Terceiro nivel

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A cerimônia já havia chegado ao seu fim, e agora todos estavam comendo e conversando animadamente no jardim do palácio. A atmosfera era de pura alegria e celebração.

Os quatro cavaleiros, que antes estavam ao meu lado, já haviam se dispersado. Damon, que há pouco estava próximo a mim, agora se encontrava longe, provavelmente recebendo parabenizações e conversando com outros convidados.

A animação do meu povo era contagiante, não havia dúvidas. Sorrisos radiantes e risadas ecoavam por todos os lados, enchendo o ar de uma energia vibrante e acolhedora. Eu não era diferente. Observava meus súditos com um sorriso no rosto, sentindo uma profunda satisfação e felicidade.

Desde o primeiro momento que pisei no submundo, esperei por este dia. Um dia que muitas vezes parecia inatingível, mas que agora se tornava realidade diante dos meus olhos. As crianças, que outrora eram demônios da terra, corriam livremente, brincando e rindo, empurrando-se de maneira travessa.

De repente, senti algo leve e suave pousar em meu ombro esquerdo. Com curiosidade, peguei o objeto entre os dedos e percebi que era uma pétala branca. No entanto, essa não foi a única. Outras pétalas começaram a cair ao meu redor, flutuando graciosamente no ar.

- Mas o que... - comecei a dizer, mas parei ao perceber que as pétalas não caíam apenas ao meu redor, mas por todo o reino, que estava em festa.
Olhei para o céu, tentando descobrir de onde vinham aquelas pétalas. O céu estava tingido de um lilás suave, com nuvens cor de rosa bebê que pareciam algodão doce.

- Olha isso! - ouvi alguém do meu povo exclamar, surpreso e maravilhado.

Quando olhei em volta para entender o que chamava tanta atenção, vi. Flores estavam nascendo por todos os lados, enfeitando o local com cores vivas e delicadas. Borboletas azuis e roxas voavam por toda parte, adicionando ainda mais magia à cena.

- Quem fez isso? - perguntei, mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa.

- Quem você acha? - escutei a voz suave de Kilton, que havia se aproximado silenciosamente. Logo ele estava ao meu lado, com um sorriso largo no rosto, admirando a transformação ao nosso redor. - Foi você, Vossa Majestade.

- O que? Isso? - perguntei, surpresa. - Sei que tenho poderes, mas ainda não sei exatamente quais são, nem como usá-los, Kil.

Por alguns instantes, fiquei confusa com as palavras dele. Quando finalmente entendi, não sabia se deveria rir do mal-entendido ou ficar triste por ainda não dominar plenamente minhas habilidades.

Seus olhos focaram em mim outra vez. - Eu sei disso, mas não há outra pessoa que consiga misturar os dons da trindade.

Meus olhos confusos devem ter revelado a confusão em minha mente, pois ele logo se explicou.

- Estão caindo pétalas do céu, Elô. E do céu normalmente só cai água, pétalas são coisa da Flora. - Ele explicou, mantendo um sorriso orgulhoso no rosto.

Meu peito se encheu de orgulho e, ao mesmo tempo, de frustração. Queria poder fazer isso sempre, queria dominar meus poderes. Mas, naquele momento, estava feliz por alegrar ainda mais meu povo, mesmo que de forma involuntária.

- Rainha. - Ouvi uma voz atrás de mim, menos doce que a de Kilton e mais irritante também. Virei-me para ver quem chamava e me deparei com Caim. Ele segurava uma taça prateada, de modo que não consegui ver o que havia dentro. Caim estendeu a taça para mim, e desta vez não havia veneno em seu olhar, muito menos nos seus lábios, como de costume. - Zyndor pediu para lhe entregar isto. Disse que você está longe da festividade e sem beber ou comer nada.
Fiquei surpresa com suas palavras e desconfiada também. Caim sempre foi implicante, mas nunca uma pessoa ruim. Zyndor costumava dizer que nossa amizade era como a de cão e gato, mas semelhante à amizade de irmãos.

Falando no Diabo - Elo do submundo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora