É doce e amargo o sabor de saber que não te terei.
Nunca acontecerá.
Serei sempre um bom momento.
Não negarei que parte de mim, a mais vaidosa, se entristece.
Mas há uma certa liberdade nisso,
Se sempre serei passagem
Apenas mais uma paisagem a sua vista
Apenas mais uma obra de arte a ser admirada em seu museu
Poderei ser quem queira
Qualquer pose farei
O que me dê na telha
Não há a esperança de você ficar
Mesmo que eu implore, fique
Posso ser patética a esse ponto
E ao amanhecer fria como gelo
E das putas, a mais falsa
Em uma tentativa frustrada de fazer você aceitar, ficar
Descobri e já desisti
Puta nunca será um adjetivo para mim
Embora, poderia ser.
E nisso eu também fui saber
Eu sempre fui de escolher.
Fugi de mim para me encaixar
Mas sou uma peça só
Singular, nunca plural.
Esse leve, pesado, doce e amargo sabor
De saber, você não vai ficar
Me fez querer aceitar,
Eu sou calmaria, eu sou caos
O certo e o errado
Eu transbordo, mas seco
Eu começo, mas esgoto.
Sou 8 ou 80, mas 50, no meio disso.
É que se você não vai ficar, eu posso ser tudo o que deveria ser
O que perco de ser na besteira de tentar te convencer a ficar.
Não somos convenções sociais
Nem brinquedos com manuais.
Eu sou esse leve, pesado, suave, doce amargor
Essa coisa estranha que ora me mata e noutra, me acorda
Eu bebo desse veneno que me oferece, mas não morrerei.
Também sou antídoto.
A doce e amarga, rejeição
Mostra que passarinho que voa, sangra.
A liberdade dói.
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Mais uma vez
Literatura FemininaSó mais uma vez são todos os dias em que... não sei! Tento encontrar o, eu sei