Mais uma vez

E mais uma vez, Laura

Isso já é ridículo!
Sim, eu voltei a sonhar com você.
Uma coisa aqui e ali, nada como antes.
E sim, esses dias eu estou sentindo sua falta. Passei alguns dias sem sentir.
Inesperadamente, estou com vontade de lhe enviar uma mensagem. Um meme!
Me questiono quando isso vai passar.
Já era para ter passado.
Ontem me pediram para escrever meu nome, me apresentar.
Me deram uma folha em branco para que eu pudesse desenhar.
Ao fazer meu nome, pensei:
"Vou colorir o U de marrom", pois não gosto do U. Nem vamos debater sobre o marrom.
Mas meu nome sem U, seria Lara.
Eu não gostaria de me chamar Lara.
Eu não sou Lara.
E trocar o U pelo L ficaria, simplesmente, pavoroso.
Já me basta ser patética, ser pavorosa em nome? Não pode ser.
Então me ocorreu que esse copo meado que aceito e me ofereço
Essa casa com telhado quebrado
Vazia
E essa tempestade garoa
E a falta de abrigo
O colo que sempre me é negado
Aquele abraço nunca dado
Essa capacidade de esquecer, mas nunca de você
Essa perturbação
Maluquice
Depressão
Essa esperança
E essa morte sádica que não me leva de uma vez. Apenas me vê amedrontada de estar respirando assim, chorando ao não viver
A morte me quer, mas ela quer assim, distante
Assistindo eu me rasgar todas as vezes que tento viver
Ela não vai vir me levar
E a vida quer sempre relembrar, eu não pertenço.
Essa esperança que me corrói e mata por dentro
Minha inocência e tolice que me afundam.
E todas as vezes que sempre serão mais uma vez...
Tudo isso são U.
O U que não gosto, mas indispensável.
Ele sim pertence às poucas letras que compõe meu nome. Ele vem em terceiro.
Insubstituível
Poderoso
Imponente
Sem o U, eu seria Lara.
E mais uma vez, eu sou
Laura.