Doren confirmou com a cabeça, seu olhar era melancólico e vazio fixado para o caminho de terra batida a frente. Ayskar manteve-se em silencio e seguiu o paladino pela estrada no vale. Seus movimentos diminuíam cada minuto passado, Doren não reclamava, protestava ou apressava o Sorinter, entendia sua condição, o máximo que fazia era uma olhada de soslaio para ver se ele ainda acompanhava.
O vale aberto que se estendia pelo leste de Keadrina era extenso, uma planície de terra com longos filetes de cravos que seguiam por cima da grama, um fino e calmo córrego corria descendo o vale pela lateral seguindo sua tranquila e lenta viagem até desaguar no rio Pamay. Ao norte as montanhas de Keadrina faziam uma imponente visão de grandeza indicando que estavam próximos a fronteira, um lugar que estranhamente não tinha sido afetado pela guerra ainda mesmo tão perto de Olarina.
Uma divisa perigosa e igualmente bela. Ao leste Olarina, palco da guerra, cidade misteriosa e abandonada pelos monarcas viva de mentiras da aristocracia; ao norte, além das montanhas de Keadrina, a casa de Ayskar, Montecorvo, a fortaleza dos Sorinters, ele em um inverno ou outro viajava para lá na intenção de reencontrar seus irmãos e esperar a neve grossa do norte derreter. Eram pensamentos distantes.
O vale apesar de belo tinha um perfume que incomodava Ayskar, mesmo sendo um cheiro muito agradável, trazia sentimentos confusos em sua mente. Os enormes montes de jasmim balançavam com o vento, misturando-se com o doce perfume das glicínias que se estendiam pelo oeste suspensas nas muitas bétulas que seguiam para a floresta e dançavam com a brisa vinda do oeste. O dia passava.
- Esse perfume, - fechou os olhos Doren, Ayskar o olhou rapidamente – glicínias e jasmim, flores que originalmente nasceram aqui, nesse vale, estamos chegando no Lago Lunar.
- Esse perfume também é familiar para mim, mas não pelo lago.
- Imagino pelo que seja, mas não é da minha conta de quem é o perfume. – Sorriu Doren.
A brisa seguia forte e o perfume dançava por eles assim como as pétalas violetas das glicínias que embelezava o local fazendo movimentos quase coordenados como um cardume de peixes organizados. Ayskar segurou uma das pétalas com a ponta dos dedos e olhou-a de forma intensa, concentrado, imerso.
- Esse lago é tão antigo quanto a criação. – Falou Doren observando Ayskar – Muitos diziam que era um lugar magico, que alguns deuses passavam seu tempo a beira do lago, pois quando a lua saia por além das aguas, até as divindades ficavam tímidos de sua beleza. Eu acredito que seja um lugar magico, a guerra não se aproximou, eu sonhei com esse lugar quando Freyana veio até mim, e acho que Joah não escolheu aleatoriamente.
Ayskar não respondia, seu olhar ainda era preso na pequena e fina pétala de glicínia que o agarrava e prendia firme em pensamentos distantes. A noite se aproximava.
Desceram uma depressão ainda verde do campo, a estrada de terra acabará e agora adentravam pela grama alta rodeada de jasmins que com o crepúsculo emanavam ainda mais seu belo perfume, mesmo sendo estranho aquelas flores estarem desabrochadas já no final do outono. Mas o lago era um lugar mágico, não existia explicações cientificas de acordo com Doren.
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Enlace do Destino
FantasyAyskar de Romenias, é um caçador de demônios e monstros. Um ser magicamente criado por um fenômeno sobrenatural, com habilidades e poderes desenvolvidos para o combate contra todas as criaturas mundanas e infernais. Vivendo num continente impiedoso...