Animy

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Existem poucas coisas que são capazes de me deixa aflita em um ponto que fico com receio de sair da cama.

Normalmente fico com medo, tremo e as vezes até choro. Mas nunca deixo que isso me pare, pelo menos depois que virei "rainha" do submundo. Uma coragem que nunca enxerguei me tocou.

Mas não nesse momento. Não neste assunto especifico.

Hoje era o dia que eu voltaria para floresta, e encararia Animy.

Eu estava com medo, debaixo de meus lençóis negros, com os olhos abertos olhando diretamente para o nada. Pensando em mil coisas que poderiam acontecer hoje.

Se passou apenas um dia que fiquei com Damon na frente de Cae, depois disso eu acordei no outro como todos os outros. Apenas minha relação com Cae foi mudada (obviamente).

Aquela muralha invisível e quase imperceptível que havia entre nós foi derrubada.

Cae não me desejava, nunca me desejou. Mas de alguma forma foi criado um muro entre nós, talvez pelo fato de eu ser tecnicamente o motivo de Cae estar magoado com Damon desde suas transformações.

Depois da noite que estive com eles, Cae e eu estamos em sintonias diferente. Damon não se sente ameaçado de forma alguma, afinal, Cae sequer olha para mim duas vezes, quem dirá de forma errada.

Mas voltando ao dia de hoje, aquele que mal começou.

Damon dormia ao meu lado, mas eu sabia que ele já havia acordado. Todo esse medo e conflito interno devem ser gritos dentro da sua cabeça.

- Precisa falar? – Damon perguntou já sabendo bem.

Eu não queria incomoda-lo, não queria encher sua cabeça de lorotas.

- Estou bem. – Eu disse, e logo apertei os lábios com força um sobre o outro quando notei o quão frágil a minha voz se mostrou.

Em segundos não estava mais virada de lado e sim de barriga para cima, e Damon estava encima de mim com seus olhos atentos.

Ele segurou meus pulsos os levando para cima da minha cabeça me prendendo.

- Você não sai até falar. – Sua voz estava rouca, já que ele tinha acabado de acordar.

Suspirei desviando os olhos dos dele.

- Só não quero te mostrar o quão fraca estou sendo. – Eu disse honestamente.

Eu não era mais Eloise, a humana patética que era protegida por seu vampiro chefe. Agora sou Elowen, rainha do submundo, filha de Lúcifer e não queria ser vista assim. Nem mesmo por Damon.

Senti Damon apertar ainda mais os meus pulsos, me fazendo olhar de volta para ele, assim como ele havia planejado.

- Que porra é essa, anjo? – Ele perguntou com uma mistura de indignação e raiva.

Quase recuei, mas lago percebi que sua raiva era direcionada ao que eu disse, não a mim.

Eu não disse nada, não respondi. Ele sabia bem o que eu havia dito.

- Porra, você tem noção do que você disse? – Ele perguntou ainda indignado.

- Eu estou com medo de que eu seja rejeitada por Animy, assim como Flora me rejeitou. – Eu disse fechando meus olhos com medo da decepção que veria estampada ali.

O silencio encheu o quarto por alguns segundos, aqueles que pareceram horas.

- Você era uma humana. – Escutei Damon falar suavemente depois de alguns segundos, mas continuei de olhos fechados. – Olhe para mim. – Ele ordenou autoritário, mas a suavidade ainda estava ali em seu tom. Abri meus olhos assim como ele havia mandado. – Você era apenas uma humana, não sabia que existiam vampiros ou bruxas, não sabia o que de fato tinha ocorrido com a sua mãe, não sabia quem você era de fato.

Falando no Diabo - Elo do submundo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora