O copo

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Como eu odeio esse copo, você não sabe.
Ele não não me serve, mas está sempre aqui.
Igual você.
Essa coisa meio cheio, meio vazio não mata minha cede.
Eu quero quebra-lo
Destruir
Destruir
Desejo vê seus cacos pelo chão
O pouco do líquido tentando tornar o chão escorregadio
Porque é isso o que esse líquido é não é?
Uma tentativa.
Talvez ele alcance um objetivo
Talvez ele satisfaça alguém
Mas nunca que ele será um talvez "talvez". Ele é a certeza
A certeza de ser talvez
É isso o que é,  talvez.
Quer saber? Eu também não gosto desse líquido.
Quero que ele seque nesse sol escaldante
Como que uma gota de talvez satisfaça alguém?
Talvez não mata sede.
Só molha o bico.
No momento emergencial, é o que tem
Entretanto, reconheça, você sempre vai precisar de mais.
Por favor, leve esse copo com esse talvez para longe de mim.
Essa coisa meada.
Não quero metades.
Me chame de arrogante.
Não quero metades.
E se não possa ser algo inteiro
Por favor, não me sirva nada.
Deixe-me ir.
Se seu copo não pode me servir
Se sua gentileza lhe permite apenas isso, me deixe ir.
Tudo bem, fique com o copo
Com o líquido
Com os cacos do copo jogado no chão
Fique com o resto
Fique com esse líquido
Esse "talvez" escorregão.
Fique com a dúvida.
Se corte com os cacos,
E se dê sede,
Lamba o líquido.

Mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora