Mais uma vez

O nada

Sempre tentei lutar contra aquilo que foi me oferecido
Razão do meu sofrimento, insisto em sangrar sem parar.
A dor é conhecida, minha amiga.
Nunca me conformei com isso, sempre sonhei grande
Eu queria um lugar ao sol
Quem não?
Indo atrás, só recebi as feridas que tento fechar
Mas elas se abrem, multiplicam
Ardem.
Como se meu corpo estivesse em chamas
Como se eu estivesse sendo sufocada
A morte sempre me ganha
Eu morro todas as vezes possíveis na esperança de um dia ser merecedora da vida
Eu queria viver
Mas é tolice tentar, mas sobrevivo na esperança de merecer
O que eu sei que nunca haverei de ter
Isso e qualquer tipo de coisa, dessas coisas que não me pertencem
É melhor aceitar
Eu não vou dançar da chuva
Nem reclamar do sol queimando minha pele
Nem sorri com a brisa me tocando
Ou imaginar uma boa imagem de mim enquanto o vento me bate forte
Tudo o que tenho é, olhar através dessa janela
E compartilhar com as paredes brancas do quarto o meu segredo mais obscuro,
O nada.