Intrigas a serem resolvidas

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- Ah. – Eu disse mostrando entendimento, meu choque não me deixara dizer muita coisa.

Syra caminhou até mim com seu sorriso ainda estampado em seu rosto, e me surpreendi quando ao chegar em minha frente ela me abraçou.

Sua pele tinha um aspecto úmido e frio, mas ainda assim era aconchegante para mim.

A conexão que existia entre nós ficou ainda mais forte, e logo meus braços estavam em sua volta também.

- Eu não duvidei de você. – Ela disse ainda em meio ao abraço.

Suas palavras não foram vazias de modo algum, eram palavras de uma pessoa que viveu anos à minha espera, ano após ano esperando o momento que eu voltaria.

Me pergunto como eu pude deixar a trindade, e pior, como pude dizer cara a cara que as deixariam.

Syra me soltou ainda com aquele sorriso, me olhou no fundo dos olhos e claramente viu a minha dor amarga ali.

- Está tudo bem? – Ela perguntou me soltando, mas sequer desviou os olhos dos meus. De repente seu semblante se fechou como nunca havia visto, me assustando de certo modo. – O que Animy fez?

Até mesmo os sinos que saiam da sua boca não eram tão doces como antes, agora lembravam sinos de igreja, que gritavam a morte de alguém da sociedade.

O tigre colorido que estava sentando aos meus pés resmungou ao sentir a ameaçada silenciosa feita para a sua "mãe".

- Não. – Eu disse rapidamente. Essa era a Syra protetora que ficou com raiva de sua irmã por minha causa. – Ela não disse nada, apenas me contou algo que me chateou muito.

Eu disse apenas para que iniciássemos o assunto que é o motivo principal de eu estar aqui atrás dela.

Syra me olhou curiosa, virando suavemente seu roso para o lado.

O tigre olhou antes eu e ela esperando a hora em que eu diria o que tanto queria.

- Você brigou com Flora por minha causa. – Eu disse observando sua reação. – Isso é verdade Syra?

Syra ficou envergonhada de primeira, mas rapidamente ela ergueu sua cabeça para mim com orgulho nos olhos. Mas não me engava, a dor se esgueirava por seu redor também.

- Eu fiz. – Ela disse destemida. – Ela disse coisa horríveis sobre você, ela sabe quão você fez por nós, e mesmo assim virou as costas para você.

De repente um lado meu que eu ainda não conhecia tomou conta de mim.

- Isso é entre eu e ela, Syra. – Escutei a minha própria voz em tom sério e de autoridade dizer. Assim como da vez que eu disse ao Zyndor neste mesmo tom. – Você e Flora são irmãs de alma, vocês não se separam. Entendeu?

Observei lentamente Syra murchar perante as minhas palavras.

O arrependimento e pena tomou conta de mim, mas não mostrei isso. Syra precisava saber que eu não estava feliz por isso. Eu sinto dor de telas com raiva de mim, mas me dói ainda mais tê-las umas contra as outras por minha maldita causa.

Com a cabeça baixa Syra assentiu. – Eu tinha esquecido o quão brava você pode ser quando se trata de nossa união.

Ela disse baixo, e tinha uma pitada de humor em seu tom.

É claro, isso não veio do nada. Esse tom bravo como de uma mãe brigando com suas crias.

A união entre a trindade é valiosa.

Não só para o meu povo e para esse submundo. Mas para elas também.

Como havia dito, cada uma precisa da outra.

Falando no Diabo - Elo do submundo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora