eskarta; esse frio era proveniente da extensão territorial e a divisa com o território de Montecorvo, o ultimo lugar demarcado no mapa antes do extremo norte. Onde ninguem se aventurou para poder registrar em mapas e pergaminhos o que de fato existia no deserto branco.

O vilarejo de Blakonis, ficava pouco mais de oito milhas da capital Aan'Salon, e se localizava próxima a fronteira com o reino irmão de Keadrina, Aendrina. Os rumores que os orientais se aproximavam do rio Pamay despertava o temor naqueles reinos nortenhos, já o rondeavam por mais de quinze anos.

A única taverna de Blakonis estava parcialmente cheia, a tensão rondava a vila, algumas pessoas bebiam sem conversar muito, não tinha um bardo tocando musicas e baladas, apenas o som das canecas nas mesas. Mais afastados numa mesa, um homem de robe cinza de algodão com uma fita vermelha na cintura estava brincando com a comida de seu prato, um filé de peixe grelhado, o qual ele não parecia ter intensão de comer, claramente com uma expressão de preocupação. Tinha pouco mais de quarenta anos aparentemente, cabelos castanhos e uma barba bem cuidada, com pele morena e olhos da cor verde claro, um feiticeiro. Sentado a sua frente homem de meia idade, cabelos grisalhos e barba cheia, vestia um gibão marrom com botões abertos até o peito, bebia uma caneca grande de cerveja e também mostrava apreensão.

- Senhor intendente, - disse o feiticeiro de olhos verdes – Sobre o Crokotan no pântano, como vamos proceder, a Sorinter que chegou não quis o contrato pelos lobisomens.

- Imaginei, não fui com cara daquela mulher, - respondeu o intendente dando outra golada na cerveja – não se preocupe, eu encontrei um Sorinter quando chegava a cidade essa manhã, não qualquer Sorinter, é o Corvo de olhos azuis, Ayskar de Romenias.

- Dois Sorinters no mesmo lugar, sabe o que significa, senhor intendente?

- Que mais monstros estão ao nosso redor? Eu sei. – Respondeu convicto o Intendente do vilarejo. - Vivemos cercados por florestas e montanhas, isso não me surpreende.

- Não foi isso que quis dizer, - falou o feiticeiro com um ar sério – a quantidade de criaturas nos cercando, só significa que o solstício de inverno se aproximando em cinco dias, a linha do nosso plano e do plano dos espíritos está mais tênue, e o senhor sabe o que temos aqui...

- Fale baixo Simon! – Repreendeu o intendente cochichando. – Quer que a taverna inteira entre em pânico?

O feiticeiro olhou para trás por cima do ombro, observou dois homens que entravam na taverna agitados e logo se juntaram a um grupo que bebia serenamente.

- Pelos deuses, vocês deviam ter visto! – Exclamou o mais alto de gorro preto.

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