Perdedora

0 0 0
                                    

Tenho a estranha sensação de que eu tenha nascido para perder. Talvez você me entenda!
Não que eu esteja sendo pessimista, ou esteja, é se eu ganho, eu perco na mesma proporção, quiçá algo maior.
Se os meus olhos brilham, sei que será por instantes.
Se a lágrima desce, constante.
É como se a vida tivesse uma regra.
Não seja feliz!
E indo em busca de algo proibido, achamos que o prazer será encontrado em algo comprado. Mas eu já entendi, não vai.
Nem no comprado, nem em muitos corpos, nem em outros corpos e nem em corpos.
Não assim, não dessa maneira.
Não estou defendendo a monogamia, longe disso.
Mas se eu pudesse ser feliz, voltaria naquele tempo, nos segundos em que sorri para você. No segundo que senti seu toque. No instante em que senti você. Nos segundos em que meus olhos brilharam e talvez você não tenha percebido, sempre fui boa em fingir.
Não por maldade, mas defesa.
Como um bicho acuado, com feridas abertas, você jamais poderia chegar perto.
E como poderia?
Eu também não cheguei perto. Estranhamente, em certo ponto, somos parecidos.
Eu poderia te entender, você poderia me entender.
A vida nos deu a chance, mas nós não.
Fomos falhos aí. Entretanto, provavelmente, não há importância isso tudo para você, como poderia?
Como eu ia dizendo...
Ganho na mesma proporção que perco, quiçá maior.
Eu sempre soube que você era passagem, mas algo em mim gritava para ser eternidade.
De uma maneira doentia, por nos estarmos doentes, eu sabia que aquele era o meu momento e tão logo, seria de outra.
É porque entendi o que você busca e o que tem medo.
Tudo bem, estamos todos assim.
Queremos afeto na mesma proporção de temer ele.
Pois na medida em que ganhamos perdemos, mas a alegria de ganhar, não se compara a dor de perder.
Pois hoje você ganha, amanhã permanece e permanecer é conviver.
Eu já aprendi, conviver é uma arte, e nem todos são artistas.
Mas nós somos.
Não assim, infelizmente, conosco não foi assim.
Conviver também pode ser uma batalha, para a exaustão, é melhor perca.
O seu afeto nunca esteve comigo, mas agradeço por ter fingido.
É que você é só mais um de um milhão deles, dessas pessoas que vem e vão.
De todas elas que um dia pensei ser companhia, mas nunca hesitao em deixar bem claro, são solidão.
É que eu fico esperando você voltar, mas não vai.
Só volta quem um dia se foi
Para ir, um dia tem de estar
Você nunca esteve aqui.
Foi apenas um delírio de uma mente conturbada.
É que vivo, sobrevivo assim, inventando histórias.
Mas é apenas sonhando que poderia um dia ser amada.
Eu te procurei, queria resolver as coisas. Não queria que você, logo você, fosse como ele.
Tudo bem, me sirva esse copo cheio de solidão, com um nome estampado nele:
Perdedora.
Mas, me faça o favor.
Por favor, não seja como eles.
Eu quero muito, mas vou me contrapor:
Não volte.

Mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora