Animy 2

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Esperei alguns segundos esperando Animy falar como havia sido com ela, mas ela não tinha mais nada para falar aparentemente.

- E você? – Eu perguntei quase como um sussurro a encarando. Animy por um segundo deixou sua frieza de lado, e uma leve surpresa se fez em seu rosto.

- O que tem eu? – Ela perguntou trazendo sua frieza outra vez.

- Como foi para você? – Eu perguntei. – Os animais estão mais magros e violentos, quero ouvir sua história sobre isso.

Eu estava sendo honesta.

Por mais que doa ouvir o que cada uma passou, percebi que por trás disso eu também havia entendido elas ainda mais. E graças a isso, tenho uma ideia para melhorar a minha relação com Flora.

Mas Animy não me contou a história dela, aquele que talvez me ajuda a passar por essa face fria dela.

- Olhe para os meus bichos. – Ela disse me indicando com a cabeça para a nossa volta, e eu olhei, não iria perder a oportunidade de admirar cada ser dali. – Nenhum deles estão secos e raivosos.

Ela estava certa, nenhum deles estavam, mas eu via os corvos e também o bicho que depois se tornou o tigre colorido.

- Mas os huma-

A risada sem humor feita por Animy me interrompeu.

- É obvio que eles apareciam assim para os humanos, você acha mesmo que ia continuar alimentando seu povo depois do que você fez? – Ela perguntou como se eu fosse idiota por pensar isso. – Claro que não.

Eu a olhei sentindo um pouco de indignação.

- Olha Animy, eu entendo sua raiva, entendo todo seu ódio. Mas meu povo não em culpa das coisas que eu fiz. – Eu disse calmamente, como se tentasse fazer uma criança de cinco anos entender algo.

- E te poupar do desprezo deles? – Ela perguntou tão calma quanto. – Humanos por mais que mortos, são egoístas. Eles só querem a parte deles, se eles tivessem comida ao longo desses anos sem você, eles nem sequer ligariam com sua falta, sentiriam saudades, mas não raiva.

Claro, Animy queria vingança.

Mas não somente dela.

Eu suspirei sabendo que a culpa disso era minha. Não iria ficar nervosa com ela, seria hipocrisia.

Eu apenas assenti, por mais que doesse ouvi-la falar assim do meu povo.

- Se deixar Flora contente outra vez, fazer com que meus animais parem de reclamar da grama podre, e voltem a comer bem. Eu deixarei que seu povo coma bem outra vez, mas se você for embora de novo, cortarei a comida mais uma vez. – Animy disse colocando um ponto final em nossa conversa, como se eu já tivesse ficado tempo demais conversando com ela.

Eu assenti, não queria mais discutir, Animy já estava cansada de mim.

- Então vá. – Ela disse curtamente e fria como sempre.

Eu assenti de novo.

- Obrigada por me receber e me ouvir. – Eu disse, e ela assentiu.

Me virei para ir embora passando pelos animais.

Assim que estava para voltar para a floresta, escutei algo farejando atrás de mim.

Me virei sendo o tigre colorido com a língua roxa para fora, ofegante.

Parecia estar brincando.

- Oi garotão. – Eu disse sorrindo feliz em vê-lo. – é aqui que você mora?
perguntei observando o tigre vir saltitante até mim.

Falando no Diabo - Elo do submundo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora