Ela me pertence.

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Talvez você não saiba, mas Sandrinha e eu já sabemos que a vida não me pertence.
Apenas a morte.
Se a vida não me pertence, então não possa viva-la.
Dói
Então se a vida não me pertence, que aqueles que eu ao menos considero, viva.
Que vivam a vida mais linda e bem vivida
Quero que você viva, mesmo que não haja eu.
Nunca houve eu.
Hoje entre outro ele e ela, escolhi ela
Pensei comigo, que ao menos ela viva
Porque eu já estou acostumada com o sufoco
A asfixia.
Eu respiro de mudo mecânico
O organismo é assim
Não respiro porque quero, nem por desejo
Mas suspiro porque sim
Eu ainda desejo.
Mas não me pertence
Porque tudo o que gosto
Tudo o que ludibria, engana
Me encanta
Me apaixona
Me fez acreditar e querer
Tudo e tudo o que é assim Me é torto
Totalmente errado
Não me pertence
É sempre inalcançavel.
Meu sofrimento vem daí,
Tudo o que parece ser certo para mim, é errado.
Fico confusa.
Já não sei o que fazer
Para onde ir
O que seguir
Se meu peito pede e arde por aquilo
Bate, me mostrando estar vivo
Logo ele é silenciado
Forçado a parar
Se meus olhos brilham
Logo tem de parar.
Se minha mente fantasia, logo tem de se concertar
Voltar ao que é real
Porque tudo o que me faz me sentir pertencente, é a minha própria morte.
Por isso eu digo, a vida não me pertence.
Pois a cada vez que a sinto, ela precisa ser assassinada.
A morte sim, ela sempre me espera.
Ela me pertence.
E mais uma vez, por mais que tentei
Não pude escapar disso.

Mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora